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Gros duela com Executivo por preço da gasolina
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Desde que os preços dos combustíveis foram liberados, em janeiro, o presidente da Petrobras,
Francisco Gros, vem travando um
duelo com o governo e, principalmente, com o candidato do PSDB
à Presidência, José Serra.
No princípio, tudo eram flores.
A primeira reação da Petrobras à
liberalização foi baixar o preço da
gasolina em 25%, refletindo a nova forma de cálculo do preço, vinculada ao mercado internacional.
Gros, que deixou a presidência do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para assumir a estatal na virada do ano, chegou por cima.
A situação começou a mudar
em fevereiro. Seguindo a nova regra, a Petrobras anunciou, na tarde do dia 15, um aumento de 2,2%
para a gasolina. À noite, o presidente Fernando Henrique Cardoso desautorizou o aumento, alegando não ter sido consultado.
Três dias depois, Gros dizia que
"a política comercial da Petrobras
é de responsabilidade exclusiva
dela". Segundo ele, FHC não havia proibido o reajuste, apenas pedira o estudo de alternativas.
Em 2 de março, a estatal confirmou o aumento vetado. Mais: no
dia 16, aumentou a gasolina em
9,39%; em 6 de abril, novo aumento, de 10,08%.
Além disso, foi criado um gatilho que permitia o reajuste quinzenal, quando os preços externos
variassem mais de 5% no período.
Quem reclamou dessa vez foi
Serra. Disse que o preço da gasolina teria que refletir também o
custo de produção do petróleo
nacional, que representa cerca de
80% do consumo.
Gros rebateu. Afirmou que o
preço deve refletir o "custo de
oportunidade" de investimento
no setor, e que isso é determinado
pelo preço internacional.
Apesar das pressões, até agora
tem prevalecido o Executivo, que,
ontem, não fez comentários.
O comunicado da Petrobras, divulgado à tarde, é bem sucinto: "O
presidente não vai comentar boatos nem hipóteses".
Colaborou PEDRO SOARES da Sucursal
do Rio
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