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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
PT já tem dívida com marqueteiro, afirma o tesoureiro de Lula
José de Filippi Júnior diz não ter feito o pagamento do sinal de 20% pelo contrato de R$ 8,2 milhões com João Santana
Petista relata escassez de doações após o mensalão e diz que está difícil honrar
os compromissos eleitorais assumidos pelo partido
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A campanha de Luiz Inácio
Lula da Silva está tendo dificuldades para honrar as obrigações financeiras com as quais
se comprometeu no início do
período eleitoral.
Os primeiros dias de Lula oficialmente candidato à reeleição mostraram um PT que firma contratos milionários e traça metas grandiosas, em oposição à promessa de que sua primeira campanha pós-mensalão
seria relativamente modesta.
Já há casos de fornecedores
que ficaram na mão, pelo menos por enquanto. Um deles foi
o marqueteiro João Santana,
que deveria ter recebido um sinal de 20% pelo contrato de R$
8,2 milhões, mas não viu o dinheiro. Em caráter reservado,
alguns petistas temem que a
campanha esteja dando um
passo maior do que a perna.
Arrecadação
Em entrevista à Folha, o tesoureiro da campanha, José de
Filippi Júnior, disse que está
"muito difícil" conseguir dinheiro. O primeiro balanço financeiro, a ser divulgado em 6
de agosto, como manda a nova
lei eleitoral, vai apresentar
"muito pouco" em termos de
doação. "As empresas estão retraídas, dizendo que precisam
consultar seus acionistas. Mesmo as pessoas físicas parecem
estar com receio", disse Filippi.
Prefeito licenciado de Diadema (SP), Filippi é o sucessor de
Delúbio Soares, caixa da campanha de 2002, cujo esquema
de financiamento irregular foi
revelado na crise do mensalão.
Até agora, além do contrato
com Santana, foram empenhados R$ 3 milhões com pesquisas de opinião, R$ 3,5 milhões
com reforma e manutenção de
dois comitês e R$ 600 mil com
a convenção de Lula, em junho.
Os gastos com deslocamentos
do presidente precisam ser
reembolsados à Presidência.
"Precisamos melhorar nossa
organização", disse Filippi.
A campanha de Lula elaborou uma lista de 50 grandes
empresas que são "doadoras
freqüentes", ou seja, contribuem para vários candidatos
em todas as eleições. São esses
os alvos preferenciais. Até ontem, apenas uma, da área de
comunicações, havia prometido dinheiro, mas a coordenação não revelou o nome.
Mobilização
O PT vai mobilizar toda a sua
máquina política para o esforço
de arrecadação, que envolve
militantes, deputados, governadores, parlamentares e candidatos em geral. "Está todo
mundo ajudando, fazendo contatos, até porque eu não tenho
experiência nisso", diz Filippi.
Na semana passada, o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, que tem experiência em
arrecadação de campanhas petistas passadas, foi visto no escritório do PT em Brasília, a,
em horário de expediente. Mas
ele disse que fazia apenas uma
visita de cortesia.
Jantares
Filippi diz que funcionará
mais como um "centralizador".
Na segunda-feira, ele se muda
para um escritório na avenida
Indianópolis, em São Paulo, ao
lado do comitê regional de Lula. Terá uma equipe de oito pessoas para ajudá-lo a arrecadar e
prestar contas. O PT conta com
a presença de Lula em eventos
de arrecadação. Já houve um
jantar para levantar fundos em
São Bernardo (SP), que conseguiu R$ 250 mil, abaixo da expectativa. Outros dois estão
marcados, inclusive um no Jockey Club de São Paulo, com
convites a R$ 1.000.
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