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Escândalo vira munição em guerra eleitoral
Alckmin e Heloísa culpam Executivo por sanguessugas, enquanto CGU divulga prefeituras de PSDB e PFL suspeitas de envolvimento
Cidades governadas por tucanos e pefelistas tiveram
235 convênios com indícios
de fraudes com a Planam, acusada de chefiar esquema
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O escândalo dos sanguessugas virou ontem munição da
guerra eleitoral. Enquanto Geraldo Alckmin (PSDB) e Heloísa Helena (PSOL) disseram que
a origem do escândalo está no
governo, a CGU (Controladoria
Geral da União) divulgou ontem dados mostrando que prefeituras tucanas e pefelistas
formalizaram a maioria dos
convênios com suspeitas de irregularidades com a Planam
entre 2000 e 2004.
O dado foi divulgado em entrevista convocada pelos ministros Márcio Thomaz Bastos
(Justiça) e Jorge Hage (CGU),
na qual procuraram destacar
que o escândalo foi descoberto
e investigado por órgãos do
atual governo, como a própria
CGU e a Polícia Federal.
Segundo o levantamento da
CGU, de um total de 3.048 convênios firmados por municípios com o Ministério da Saúde
para compra de ambulâncias,
entre 2000 e 2004, a Planam
ganhou licitações em 891.
Desses 891 convênios, num
total de R$ 79 milhões, todos
com "fortíssimos indícios de
fraude", segundo a CGU, 128 foram realizados por prefeituras
do PSDB. As pefelistas vêm em
seguida, com 107 convênios.
Em terceiro lugar estão as
prefeituras peemedebistas,
com 106. As petistas aparecem
em nono lugar, com 19 convênios com a participação da Planam, apontada como a empresa
líder do esquema de venda superfaturada de ambulâncias.
Os números foram divulgados pelo governo à tarde, depois que Alckmin e Heloísa Helena usaram o escândalo para
atacar o governo. O tucano disse que a "matriz" dos sanguessugas é o Executivo. "Os deputados são as filiais, mas a matriz
é o governo federal. É de lá que
sai o dinheiro, é do ministério."
Ao ser questionado sobre a
possibilidade de inclusão do
nome do ex-prefeito de São
Paulo José Serra no caso, já que
ele foi ministro da Saúde na
gestão FHC, Alckmin diminuiu
o tom. "Não vi detalhes, de que
forma apareceu [o nome de
Serra], tem que ter cuidado
com essas coisas. Mas investigar, esclarecer, é bom para todo
mundo", afirmou.
Heloísa Helena, candidata à
Presidência pelo PSOL, também atacou o governo Lula,
mas não poupou os tucanos.
"Se o esquema acontecia no governo passado e agora no governo Lula continuou acontecendo, com requinte de vigarice política inaceitável, precisamos dizer ao povo brasileiro
para poder desmontá-lo", disse
a senadora, que integra a CPI
dos Sanguessugas.
Para evitar a repetição dos
desvios, a senadora defendeu a
adoção do Orçamento participativo e impositivo.
Durante a entrevista convocada pelo governo, da qual também participou o diretor-geral
da Polícia Federal, Paulo Lacerda, o ministro Jorge Hage
criticou a oposição pelo que
considera "vazamento seletivo" de informações com o objetivo de atingir o Executivo.
"Por que o governo que estourou e investigou o esquema
tem de ser posto na condição de
réu? Nós entendemos que é um
dever de transparência", disse,
ao ser questionado se a divulgação dos dados também não tinha o objetivo de atacar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Não se trata de jogar os sanguessugas no colo do governo
passado, mas de repelir o escamoteamento da verdade. A fonte da CGU não é A ou B nem
quem está interessado em delação premiada. São dados objetivos. Desafio a qualquer um refutá-los", afirmou.
No Congresso, PFL e PSDB
criticaram a divulgação do levantamento da CGU, que aponta prefeituras tucanas e pefelistas como as que realizaram a
maior parte de convênios tidos
como suspeitos com a Planam.
"O problema é que eles querem jogar sobre o Congresso
um problema que é do governo
do PT. Até agora, só foram citados o Humberto Costa e o Saraiva Felipe, [ex]ministros [da
Saúde] do Lula, então não me
venham com essa atitude escapista", afirmou o líder do PFL
no Senado, José Agripino (RN).
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), também criticou o
ministro Jorge Hage. "Ele não
tem boa-fé para números, não
tem boa-fé para política, é um
taifeiro [serviçal em embarcações] do governo, faz o que o
chefe manda, que é jogar para
debaixo do tapete as roubalheiras que o governo faz."
Apesar da divulgação dos dados, tanto Jorge Hage quanto
Márcio Thomaz Bastos ressaltaram que as informações levantadas até agora não permitem que os investigados sejam
declarados culpados. "Essa é
uma função da Justiça", disse o
ministro da CGU.
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