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DEBATE
Em debate na USP, economistas mostram várias convergências sobre situação do país
Delfim vê "otimismo demais" no PT
DA REPORTAGEM LOCAL
Em debate realizado ontem na
Universidade de São Paulo, os
deputados federais paulistas
Aloizio Mercadante (PT) e Delfim Netto (PPB) defenderam a
adoção, pelo próximo governo,
de medidas destinadas a reduzir
a vulnerabilidade externa como
primeiro passo para o Brasil voltar a crescer -principalmente o
aumento expressivo nas exportações do país.
Afinados no discurso, os dois
políticos condenaram, no evento promovido por estudantes de
economia, a decisão do governo
Fernando Henrique Cardoso de
ter mantido o câmbio sobrevalorizado até janeiro de 1999, medida responsável, segundo eles,
pelo crescimento "medíocre" na
economia brasileira.
Para Mercadante, houve "populismo cambial". Delfim disse
que "houve contrabando ideológico por parte do governo em toda essa discussão".
Ao comentar a intervenção do
petista, Delfim achou-a "muito
otimista". "Não acredito que o
Brasil vá crescer mais de 1,5% este ano", declarou. O ex-ministro
da Fazenda durante o regime
militar surpreendeu a platéia ao
fazer uma crítica veemente da liberdade total de capitais especulativos, ecoando discurso tradicional do PT.
"Quando você imagina que a
liberdade de capitais é equivalente à de bens e serviços, você
está produzindo um problema.
O papel regulador do governo é
absolutamente fundamental",
afirmou. Para reforçar sua defesa de um papel ativo dos governos eleitos, Delfim disse que "o
mercado deve ser sempre dominado pela urna".
Declaração de voto
O clima era tão amistoso que,
diante da platéia de cerca de 500
estudantes, Delfim chegou a declarar voto em Mercadante para
senador, por seu "espírito público". "Recomendo a vocês que façam o mesmo."
A única diferença perceptível
entre os dois veio na hora de comentarem a possibilidade de o
Brasil recorrer ao Fundo Monetário Internacional.
Delfim adotou discurso eximindo o Fundo de culpa no naufrágio de economias emergentes. "O Fundo não é causa dos
problemas. Seria o mesmo que
culpar o bombeiro pelo fogo."
Mercadante disse que o Fundo
foi "precário" no auxílio a economias combalidas e que recorrer à instituição não é garantia
de "salvação" para país nenhum,
dando como exemplo a Argentina. Mas previu que o Brasil fará
"sem problema" a renovação do
acordo com o órgão, que expira
no fim do ano. "Mas quem responde sobre isso até 31 de dezembro é o senhor Fernando
Henrique Cardoso, não o PT."
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