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CAMPANHA
Ministro se recusa a citar nome de Serra ao declarar voto; assessor diz que Malan evitou ferir código de ética
Malan diz que vota no "candidato de FHC"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Duas horas depois de receber
para o almoço o candidato do
PSDB a presidente, José Serra, o
ministro da Fazenda, Pedro Malan, recusou-se a citar o nome do
tucano ao declarar seu voto em
outubro. "Trata-se do candidato
do presidente", disse, após muita
insistência dos repórteres.
O almoço, que recebeu o aval do
presidente Fernando Henrique
Cardoso, destinava-se a dar um
fecho de ouro a uma sequência de
eventos ocorridos durante a semana para dar um novo fôlego à
campanha de Serra e tentar tirá-lo
da terceira posição nas pesquisas.
Serra chegou ao Ministério da
Fazenda às 13h13. Saiu duas horas
depois, com discurso de candidato e elogios a Malan. Disse que iria
querer no comando da área social
do governo, que teria o mesmo
status da equipe econômica, "alguém que tenha a honestidade e a
luta que o Malan tem tido pela estabilidade econômica".
O candidato tucano já estava
voando de volta para São Paulo
quando Malan recebeu os jornalistas para uma conversa. Apesar
da insistência dos repórteres, ele
evitou citar o nome de Serra ao
declarar, indiretamente, apoio a
ele na eleição.
Para apontar indiretamente
Serra como o candidato no qual
votará, só após muita relutância e
um preâmbulo sobre as conquistas do atual governo, o ministro
disse: ""Acho que vocês sabem a
quem estou me referindo. Quem
é, a meu juízo, dentre os candidatos, aquele mais preparado pela
sua biografia, pela sua experiência
profissional, pela experiência
com o Congresso, com a sua capacidade de preservar as conquistas do governo Fernando Henrique Cardoso e de avançar mais
nesse processo. Trata-se do candidato do presidente".
Quando um repórter insistiu
em saber o nome desse candidato,
o ministro respondeu: ""Tenha a
santa paciência".
Na entrevista coletiva, no ministério, Malan citou o nome de Serra apenas para deixar claro que
partiu do presidenciável a iniciativa do encontro. ""José Serra me ligou perguntando se eu estaria
disposto a almoçar hoje. Eu disse
que sim. Nunca me furtei nem me
furtarei a conversar", disse. E afirmou que faria o mesmo caso o pedido fosse feito por outro candidato. "Se qualquer um deles fizer
o que o ex-ministro fez, vou dizer:
"Claro, com o maior prazer'".
Segundo a assessoria de Malan,
o ministro não citou o nome do
candidato por achar que, com isso, poderia ferir o código de ética
do funcionalismo público.
Abraço
Após o almoço, Serra e Malan
tomaram duas rodadas de cafezinho. Depois, o ministro acompanhou o candidato até a entrada do
ministério, onde se despediram
com um abraço, diante de fotógrafos e cinegrafistas. Serra só tomou conhecimento das declarações de Malan ao desembarcar
em São Paulo. Ficou aborrecido,
mas não quis fazer comentário.
Serra disse que fora a Malan inteirar-se a respeito do quadro econômico, "inclusive da situação internacional, que hoje é bastante
difícil, delicada, eu diria".
O tucano disse que deixava o
ministério "bastante confiante"
de que a situação econômica será
mantida sob controle.
"Graças a uma ação ponderada,
mas ao mesmo tempo determinada, tranquila, firme por parte das
autoridades econômicas. Eu creio
que as medidas que o governo está adotando e as medidas que
adotará são necessárias e suficientes para manter a segurança econômica", disse Serra.
Malan e Serra quase sempre estiveram em campos opostos ao
longo dos sete anos e meio do governo FHC. Ontem, Serra disse
que tem conversado com o ministro da Fazenda pelo telefone.
O encontro, marcado às pressas, tinha por objetivo deixar claro que o candidato que representa
a atual política econômica é Serra,
e não Ciro Gomes (PPS).
No final do dia, o site do candidato (www.joseserra.org.br) publicou uma nota com o seguinte
título: "Sem citar nome, Malan
apóia Serra".
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