da Sucursal de Brasília

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso está cometendo crime eleitoral ao anunciar liberação de recursos orçamentários em época de eleição.
"Mais do que crime eleitoral, isso se chama mentira eleitoral", afirmou Lula, ao chegar à convenção do PSB que homologou apoio à sua candidatura ontem.
O candidato se referiu à decisão de FHC de permitir que os ministérios aumentem seus gastos no segundo semestre, período que coincide com o "aquecimento" da campanha eleitoral.
'"O presidente está tendo duas caras nesse momento. A do presidente que não fez e a do presidente que promete que vai fazer. Ele está liberando tanto dinheiro que parece que acordou com mania de presidente dos Estados Unidos. O presidente acha que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro é o americano", disse Lula.
Segundo Lula, o presidente está prometendo fazer o que não fez em três anos e meio de mandato.
Durante discurso aos convencionais, Lula repetiu: '"O que ele está fazendo agora é crime eleitoral, (prometendo o que) sabe que não vai cumprir".
O corte de gastos de 12% anunciado no primeiro semestre havia sido adotado como forma de adequar os gastos do Orçamento à arrecadação dos tributos federais.
"É de se perguntar se é verdade que há todo esse dinheiro. Onde estava esse dinheiro? Se Malan (ministro da Fazenda, Pedro Malan) estava sentado em cima dele até agora, deve estar com mofo", disse Lula.
Telebrás e desemprego
O candidato do PT disse que o partido entrará na Justiça contra a venda do sistema Telebrás. "Quando o presidente abrir o processo (de privatização), nós vamos à Justiça para discutir o sistema Telebrás, porque achamos que é uma coisa abominável vender pelo preço que estão vendendo", disse.
Segundo Lula, a pesquisa feita pelo Datafolha indicando que 51% dos paulistanos reprovam a privatização da Telebrás mostra que ele '"acertou na mosca" ao criticar a venda da estatal. '"Eu quero que alguém me explique por que o sistema valia R$ 40 bilhões quando o Serjão (Sérgio Motta, ministro das Comunicações) estava vivo e hoje só vale R$ 13 bilhões", disse.
O combate ao desemprego será uma das principais bandeiras da campanha de Lula à Presidência da República.
"Fernando Henrique Cardoso é o presidente do desemprego, porque preferiu mandar sua equipe econômica pagar juros da dívida interna a investir em política industrial", disse.

Outro lado
A assessoria da Presidência afirmou ontem que FHC não iria comentar as críticas de Lula.
O secretário-geral do PSDB, deputado Arthur Virgílio, rebateu as críticas de Lula sobre o desemprego na gestão de Fernando Henrique Cardoso.
"O Lula tem de entender que quem vai gerar empregos não é a fada madrinha, mas a vontade política", disse.



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