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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS PROVAS
Recursos podem ter chegado a R$ 1,6 milhão; agência não cita valores nem nomes
Campanha tucana de 98 já recebia recursos via SMPB
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A SMPB, agência do publicitário
Marcos Valério Fernandes de
Souza, transferiu pelo menos R$
1,9 milhão para campanhas de
mais de 80 políticos mineiros em
1998, a maioria ligada à candidatura do então candidato a governador do PSDB, Eduardo Azeredo. Documentos obtidos pela Folha demonstram que os depósitos
saíram de contas da SMPB no
Banco Rural e no BCN, incorporado, anos depois, pelo Bradesco.
Dos R$ 1,8 milhão, R$ 1,1 milhão
foram DOCs (Documentos de Ordem de Crédito) do BCN para
contas correntes de diversos candidatos. As transferências ocorreram em 22 de outubro de 1998. Os
R$ 800 mil restantes saíram do
Banco Rural em 28 de setembro
de 1998. Uma carta da SMPB datada de 1º de outubro daquele ano
autorizou a transferência de R$ 95
mil da conta corrente da empresa
para cinco contas de políticos em
diversos bancos. São dois pagamentos de R$ 30 mil, dois de R$ 10
mil, e um de R$ 15 mil.
Entre os candidatos beneficiados pelos depósitos da empresa
de Marcos Valério está o deputado federal Custódio de Mattos
(PSDB-MG). Ele recebeu R$ 20
mil, em outubro. Outro que também foi agraciado com recursos
da SMPB para sua campanha foi o
deputado Eduardo Barbosa. Ele
foi destinatário de um depósito de
R$ 10 mil na conta corrente de sua
irmã, Elma Barbosa de Araújo.
Outros ex-deputados, que hoje
ocupam cargos na administração
do governador Aécio Neves
(PSDB), também foram contemplados, entre eles Amilcar Martins, presidente da Fundação João
Pinheiro, que recebeu R$ 6 mil
para sua candidatura a deputado
estadual. Ele não foi localizado
pela Folha para falar sobre o assunto. Outros ex-parlamentares
da Assembléia Legislativa de Minas também se beneficiaram.
Os dois parlamentares confirmaram o recebimento das doações por intermédio de caixa 2 e
disseram que os recursos vieram
por meio da campanha de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo
de Minas Gerais.
"Eu acertei com a coordenação
um valor e chegaram os R$ 25 mil,
muito inferior ao orçamento que
havia mandado", disse Custódio
de Mattos, esclarecendo que o dinheiro foi para sua conta pessoal
"porque era uma relação de confiança" com a coordenação.
Ele disse que, na coordenação,
falava com Clésio Andrade (PL),
então candidato a vice-governador de Azeredo e atual vice-governador de Aécio Neves (PSDB).
De acordo com a edição do jornal "O Globo" de ontem, Marcos
Valério adotou, em 1998, com o
PSDB e o PFL, um esquema semelhante ao desenvolvido com o PT
a partir de 2003 -empréstimos
em bancos e repasses do dinheiro
para políticos. A DNA, em 1998,
contraiu um empréstimo de R$
11,7 milhões no Banco Rural, cujo
saldo foi liquidado em abril de
2003, por acordo entre as partes.
Sem registro
A SMPB Comunicação informou ontem, por meio da sua assessoria, que fez doação em dinheiro para políticos na eleição de
1998, mas que não há registros
dos beneficiários porque elas foram feitas "por fora". A agência
diz apenas que o responsável era
Marcos Valério de Souza.
Em uma ação por improbidade
administrativa proposta pelo Ministério Público Estadual, que tramita no STF (Supremo Tribunal
Federal), os promotores de Justiça de Minas e o então procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, levantam a suspeita de que
um repasse de R$ 3 milhões feitos
pela gestão Azeredo para a SMPB
pode ter sido usado na campanha.
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