São Paulo, quarta, 27 de agosto de 1997.



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Ex-ministro argentino diz que América Latina poderia ter duas vagas no conselho da ONU
Cavallo defende vaga para o Brasil

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

O ex-ministro da Economia da Argentina Domingo Cavallo defendeu ontem no Rio que o Brasil ocupe uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Cavallo afirmou que a ONU deveria criar uma segunda vaga fixa no Conselho de Segurança para países da América Latina.
Essa segunda vaga seria ocupada de acordo com um sistema de rodízio entre os países, opinou o ex-ministro argentino durante entrevista concedida no hotel Glória (zona sul do Rio).
Cavallo veio ao Brasil a convite do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) do Rio. Antes de cumprir a agenda de visitas, o ex-ministro caminhou ao lado de assessores pelo parque do Flamengo (zona sul) durante 45 minutos.

Menem
A opinião de Cavallo sobre a presença brasileira no Conselho de Segurança da ONU se contrapõe à do presidente argentino, Carlos Menem, que há dez dias se manifestou contra essa idéia.
"Foi equivocada a posição de Menem contra o assento permanente para o Brasil", declarou o ex-ministro.
Cavallo foi nomeado por Menem chanceler (de 1989 a 1991) e ministro da Economia (de 1991 a 1996). Nesse último período implantou o plano de estabilização que ficou conhecido por seu nome. Hoje os dois estão em lados opostos na política da Argentina.
"O povo argentino apóia o Brasil na busca do assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Essa é também a minha posição", afirmou Cavallo, que disputará as eleições para deputado em Buenos Aires no próximo dia 26 de outubro.
Ex-superministro do governo Menem, Cavallo disse que a América Latina estaria mais bem representada no Conselho de Segurança da ONU caso tivesse direito a dois assentos.
"Seria bom para a América Latina que, além do assento para o Brasil, houvesse um assento rotativo. Assim, seriam dois assentos", afirmou.

Sucessão
Caso se eleja deputado, Cavallo anunciou que concorrerá, em 1999, à sucessão de Menem pelo partido que criou no ano passado, o Ação pela República.
Cavallo tem adotado como plataforma de campanha a necessidade de a Argentina promover reformas sociais.
Segundo ele, essa proposta também vale para o Brasil. "O Plano Real é um grande avanço, mas o Brasil necessita de mais reformas, nas áreas sociais, de segurança. O Brasil deve observar as experiências da Argentina e do Chile para não cometer os mesmos erros", afirmou ele.
Cavallo preferiu não comentar a suposta intenção dos EUA de boicotar o Mercosul, tese defendida pelo senador e ex-presidente brasileiro José Sarney.
"A reação do ex-presidente Sarney me lembra a do ex-presidente Raúl Alfonsín (da Argentina). Creio que é mais de estadista a posição do presidente Fernando Henrique Cardoso, que se referiu ao assunto de forma jocosa, irônica", disse.
Cavallo elogiou a aprovação pelo Congresso brasileiro da emenda da reeleição. Para ele, é "excessivamente curto" um período de quatro anos de governo.



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