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Fiscalização é excessiva e não deixa país funcionar, diz Lula
Para o presidente, investimento em obras foi menor que o feito em órgãos fiscalizadores
Petista afirmou, sobre a provável candidatura de Dilma em 2010, que em março a ministra "se afasta
e começa a campanha"
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A ITAJAÍ (SC)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a fiscalização sobre as obras e ações
do governo no Brasil, por considerá-la excessiva, e afirmou
que "esse país foi construído
para não funcionar".
No que ele próprio classificou de "desabafo", o presidente
afirmou que "a máquina de fiscalização é muito mais eficiente que a máquina de execução":
"É só ver quanto é que ganha
um engenheiro do Dnit para fazer uma estrada e quanto é que
ganha um auditor do Tribunal
de Contas para fiscalizar a estrada que o engenheiro vai fazer", disse ele.
A remuneração inicial de um
auditor do TCU é de cerca de
R$ 12.000. O salário inicial de
um engenheiro do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) é
de R$ 4.270.
O discurso faz parte de uma
campanha do governo nos bastidores para redefinir a forma
de atuação do Tribunal de Contas da União, tido como principal agente de fiscalização do
Executivo. No ano passado, o
tribunal fez uso de 124 medidas
cautelares, por meio das quais
suspende licitações e bloqueia
repasses para obras com irregularidades graves. Por meio
delas, o órgão calcula que evitou prejuízo de R$ 1,7 bilhão.
Lula culpou "a teoria do Estado mínimo, de que era preciso privatizar tudo, de que a Petrobras e a Vale do Rio Doce
não valiam nada" pelo "desmonte" do Estado.
O presidente esteve em Itajaí
(SC) para assinar a transformação da Secretaria Especial da
Pesca em ministério e para assinar a Lei da Pesca.
Dilma
Um dia após a última sessão
de quimioterapia da ministra
da Casa Civil, Dilma Rousseff,
provável candidata do governo
à sucessão de Lula, o presidente
disse em entrevista à RBS que
ela "vai ficar extraordinária, e a
hora que tiver de anunciar [a
candidatura], estará pronta para o embate".
De acordo com o petista, "a
partir de março ela se afasta e
começa a campanha", se tiver
condições físicas e políticas. O
presidente espera uma aliança
com PMDB, PDT, PTB e PC do
B no plano nacional, apesar das
dificuldades nos Estados, e já
admite uma aliança no segundo
turno. "Temos de ter maturidade de saber como vamos nos
tratar no primeiro turno."
Como forma antecipada de
resistir à pressão dos partidos
aliados, o presidente já disse
que deve colocar os secretários-executivos no lugar dos
ministros que deixarem o cargo
para disputar as eleições no ano
que vem. "Não vou trazer uma
pessoa para chegar sem conhecer o histórico do próprio ministério. Desse jeito irei paralisar o governo por dez meses."
O presidente se eximiu ainda
de responsabilidade na derrota
da ex-presidente do Supremo
Tribunal Federal, Ellen Gracie,
a uma vaga na Organização
Mundial do Comércio. "Ninguém atribuiu a mim a derrota
de Ellen. Ela reconheceu, com
muita gentileza, que deveria ter
estudado mais", afirmou Lula.
Em entrevista à Folha em
maio, porém, a ministra disse
ter se preparado "com a seriedade necessária" para a vaga.
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