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ORÇAMENTO
Aumento de arrecadação leva a liberação, que priorizará projetos da Defesa
Governo diminui aperto e libera R$ 1,1 bi a ministérios
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em decorrência do aumento da
arrecadação de impostos, o governo atenuou o aperto nos gastos públicos e autorizou ontem
parte dos ministérios a gastar R$
1,1 bilhão a mais até o final do ano.
A prioridade indicada pelo Ministério do Planejamento é o aumento do número de soldados e a
abertura de vagas em cursos profissionalizantes para jovens carentes, ambos projetos do Ministério da Defesa.
O volume de dinheiro liberado é
inferior à revisão de gastos com
salários dos funcionários públicos
e militares. Os gastos com pessoal
aumentaram R$ 1,4 bilhão em relação à previsão feita em junho ou
R$ 3,2 bilhões em comparação à
lei orçamentária. A diferença é
atribuída ao reajuste dos salários
dos funcionários civis e militares e
aos acordos selados com categorias que fizeram greves.
Os números fazem parte do relatório de avaliação bimestral do
Orçamento que o governo encaminha ao Congresso a cada dois
meses. A expectativa de arrecadação de tributos em 2004 cresceu
de R$ 409,6 bilhões para R$ 414,3
bilhões no último bimestre.
Esse é o terceiro desbloqueio de
verbas públicas (descontingenciamento) do ano e, somado às liberações de março e junho, reduz
à metade o corte de gastos de investimento e custeio da máquina
pública fixado em fevereiro por
decreto do presidente Lula. Na
ocasião, as despesas não-obrigatórias da Esplanada tiveram corte
de R$ 6 bilhões -10% do total.
A liberação de gastos do terceiro
bimestre do ano vai beneficiar sobretudo as pastas da Defesa,
Transportes e Desenvolvimento
Agrário. Dos três ministérios, somente o dos Transportes estava
entre as maiores vítimas do corte
de gastos de fevereiro. Até o início
do mês, o ministro Alfredo Nascimento já havia comprometido
mais de 76% (R$ 1,3 bilhão) do dinheiro disponível para investimentos. A pasta levou R$ 179,8
milhões a mais.
Segundo nota do Ministério do
Planejamento, o projeto Soldado
Cidadão, a manutenção e a conservação de rodovias federais e a
compra de terras para assentamentos foram contemplados com
o maior volume de dinheiro extra.
De acordo com o Ministério da
Defesa, R$ 13,3 milhões dos R$
188,3 milhões liberados para a
pasta irão para o Soldado Cidadão, projeto que pretende oferecer neste ano 100 mil vagas em
cursos profissionalizantes a jovens carentes. A maior parte do
dinheiro liberado para a Defesa
ampliará em 30 mil o número de
recrutas. Uma fatia da verba extra
reforçará o projeto Calha Norte,
de defesa da Amazônia.
O Desenvolvimento Agrário é o
terceiro na lista dos que mais receberam dinheiro extra na revisão
do Orçamento: R$ 160 milhões,
mais do que foi investido pela
pasta nos seis primeiros meses do
ano. Até junho, 22 mil famílias haviam sido assentadas, ou menos
de 20% da meta de assentar 115
mil famílias em 2004.
Os R$ 160 milhões liberados ontem são a primeira parcela da suplementação de R$ 1,7 bilhão que
Lula prometeu para a aplicação
da reforma agrária neste ano.
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