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TESOURO
Performance é explicada por aumento de tarifas de empresas privatizáveis
Estatais puxam melhoria
das contas públicas de FHC
GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília
As empresas estatais, em especial
as que estão sendo preparadas para a privatização, respondem pela
maior parte da melhoria das contas públicas verificada neste ano.
Conforme dados divulgados pelo Banco Central anteontem, o setor público -União, Estados, municípios e estatais- arrecadou R$
4,817 bilhões acima de seus gastos,
desconsiderando as despesas com
juros da dívida.
Desse superávit primário total,
81,2%, ou R$ 3,91 bilhões, foram
resultado do desempenho das estatais dos três níveis de governo.
Os números se referem ao período de 12 meses encerrado em junho último, quando o setor público obteve os melhores resultados,
embora ainda ruins, desde o início
do governo FHC.
Segundo Altamir Lopes, chefe do
Departamento Econômico do BC,
os números apresentados pelas estatais podem ser explicados pela
política de recomposição tarifária
-ou, traduzindo, de reajustes de
tarifas. Essa estratégia tem sido
conduzida desde o início do governo FHC, com o objetivo de eliminar defasagens nos preços dos serviços públicos.
Estatais de setores como telefonia e energia elétrica, para citar os
que afetam diretamente os consumidores, passaram por esse processo, reajustando parte de suas
tarifas acima da inflação.
A recomposição tarifária, na
maior parte dos casos, serviu como preparação para a venda dessas empresas à iniciativa privada.
Uma das principais estatais na
lista das privatizáveis, a Telebrás,
já ostenta em seus balanços os resultados dessa política. Ela registrou lucros crescentes de R$ 1,343
bilhão, no primeiro semestre do
ano passado, e R$ 1,494 bilhão nos
primeiros seis meses deste ano.
Lopes avalia que, além da recomposição tarifária, as estatais reduziram gastos com pessoal.
O atual peso das estatais nas contas públicas é inédito no governo
FHC. Em 95, por exemplo, o conjunto das empresas apresentou déficit de R$ 358 milhões. Em 96, já
havia sinais de melhora, ainda tímidos: houve superávit de R$ 648
milhões -em valores atualizados.
Já o governo federal piorou seu
desempenho. De um superávit primário de R$ 3,922 bilhões em 95,
passou a R$ 3,072 bilhões em 96 e
apenas R$ 1,704 no período de 12
meses encerrado em junho último.
Os governos estaduais e municipais permanecem sendo os vilões
das contas públicas, mas também
apresentam grande progresso:
sem contar as despesas com juros,
registraram déficit de R$ 1,149 bilhão em 95, R$ 4,43 bilhões em 96 e
apenas R$ 797 milhões de agosto
de 96 a junho deste ano.
Participação no superávit
Governo federal: R$
1,704 bilhão
Governos estaduais e
municipais: -R$ 797 milhões
Estatais: R$ 3,910 bilhões
Superávit total: R$ 4,817 bilhões
Obs.: superávit primário (exclui despesas
com juros da dívida) acumulado no período de 12 meses encerrado em junho de 97
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