São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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TRANSIÇÃO NO ESCURO

Presidente cobra "caminho concreto" para propostas e diz que manteve país "em clima de razoável tranquilidade"

FHC critica candidatos "milagreiros"

Alan Marques/Folha Imagem
O presidente FHC agradece por aplausos recebidos em Guayaquil; ao lado, o presidente Eduardo Duhalde, da Argentina


WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL A GUAYAQUIL

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem em Guayaquil (Equador) onde participa do segundo encontro de presidentes da América do Sul, que na primeira oportunidade vai mostrar "quanto milagreiro há por aí", referindo-se genericamente aos candidatos ao Planalto.
"Se eu pudesse fazer os milagres que estão prometendo, teria feito. Isso não existe. Tem que haver um caminho concreto", afirmou, ao responder a uma pergunta sobre se as propostas divulgadas pelos atuais candidatos eram claras o bastante para tranquilizar o mercado financeiro.
O presidente não quis especificar quais milagres estariam sendo prometidos, dizendo que cuidaria disso quando voltasse ao Brasil.
FHC pediu clareza por parte dos candidatos na definição do que pretendem fazer com o país. "Cada eleitor precisa saber o que pensa cada candidato, o que ele vai fazer na prática", afirmou.
Segundo ele, não basta dizer que vão melhorar os programas sociais, por exemplo."Se disserem como, se esse "como" for compatível com as forças do Brasil, não há problema. Se não for compatível com as pretensões e com as possibilidades do país, fica visível que o candidato está apenas fazendo uma promessa de campanha."
"Se fizerem uma proposta que venha a ferir o que é fundamental -seja a democracia, seja o respeito aos contratos-, é claro que estarão fazendo mal ao Brasil. Se consegui mantê-lo, com todas as turbulências do mundo, que são muitas, dentro de um clima de razoável tranquilidade, é porque consegui para o país credibilidade. O que se diz se cumpre."
O presidente ressalvou que todos os candidatos disseram estar dispostos a conversar com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o que considerou positivo. Sobre a possibilidade de vir a fazer em breve novo acordo com o Fundo, afirmou que precisa ter a prudência de que os termos de eventual acordo não limitem a ação do seu sucessor.
Questionado se o encontro entre o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o candidato tucano a presidente, José Serra, era benéfico para a campanha governista, disse que se tratava de um fato positivo para o Brasil. E completou: "Se os candidatos quiserem antecipadamente conhecer mais de perto o Ministério da Fazenda, acho bom". Segundo o presidente, a conversa com Malan mostrou o propósito de Serra de "ser responsável no prosseguimento da linha de conduta que o país adotou, se vier a ser eleito".



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