São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alckmin diz que governo é "matriz" da máfia

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Orientado pelo comando de sua campanha, o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) endureceu ontem o discurso e acusou o governo Luiz Inácio Lula da Silva de ser a "matriz" da máfia das ambulâncias, investigada pela CPI dos Sanguessugas no Congresso.
Até agora, a CPI já listou a participação de 116 parlamentares e ex-parlamentares no esquema, entre eles o ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe (PMDB-MG).
"Os deputados são as filiais, mas a matriz é o governo federal. É de lá que sai o dinheiro, é do ministério, quem libera o recurso tem o dever de controlá-lo e punir essa cadeia que se estabelece para tirar dinheiro da população", disse Alckmin.
Ontem, os coordenadores da campanha voltaram a incitar o tucano a abordar o tema dos sanguessugas em entrevistas. A avaliação é que, ao surgirem nomes de petistas e de ex-ministros, o governo Lula é desgastado com mais um caso de corrupção no noticiário. Além disso, tucanos e pefelistas defendem que o caso dos sanguessugas ajuda a resgatar a memória do escândalo do mensalão.
Questionado sobre a possibilidade de inclusão do nome do ex-prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), que foi ministro da Saúde na gestão FHC, na lista de investigados pela CPI, Alckmin diminuiu o tom: "Não vi detalhes, de que forma apareceu [o nome de Serra], tem que ter cuidado com essas coisas. Mas investigar, esclarecer é bom para todo mundo".
Em reunião na sede do PSDB, o comando da campanha também debateu ajustes na carta de compromisso com o Nordeste, que será anunciada no dia 4, em Recife (PE). O eixo do documento, intitulado "O Novo Nordeste", é a recriação da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste", extinta em 2001.
Alckmin afirmou também que encomendou aos técnicos do partido um levantamento de todos os cargos comissionados do governo federal. Ele quer incluir em seu programa de governo o corte dos cargos para enxugar a máquina.
Hoje, Alckmin terá um encontro com o ex-presidente Itamar Franco (sem partido), em Minas Gerais. A expectativa é que o mineiro oficialize seu apoio à candidatura tucana.

Heloísa Helena
A candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena (AL), utilizou ontem a CPI dos Sanguessugas para atacar tucanos e petistas, afirmando que o esquema de corrupção começou no governo passado.
"Se acontecia no governo passado e agora no governo Lula continuou acontecendo, com requinte de vigarice política inaceitável, precisamos dizer ao povo brasileiro para poder desmontá-lo", disse ela.
Para evitar que o desvio de recursos se repita, a senadora defendeu a adoção do Orçamento participativo e impositivo. Assim, a peça orçamentária seria elaborada com a participação da sociedade e a execução das despesas aprovada pelo Legislativo, em vez de autorizativa, seria obrigatória.
Depois de ser acusada de utilizar a estrutura do gabinete do Senado para fazer campanha, Heloísa afirmou ontem que não vai se licenciar de seu mandato para se dedicar à disputa eleitoral porque precisaria do salário de parlamentar para sustentar os dois filhos.
Heloísa afirmou que é penalizada por trabalhar como senadora e ainda fazer campanha. Questionada sobre o motivo pelo qual não se licencia do Senado, ela respondeu com ironia: "Você vai pagar meu salário para sustentar meus filhos?"
A coordenação de campanha da senadora alugou ontem duas salas em Brasília para abrigar seu comitê central. Os anúncios de aluguéis no local variam de R$ 400 a R$ 700.
Ela demitiu anteontem o assessor Antônio Jacinto Filho após denúncia de que, apesar de ele receber R$ 3.000 da Casa, fazia atividades relacionadas às eleições no expediente.
(FERNANDA KRAKOVICS)


Texto Anterior: Petista desiste de participar de debates na TV no 1º turno da campanha presidencial
Próximo Texto: Serra quer dividir espólio em redutos de Marta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.