São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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Gros duela com Executivo por preço da gasolina

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Desde que os preços dos combustíveis foram liberados, em janeiro, o presidente da Petrobras, Francisco Gros, vem travando um duelo com o governo e, principalmente, com o candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
No princípio, tudo eram flores. A primeira reação da Petrobras à liberalização foi baixar o preço da gasolina em 25%, refletindo a nova forma de cálculo do preço, vinculada ao mercado internacional. Gros, que deixou a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para assumir a estatal na virada do ano, chegou por cima.
A situação começou a mudar em fevereiro. Seguindo a nova regra, a Petrobras anunciou, na tarde do dia 15, um aumento de 2,2% para a gasolina. À noite, o presidente Fernando Henrique Cardoso desautorizou o aumento, alegando não ter sido consultado.
Três dias depois, Gros dizia que "a política comercial da Petrobras é de responsabilidade exclusiva dela". Segundo ele, FHC não havia proibido o reajuste, apenas pedira o estudo de alternativas.
Em 2 de março, a estatal confirmou o aumento vetado. Mais: no dia 16, aumentou a gasolina em 9,39%; em 6 de abril, novo aumento, de 10,08%.
Além disso, foi criado um gatilho que permitia o reajuste quinzenal, quando os preços externos variassem mais de 5% no período.
Quem reclamou dessa vez foi Serra. Disse que o preço da gasolina teria que refletir também o custo de produção do petróleo nacional, que representa cerca de 80% do consumo.
Gros rebateu. Afirmou que o preço deve refletir o "custo de oportunidade" de investimento no setor, e que isso é determinado pelo preço internacional.
Apesar das pressões, até agora tem prevalecido o Executivo, que, ontem, não fez comentários.
O comunicado da Petrobras, divulgado à tarde, é bem sucinto: "O presidente não vai comentar boatos nem hipóteses".


Colaborou PEDRO SOARES da Sucursal do Rio



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