São Paulo, quarta, 27 de agosto de 1997.



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TESOURO
Performance é explicada por aumento de tarifas de empresas privatizáveis
Estatais puxam melhoria das contas públicas de FHC

GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília

As empresas estatais, em especial as que estão sendo preparadas para a privatização, respondem pela maior parte da melhoria das contas públicas verificada neste ano.
Conforme dados divulgados pelo Banco Central anteontem, o setor público -União, Estados, municípios e estatais- arrecadou R$ 4,817 bilhões acima de seus gastos, desconsiderando as despesas com juros da dívida.
Desse superávit primário total, 81,2%, ou R$ 3,91 bilhões, foram resultado do desempenho das estatais dos três níveis de governo.
Os números se referem ao período de 12 meses encerrado em junho último, quando o setor público obteve os melhores resultados, embora ainda ruins, desde o início do governo FHC.
Segundo Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC, os números apresentados pelas estatais podem ser explicados pela política de recomposição tarifária -ou, traduzindo, de reajustes de tarifas. Essa estratégia tem sido conduzida desde o início do governo FHC, com o objetivo de eliminar defasagens nos preços dos serviços públicos.
Estatais de setores como telefonia e energia elétrica, para citar os que afetam diretamente os consumidores, passaram por esse processo, reajustando parte de suas tarifas acima da inflação.
A recomposição tarifária, na maior parte dos casos, serviu como preparação para a venda dessas empresas à iniciativa privada.
Uma das principais estatais na lista das privatizáveis, a Telebrás, já ostenta em seus balanços os resultados dessa política. Ela registrou lucros crescentes de R$ 1,343 bilhão, no primeiro semestre do ano passado, e R$ 1,494 bilhão nos primeiros seis meses deste ano.
Lopes avalia que, além da recomposição tarifária, as estatais reduziram gastos com pessoal.
O atual peso das estatais nas contas públicas é inédito no governo FHC. Em 95, por exemplo, o conjunto das empresas apresentou déficit de R$ 358 milhões. Em 96, já havia sinais de melhora, ainda tímidos: houve superávit de R$ 648 milhões -em valores atualizados.
Já o governo federal piorou seu desempenho. De um superávit primário de R$ 3,922 bilhões em 95, passou a R$ 3,072 bilhões em 96 e apenas R$ 1,704 no período de 12 meses encerrado em junho último.
Os governos estaduais e municipais permanecem sendo os vilões das contas públicas, mas também apresentam grande progresso: sem contar as despesas com juros, registraram déficit de R$ 1,149 bilhão em 95, R$ 4,43 bilhões em 96 e apenas R$ 797 milhões de agosto de 96 a junho deste ano.

Participação no superávit
Governo federal: R$ 1,704 bilhão
Governos estaduais e municipais: -R$ 797 milhões
Estatais: R$ 3,910 bilhões
Superávit total: R$ 4,817 bilhões
Obs.: superávit primário (exclui despesas com juros da dívida) acumulado no período de 12 meses encerrado em junho de 97



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