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CAMPANHA
Presidente do PPS diz que José Carlos Martinez deve deixar campanha para evitar "contaminação" da candidatura
Freire defende afastar coordenador de Ciro
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional do PPS,
senador Roberto Freire (PE), disse ontem que o presidente do
PTB, José Carlos Martinez, tem de
deixar a coordenação da campanha do presidenciável Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS,
PDT e PTB), para evitar a "contaminação da candidatura" pelas
denúncias contra o petebista.
"Não vou botar ninguém para
fora, porque não faço prejulgamento, mas acho que as pessoas
envolvidas em denúncias que impliquem constrangimento para o
projeto maior devem se afastar. Se
nada for comprovado, pronto,
pode voltar", afirmou Freire.
No início da década de 90, Martinez fez um empréstimo com
Paulo César Farias, tesoureiro da
campanha do ex-presidente Fernando Collor, em 1989. O empréstimo não foi totalmente pago e
não consta do inventário de PC,
morto em junho de 1996.
Há pelo menos 15 dias, Ciro
vem sendo questionado sobre o
envolvimento de Martinez com
PC Farias -acusado de comandar esquema de corrupção no governo Collor (1990-1992).
Ontem, o "Jornal Nacional", da
TV Globo, informou que a dívida
com a família de PC também não
consta das declarações de renda
apresentadas ao TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) do Paraná por
Martinez em 1998, quando ele era
candidato a deputado federal.
"Foi uma operação privada, não
tem nada a ver com Ciro, mas está
trazendo constrangimento para a
candidatura", argumentou Freire.
Ele disse que conversou com Ciro
no início da semana sobre a situação de Martinez e defendeu o
afastamento do petebista da coordenação da campanha até que a
denúncia seja esclarecida.
O presidenciável, segundo Freire, afirmou que será solidário
com Martinez e que qualquer decisão caberá ao coordenador de
sua campanha. "A forma de ele
[Martinez" ser solidário com o Ciro é se afastar", afirmou Freire.
CPI
O presidente do PPS disse que
sua posição não é nova. Ele disse
que, quando foi líder do governo
Itamar Franco, defendeu o afastamento de ministros denunciados
na CPI que apurava corrupção na
Comissão de Orçamento. O então
ministro Henrique Hargreaves
(Casa Civil) deixou o cargo, foi investigado pela CPI e, depois de
inocentado, voltou para o governo. "A atitude de Hargreaves até
hoje é citada como exemplo de
procedimento correto", afirmou.
Desde que os três partidos se
uniram em torno da candidatura
Ciro Gomes, Freire tem sido voz
destoante da cúpula da Frente
Trabalhista. Em março, quando
Roseana Sarney (PFL-MA) desistiu de concorrer à Presidência,
Freire se posicionou contra a formalização de aliança com o PFL.
Freire também não interveio no
PPS do Rio Grande do Sul para
impedir a candidatura de Antônio Britto ao governo do Estado,
como exigia Brizola. A crise no
Rio Grande do Sul por pouco não
inviabilizou a Frente Trabalhista.
Ontem, ao chegar a Foz do Iguaçu, Ciro disse desconhecer as informações publicadas na Folha
de que o empréstimo de PC a
Martinez não constavam do inventário de Paulo César Farias.
Sobre a sugestão feita por Freire
para que Martinez se afastasse da
campanha, Ciro sugeriu à reportagem que perguntasse a ele o
motivo dessa sugestão.
A reportagem tentou falar com
Martinez, que estava na comitiva
do Ciro em Foz do Iguaçu, mas ele
disse publicamente que não fala
com jornalistas da Folha.
Colaborou GABRIELA ATHIAS, enviada
especial a Foz do Iguaçu (PR)
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