São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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CAMPANHA

Ministro se recusa a citar nome de Serra ao declarar voto; assessor diz que Malan evitou ferir código de ética

Malan diz que vota no "candidato de FHC"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Duas horas depois de receber para o almoço o candidato do PSDB a presidente, José Serra, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, recusou-se a citar o nome do tucano ao declarar seu voto em outubro. "Trata-se do candidato do presidente", disse, após muita insistência dos repórteres.
O almoço, que recebeu o aval do presidente Fernando Henrique Cardoso, destinava-se a dar um fecho de ouro a uma sequência de eventos ocorridos durante a semana para dar um novo fôlego à campanha de Serra e tentar tirá-lo da terceira posição nas pesquisas.
Serra chegou ao Ministério da Fazenda às 13h13. Saiu duas horas depois, com discurso de candidato e elogios a Malan. Disse que iria querer no comando da área social do governo, que teria o mesmo status da equipe econômica, "alguém que tenha a honestidade e a luta que o Malan tem tido pela estabilidade econômica".
O candidato tucano já estava voando de volta para São Paulo quando Malan recebeu os jornalistas para uma conversa. Apesar da insistência dos repórteres, ele evitou citar o nome de Serra ao declarar, indiretamente, apoio a ele na eleição.
Para apontar indiretamente Serra como o candidato no qual votará, só após muita relutância e um preâmbulo sobre as conquistas do atual governo, o ministro disse: ""Acho que vocês sabem a quem estou me referindo. Quem é, a meu juízo, dentre os candidatos, aquele mais preparado pela sua biografia, pela sua experiência profissional, pela experiência com o Congresso, com a sua capacidade de preservar as conquistas do governo Fernando Henrique Cardoso e de avançar mais nesse processo. Trata-se do candidato do presidente".
Quando um repórter insistiu em saber o nome desse candidato, o ministro respondeu: ""Tenha a santa paciência".
Na entrevista coletiva, no ministério, Malan citou o nome de Serra apenas para deixar claro que partiu do presidenciável a iniciativa do encontro. ""José Serra me ligou perguntando se eu estaria disposto a almoçar hoje. Eu disse que sim. Nunca me furtei nem me furtarei a conversar", disse. E afirmou que faria o mesmo caso o pedido fosse feito por outro candidato. "Se qualquer um deles fizer o que o ex-ministro fez, vou dizer: "Claro, com o maior prazer'".
Segundo a assessoria de Malan, o ministro não citou o nome do candidato por achar que, com isso, poderia ferir o código de ética do funcionalismo público.

Abraço
Após o almoço, Serra e Malan tomaram duas rodadas de cafezinho. Depois, o ministro acompanhou o candidato até a entrada do ministério, onde se despediram com um abraço, diante de fotógrafos e cinegrafistas. Serra só tomou conhecimento das declarações de Malan ao desembarcar em São Paulo. Ficou aborrecido, mas não quis fazer comentário.
Serra disse que fora a Malan inteirar-se a respeito do quadro econômico, "inclusive da situação internacional, que hoje é bastante difícil, delicada, eu diria".
O tucano disse que deixava o ministério "bastante confiante" de que a situação econômica será mantida sob controle.
"Graças a uma ação ponderada, mas ao mesmo tempo determinada, tranquila, firme por parte das autoridades econômicas. Eu creio que as medidas que o governo está adotando e as medidas que adotará são necessárias e suficientes para manter a segurança econômica", disse Serra.
Malan e Serra quase sempre estiveram em campos opostos ao longo dos sete anos e meio do governo FHC. Ontem, Serra disse que tem conversado com o ministro da Fazenda pelo telefone.
O encontro, marcado às pressas, tinha por objetivo deixar claro que o candidato que representa a atual política econômica é Serra, e não Ciro Gomes (PPS).
No final do dia, o site do candidato (www.joseserra.org.br) publicou uma nota com o seguinte título: "Sem citar nome, Malan apóia Serra".



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