São Paulo, sábado, 27 de julho de 2002

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CAMPANHA

Presidente do PPS diz que José Carlos Martinez deve deixar campanha para evitar "contaminação" da candidatura

Freire defende afastar coordenador de Ciro

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE), disse ontem que o presidente do PTB, José Carlos Martinez, tem de deixar a coordenação da campanha do presidenciável Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB), para evitar a "contaminação da candidatura" pelas denúncias contra o petebista.
"Não vou botar ninguém para fora, porque não faço prejulgamento, mas acho que as pessoas envolvidas em denúncias que impliquem constrangimento para o projeto maior devem se afastar. Se nada for comprovado, pronto, pode voltar", afirmou Freire.
No início da década de 90, Martinez fez um empréstimo com Paulo César Farias, tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor, em 1989. O empréstimo não foi totalmente pago e não consta do inventário de PC, morto em junho de 1996.
Há pelo menos 15 dias, Ciro vem sendo questionado sobre o envolvimento de Martinez com PC Farias -acusado de comandar esquema de corrupção no governo Collor (1990-1992).
Ontem, o "Jornal Nacional", da TV Globo, informou que a dívida com a família de PC também não consta das declarações de renda apresentadas ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná por Martinez em 1998, quando ele era candidato a deputado federal.
"Foi uma operação privada, não tem nada a ver com Ciro, mas está trazendo constrangimento para a candidatura", argumentou Freire. Ele disse que conversou com Ciro no início da semana sobre a situação de Martinez e defendeu o afastamento do petebista da coordenação da campanha até que a denúncia seja esclarecida.
O presidenciável, segundo Freire, afirmou que será solidário com Martinez e que qualquer decisão caberá ao coordenador de sua campanha. "A forma de ele [Martinez" ser solidário com o Ciro é se afastar", afirmou Freire.

CPI
O presidente do PPS disse que sua posição não é nova. Ele disse que, quando foi líder do governo Itamar Franco, defendeu o afastamento de ministros denunciados na CPI que apurava corrupção na Comissão de Orçamento. O então ministro Henrique Hargreaves (Casa Civil) deixou o cargo, foi investigado pela CPI e, depois de inocentado, voltou para o governo. "A atitude de Hargreaves até hoje é citada como exemplo de procedimento correto", afirmou.
Desde que os três partidos se uniram em torno da candidatura Ciro Gomes, Freire tem sido voz destoante da cúpula da Frente Trabalhista. Em março, quando Roseana Sarney (PFL-MA) desistiu de concorrer à Presidência, Freire se posicionou contra a formalização de aliança com o PFL.
Freire também não interveio no PPS do Rio Grande do Sul para impedir a candidatura de Antônio Britto ao governo do Estado, como exigia Brizola. A crise no Rio Grande do Sul por pouco não inviabilizou a Frente Trabalhista.
Ontem, ao chegar a Foz do Iguaçu, Ciro disse desconhecer as informações publicadas na Folha de que o empréstimo de PC a Martinez não constavam do inventário de Paulo César Farias. Sobre a sugestão feita por Freire para que Martinez se afastasse da campanha, Ciro sugeriu à reportagem que perguntasse a ele o motivo dessa sugestão.
A reportagem tentou falar com Martinez, que estava na comitiva do Ciro em Foz do Iguaçu, mas ele disse publicamente que não fala com jornalistas da Folha.


Colaborou GABRIELA ATHIAS, enviada especial a Foz do Iguaçu (PR)



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