São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Passando da hora

Veio a mulher de Marcos Valério e não envolveu Lula, afinal, mas acertou José Dirceu em cheio. Da escalada do "Jornal Nacional":
- Renilda afirma que ex-ministro sabia dos empréstimos ao PT. Conta que ele participou de reuniões com bancos que emprestaram o dinheiro.
Mal começou a sessão na CPI, de manhã nos canais de notícias, e ela já estava entregando o petista, no dizer da Globo, "várias vezes". Dela mesma:
- Houve uma reunião da direção do Banco Rural, eu não sei precisar data, acho que no ano passado, com o então ministro para acertar sobre o pagamento do empréstimo.
Ato contínuo, a nova direção do PT, Tarso Genro e Ricardo Berzoini à frente, surgiu nas rádios e sites cobrando "explicações" de Dirceu.
Não só dele. Em destaque na Folha Online, petistas diziam que "já está passando da hora" das explicações dele e de colegas como José Mentor.
E tem mais. Genro pediu apoio do Ministério Público à "nova direção" nas investigações internas e comentou, sobre a notícia de que o PSDB usou o mesmo esquema:
- Ter outros partidos envolvidos não muda em nada a nossa responsabilidade.

 

A tempo de pegar os telejornais, Dirceu enfim apareceu com uma nota. Na escalada do "Jornal da Record":
- Mulher de Valério afirma que Dirceu sabia dos empréstimos. O ex-ministro nega.
 

Enquanto a nova direção do PT tirava proveito do depoimento, o "mercado" se deliciava ao longo do dia com enunciados como "Renilda diz que Valério nunca se encontrou com Lula", nos canais de notícias.
E com a ausência do nome de Antonio Palocci.
A Bovespa, segundo o Valor On Line, "começou operações em baixa", mas minutos após as 10h já estava "em estabilidade". Às 12h a Folha Online noticiou que a Bolsa "tenta recuperação e sobe". Mais tarde, a Globo Online entrou com a submanchete "Mercado se acalma".
E por fim o site do "Wall Street Journal" trouxe o título "Brasil se recupera com depoimento" -que não confirmou as reportagens de que Valério "poderia ter provas ligando o presidente Lula ao esquema".

QUIXOTE
BBC/Reprodução

Eduardo Suplicy estava em toda parte. Com "band-aid" na CPI, em entrevista na rádio Band, na Globo Online. Até na BBC: defendeu Lula solitariamente, em longa reportagem que apelou a Bruno e Marrone e à "Aquarela do Brasil" para retratar o "desencanto"

A NOVA DIMENSÃO
O comentarista Franklin Martins abriu a manhã falando de Renilda de Souza, "mas o assunto do dia são as denúncias que envolvem o PSDB".
Ao longo do depoimento, não faltaram petistas como Jorge Bittar e tucanos como Sérgio Guerra para tratar, cada um à sua maneira, das novas denúncias -e para pedir a mulher de Marcos Valério que comentasse, o que ela evitou o quanto pôde. Mas Renilda envolveu os tucanos por conta própria, dizendo que o marido "fez campanhas para outros", inclusive:
- Se não me engano, para o Aécio, há mais tempo.
 

O novo velho escândalo, manchete de "O Globo" com vasta repercussão na Globo, desde o "Bom Dia Brasil", avançou com vida própria por telejornais, rádios, sites. Na escalada do "Jornal Nacional":
- Denúncias envolvem PSDB de Minas no esquema de financiamento de campanhas via Valério. Dirigentes do partido defendem investigação.
Mais especificamente, dirigentes paulistas. Ao longo do dia, dois presidenciáveis, FHC e Geraldo Alckmin, ocuparam os sites para defender investigação do PSDB mineiro. De Alckmin, dizendo não "compartilhar da tese de que o governo tenta desviar o foco":
- Nenhum governo está imune a você amanhã cometer um erro. A gravidade é que parece não ser questão pontual, ela é sistemática. Isso aí não é coisa ocasional. Você vê a dimensão que está tomando.
FHC foi mais contido:
- Temos que investigar tudo, mas sem perder o foco de que a crise é hoje. O que aconteceu no passado, no meu governo, é coisa da história.
 

Enquanto o presidente nacional, Eduardo Azeredo, se defendia no "JN", o presidente do PSDB mineiro, Nárcio Rodrigues, jogava pesado na CBN:
- Em relação a qualquer irregularidade que tenha sido cometida, nós não vamos ficar aqui defendendo erros. Eu sou companheiro do senador Azeredo, mas não sou companheiro de eventuais erros que ele cometa. Ele tem que responder por eles.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br

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