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Cassações só devem ser julgadas em 2007
Dificilmente o Congresso votará ainda nesta legislatura os possíveis pedidos de perda de mandato de parlamentares
Para o corpo técnico da Câmara, processos devem ser retomados do ponto
em que foram suspensos
em casos de reeleição
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo que a CPI dos Sanguessugas cumpra a promessa
de apresentar o primeiro relatório no dia 9, dificilmente os
deputados e os senadores acusados de envolvimento no esquema de compra superfaturada de ambulâncias terão os seus
processos de cassação do mandato julgados pelo Congresso
ainda nesta legislatura, que termina em 31 de janeiro.
Caso os parlamentares sejam
reeleitos, o entendimento do
corpo técnico da Câmara, entretanto, é que os processos devem ser retomados do ponto
em que foram interrompidos.
Há o precedente do ex-deputado Pinheiro Landim (CE),
que renunciou ao mandato para escapar ao processo de cassação, em 2002. Reeleito naquele mesmo ano, ele teve o
processo retomado no início de
2003, assim que retomou o novo mandato. Landim acabou
renunciando novamente.
Uma sinalização de que a definição dos processos só ocorrerá em 2007 se dá quando é levado em conta o exemplo do escândalo do mensalão. Os processos no Conselho de Ética
contra os 19 deputados acusados tiveram início em agosto de
2005. O penúltimo deles só foi
julgado pelo plenário da Câmara (última etapa de tramitação)
em maio, nove meses depois.
O caso de José Janene (PP-PR) ainda está tramitando. Dos
19 acusados, quatro renunciaram e três foram cassados.
Eleições
Outro obstáculo é o esvaziamento do Congresso até as eleições, em outubro. O ritmo normal só será retomado em novembro, mas os trabalhos seguem apenas até o final de dezembro, período em que se inicia o recesso de fim de ano.
O presidente do Conselho de
Ética, deputado Ricardo Izar
(PTB-SP), disse já estar em entendimento com a CPI para
tentar acelerar a tramitação
dos processos. "Eles vão mandar para o conselho uns 40, 50
nomes. A partir daí, já nomeio
relator e notifico para que o
acusado apresente a defesa",
afirmou o deputado. Ele disse
que fará o possível para que a
conclusão dos casos ocorra antes do fim da atual legislatura.
De acordo com a CPI dos
Sanguessugas, 87 deputados federais e três senadores são suspeitos de envolvimento com a
máfia das ambulâncias.
Trâmite
Quando o deputado for acusado formalmente pela CPI, a
tramitação do seu caso é a seguinte: seu nome segue, primeiro, para a Mesa da Câmara,
que abre prazo para a defesa e,
depois disso, se considerar que
há indícios, determina a abertura de processo de cassação no
Conselho de Ética da Casa. No
caso do mensalão, essa etapa
consumiu cerca de um mês.
Quando o Conselho de Ética
abre o processo, há prazo de 90
dias, renováveis indefinidamente, para a apresentação de
um parecer, pela absolvição ou
pela cassação.
Se o conselho considerar o
deputado culpado, a cassação
só ocorre caso ao menos 257
dos 513 deputados aprovem o
parecer, em votação secreta, no
plenário. Em caso de cassação,
o deputado fica inelegível até
oito anos após o fim da legislatura em vigor.
Sem reação
Os processos de cassação dos
mandatos dos deputados Nilton Capixaba (PTB-RO) e João
Caldas (PL-AL), integrantes da
Mesa da Câmara dos Deputados, ficaram só na promessa.
A Folha checou ontem que
os processo simplesmente não
existem. A justificativa é que os
parlamentares do PV, do PSOL
e do PPS, autores dos pedidos
de cassação, não formularam
corretamente a representação.
Pela Constituição, quando
um partido pede a cassação de
um parlamentar, o Conselho
de Ética da Casa é obrigado a
abrir imediatamente o processo. A representação, porém, deve ser assinada pelo presidente
da sigla. No caso do PV, a assinatura é do deputado Fernando Gabeira (RJ). Pelo PSOL e
PPS, assinaram os vice-presidentes dos partidos.
Além disso, os partidos pediam o afastamento dos dois
deputados federais da Mesa da
Câmara, o que deveria ser analisado antes pela Mesa.
Despacho do presidente da
Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), do dia 19, encaminhou o
pedido para a Corregedoria da
Câmara (estágio anterior ao
Conselho), que ainda não enviou parecer. Os deputados
Caldas e Capixaba continuam
em seus cargos na Mesa, tendo
se afastado apenas das reuniões do órgão.
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