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Alckmin diz que governo é "matriz" da máfia
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Orientado pelo comando de
sua campanha, o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB)
endureceu ontem o discurso e
acusou o governo Luiz Inácio
Lula da Silva de ser a "matriz"
da máfia das ambulâncias, investigada pela CPI dos Sanguessugas no Congresso.
Até agora, a CPI já listou a
participação de 116 parlamentares e ex-parlamentares no esquema, entre eles o ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe
(PMDB-MG).
"Os deputados são as filiais,
mas a matriz é o governo federal. É de lá que sai o dinheiro, é
do ministério, quem libera o recurso tem o dever de controlá-lo e punir essa cadeia que se estabelece para tirar dinheiro da
população", disse Alckmin.
Ontem, os coordenadores da
campanha voltaram a incitar o
tucano a abordar o tema dos
sanguessugas em entrevistas. A
avaliação é que, ao surgirem
nomes de petistas e de ex-ministros, o governo Lula é desgastado com mais um caso de
corrupção no noticiário. Além
disso, tucanos e pefelistas defendem que o caso dos sanguessugas ajuda a resgatar a memória do escândalo do mensalão.
Questionado sobre a possibilidade de inclusão do nome do
ex-prefeito de São Paulo, José
Serra (PSDB), que foi ministro
da Saúde na gestão FHC, na lista de investigados pela CPI,
Alckmin diminuiu o tom: "Não
vi detalhes, de que forma apareceu [o nome de Serra], tem
que ter cuidado com essas coisas. Mas investigar, esclarecer é
bom para todo mundo".
Em reunião na sede do
PSDB, o comando da campanha também debateu ajustes
na carta de compromisso com o
Nordeste, que será anunciada
no dia 4, em Recife (PE). O eixo
do documento, intitulado "O
Novo Nordeste", é a recriação
da Sudene (Superintendência
de Desenvolvimento do Nordeste", extinta em 2001.
Alckmin afirmou também
que encomendou aos técnicos
do partido um levantamento de
todos os cargos comissionados
do governo federal. Ele quer incluir em seu programa de governo o corte dos cargos para
enxugar a máquina.
Hoje, Alckmin terá um encontro com o ex-presidente
Itamar Franco (sem partido),
em Minas Gerais. A expectativa
é que o mineiro oficialize seu
apoio à candidatura tucana.
Heloísa Helena
A candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena (AL), utilizou ontem a CPI
dos Sanguessugas para atacar
tucanos e petistas, afirmando
que o esquema de corrupção
começou no governo passado.
"Se acontecia no governo
passado e agora no governo Lula continuou acontecendo, com
requinte de vigarice política
inaceitável, precisamos dizer
ao povo brasileiro para poder
desmontá-lo", disse ela.
Para evitar que o desvio de
recursos se repita, a senadora
defendeu a adoção do Orçamento participativo e impositivo. Assim, a peça orçamentária
seria elaborada com a participação da sociedade e a execução das despesas aprovada pelo
Legislativo, em vez de autorizativa, seria obrigatória.
Depois de ser acusada de utilizar a estrutura do gabinete do
Senado para fazer campanha,
Heloísa afirmou ontem que
não vai se licenciar de seu mandato para se dedicar à disputa
eleitoral porque precisaria do
salário de parlamentar para
sustentar os dois filhos.
Heloísa afirmou que é penalizada por trabalhar como senadora e ainda fazer campanha. Questionada sobre o motivo pelo qual não se licencia do
Senado, ela respondeu com ironia: "Você vai pagar meu salário
para sustentar meus filhos?"
A coordenação de campanha
da senadora alugou ontem duas
salas em Brasília para abrigar
seu comitê central. Os anúncios de aluguéis no local variam
de R$ 400 a R$ 700.
Ela demitiu anteontem o assessor Antônio Jacinto Filho
após denúncia de que, apesar
de ele receber R$ 3.000 da Casa, fazia atividades relacionadas às eleições no expediente.
(FERNANDA KRAKOVICS)
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