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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003

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Toritama oferece emprego informal

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TORITAMA (PE)

As casas fechadas e o silêncio nas ruas durante o dia mostram que Toritama é uma cidade diferente no agreste pernambucano, região marcada pela seca e pela fome. Ali, janelas fechadas e ruas desertas não são sinônimos de migração. Significam que os moradores estão trabalhando.
Com 21.800 habitantes, Toritama tornou-se um dos maiores pólos de confecção de jeans do Brasil. O município, localizado a 160 km de Recife, produz 60 milhões de peças por ano, o equivalente a 14% da produção nacional, informa o gerente-executivo do projeto de desenvolvimento do pólo de confecções do agreste pernambucano, Mário César Lins, 46.
Segundo ele, há na cidade 2.196 indústrias, quase todas dedicadas à produção de jeans. Desse total, cerca de 2.000 trabalham na informalidade, sendo 89% delas administradas por gestão familiar.
Livres do labirinto burocrático e fiscal, as fábricas, segundo Lins, empregam 20 mil pessoas -92% da população do município.
A "febre do jeans" atingiu até mesmo a zona rural, outro pólo do trabalho informal. Dos 21.800 habitantes do município, restaram apenas 1.673 pessoas no campo. E, mesmo entre os que ficaram, muitos trocaram a enxada pela máquina de costura.
É o caso de Diniz Pereira da Silva, 50. O ex-lavrador trabalha há um ano e meio em uma indústria. Recebe R$ 400 por mês, o dobro do que ganhava nas fazendas. Sua filha Maria de Fátima, 22, é dona, com o marido, Pedro Agostinho Neto, 23, de uma pequena fábrica montada em um dos cômodos de sua casa, no sítio São João.
Devido à informalidade, a arrecadação do ISS (Imposto sobre Serviços) no município representa apenas 10% do potencial.
O faturamento estimado das indústrias têxteis é de R$ 453 milhões por ano, valor quase 95 vezes maior do que a receita total do município no mesmo período.
Com isso, a prefeitura, administrada pelo PFL, enfrenta dificuldades para manter sua infra-estrutura. Em cinco anos, por exemplo, o lixo recolhido em Toritama passou de 10 para 50 toneladas por dia. Parte dos servidores ainda recebe R$ 126 por mês.


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