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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS
Parlamentares acham que documentos referentes a retiradas de R$ 11,8 milhões podem ter sido adulterados pelo Banco Rural
CPI suspeita de saques sem identificação
MARTA SALOMON
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Correios detectou pelo menos R$ 11,8 milhões de saques sem identificação nas contas
das empresas do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes
de Souza no Banco Rural.
Parlamentares levantaram a hipótese de ter ocorrido uma filtragem nos documentos enviados à
comissão e devem discutir hoje a
possibilidade de uma operação de
busca e apreensão no banco, sediado em Belo Horizonte (MG).
Também deverá ser discutida
hoje a hipótese de pedir a prisão
preventiva de Marcos Valério, sob
acusação de supostamente destruir documentos fiscais para prejudicar as investigações.
O valor de R$ 11,8 milhões corresponde a uma amostra de 50
operações cujo destino ainda não
foi esclarecido. Parlamentares de
oposição e de governo concordaram que há indícios de que documentos foram manipulados de
forma a não identificar os beneficiários das operações.
Segundo integrantes da comissão que analisaram os documentos, há sinais de que grampos foram retirados da ponta superior
esquerda dos papéis, o que indicaria a retirada de outros papéis
que poderiam mostrar o destino
do dinheiro.
"Está absolutamente claro que
houve adulterações nos documentos", disse o deputado federal
Jorge Bittar (PT-RJ). "Há sinais de
que vários documentos foram
despregados. Tiraram antes de
mandar para cá", afirmou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). O senador afirmou que cada operação
deveria ser acompanhada do
"fac-símile do cheque e do documento de identidade do sacador".
O Banco Rural informou, em
repetidas vezes na semana passada, que atendeu a todos os requerimentos feitos pela CPI e não escondeu ou omitiu nenhum papel.
Segundo a assessoria do banco,
pode estar havendo uma interpretação equivocada da documentação bancária.
Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPI, também negou
ontem que haja adulteração e
omissões nas informações de
transferências bancárias do Banco Rural para ocultar nomes.
Créditos
A CPI revelou ontem a primeira
parcial de depósitos realizados
pelas empresas de telefonia Telemig Celular, Amazônia Celular e
Brasil Telecom, controladas pelo
banqueiro Daniel Dantas, na conta da DNA Propaganda no Banco
do Brasil. Entre 2003 e 2005, as
três empresas depositaram R$
61,9 milhões na conta da DNA.
A segunda maior depositante
na conta da DNA é a Companhia
Brasileira de Meios de Pagamento, cuja marca registrada é a Visanet, empresa de cartão de crédito
criada em 1995 a partir da associação entre o Banco do Brasil, Bradesco e Banco Real. A companhia
depositou R$ 44 milhões.
Outra empresa, a Fiat Automóveis, depositou ao menos R$ 4,6
milhões na conta da DNA. O Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) considera essas operações como "atípicas".
A assessoria de comunicação da
Telemig Celular e Amazônia Celular informou ontem que todos
os depósitos na DNA são referentes a gastos com publicidade. As
empresas são clientes de Valério.
A Construtora Norberto Odebrecht aparece nos registros com
pelo menos R$ 400 mil. Já a Olgivy
tem um depósito nas contas da
DNA de R$ 51,591 mil.
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