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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003

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"Só quem quer fica sem emprego em Chapadão"

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CHAPADÃO DO SUL

O que mais chama a atenção de um visitante na cidade de Chapadão do Sul (331 km de Campo Grande) são as construções de casas e a oferta de trabalho para os pedreiros. Eles chegam a ganhar entre R$ 800 e R$ 1.000 por mês. No Estado, a média salarial desses profissionais é de R$ 425.
Há construções sendo feitas também no pólo industrial da cidade, de 16 mil habitantes. O empresário Elton Luiz Parzianello, 38, constrói o escritório para a indústria de beneficiamento de grãos em funcionamento nos fundos do terreno.
Parzianello, que nos últimos dois meses enviou a São Paulo 600 toneladas de sementes de girassol para alimentação de passarinhos, contratou o pedreiro Eliezer Oliveira de Souza, 26.
"Eu vim para cá pela quantidade de serviço. Aqui só fica desempregado quem quer", afirmou Souza, que morava em outra cidade distante cem quilômetros.
Sem emprego nas fazendas onde por 15 anos lidava com gado, Aguimar Pereira da Silva, 47, montou uma espécie de construtora informal.
Silva relata que, primeiro, compra um terreno a R$ 7.000, emprega cinco pedreiros, constrói uma casa e depois vende o imóvel quase pronto a R$ 25 mil. Ele diz ter feito seis empreendimentos desse tipo em um ano e meio.
A população da cidade cresce 10% ao ano, segundo o prefeito João Carlos Krug (PSDB), 42. São pessoas em busca de emprego e novas oportunidades, diz.
"Sou de Martinópolis [SP]. Nós viemos para cá montar uma empresa em razão da agricultura. Onde tem agricultura tem trabalho", disse o empresário Paulo Sérgio Bittencourt, 31, dono da Concresul, que fabrica concreto e argamassa. Há um ano e meio, Bittencourt montou a empresa no pólo industrial da cidade. Recebeu o terreno de graça da prefeitura. Ele emprega 12 pessoas.
Antes de chegar à cidade, a monocultura da soja tinha cedido espaço para as lavouras de algodão, milho, sorgo, girassol e, mais recentemente, amendoim.
O cultivo do algodão ocupa 12 mil hectares no município, requer alta tecnologia tanto no plantio como na colheita e emprega 3.600 pessoas, considerando a estimativa do gerente de produção Alfredo Aparecido dos Santos, 31.
Com a rentabilidade na produção de algodão (R$ 3.300 de ganho por hectare), o comércio da cidade passou a vender mais para agricultores e empregados. Só no setor de materiais de construção, existem dez lojas na cidade.
A maioria das pessoas ouvidas pela Agência Folha reclamou do alto custo de vida na cidade, principalmente do aluguel, que consome mais de 30% dos salários.


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