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Empresa indicada pela CPI dos Correios como beneficiada com dinheiro de Valério fica em terreno baldio de Santana do Parnaiba
Sacadora fica em terreno baldio
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Registrado na Receita Federal
como o endereço da Guaranhuns
Empreendimentos, Intermediações e Participações, o número 38
da rua Nelson Piccinini Miguel,
em Santana do Parnaíba (São
Paulo), é um terreno baldio, usado por crianças como campo de
futebol. Erguidas, somente as
duas estacas de madeira que improvisam as traves.
É lá que, oficialmente, funciona
a empresa, beneficiada com mais
de R$ 6 milhões saídos das contas
do publicitário Marcos Valério
Fernandes de Souza em 2003.
Segundo recentes revelações à
CPI dos Correios, a empresa fez
saques vultosos no Banco Rural.
Mas, no suburbano bairro de Jardim Frediane, ninguém conhece
seu nome. "Na semana passada,
um homem esteve aqui atrás dessa Guaranhuns. Veio sozinho.
Mas essa empresa não existe", estranhou Edson Giglio, 46 anos, oito deles na Nelson Piccinini.
Ele lembra ainda que há cerca
de três meses um motoboy perguntou pela empresa, à qual deveria entregar envelopes.
Morador da casa de número 55,
Giglio, teoricamente, teria vista
para a Guaranhuns. Mas não há
construção no lado par da rua,
que encerra uma ladeira ainda em
chão de cascalho. Sem infra-estrutura, a continuação da rua é
uma trilha de terra.
Na rua existem apenas cinco casas, além do campo cercado por
mato e barranco. Giglio também
diz desconhecer José Carlos Batista, apontado por integrantes da
CPI como um dos responsáveis
pela empresa. "Um vizinho se
chama José Carlos. Mas é motorista de ônibus."
Segundo parlamentares que tiveram acesso aos documentos da
Guaranhuns, José Carlos Batista
era o responsável pela empresa.
O endereço residencial declarado nos documentos é um apartamento num prédio do bairro Santa Terezinha, em Santo André
(Grande São Paulo).
No edifício, até a mulher, Maria
Tereza, diz ignorar seu destino.
"Somos divorciados. Ele deve estar viajando", disse ela, sem mostrar estranheza ao ser informada
sobre os saques da empresa pela
qual Batista seria responsável.
"Não vou declarar nada sobre o
assunto", repetiu.
Maria Tereza insistiu que não
vive mais com Batista, contrariando registros oficiais, anotações do
condomínio, a versão de vizinhos
e a do próprio porteiro.
O edifício fica cercado de casas
de famílias cuja renda é incompatível com a de um empresário que
movimente R$ 6 milhões. Os vizinhos afirmam que a família tem
dois carros: um Gol e um Fiat.
Após ser abordada pela Folha,
Maria Tereza pediu que informassem, na portaria, que acabara
de viajar.
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