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Ex-ministro argentino diz que América Latina poderia ter duas vagas no conselho da ONU
Cavallo defende vaga para o Brasil
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O ex-ministro da Economia da
Argentina Domingo Cavallo defendeu ontem no Rio que o Brasil
ocupe uma cadeira permanente
no Conselho de Segurança da
ONU (Organização das Nações
Unidas).
Cavallo afirmou que a ONU deveria criar uma segunda vaga fixa
no Conselho de Segurança para
países da América Latina.
Essa segunda vaga seria ocupada de acordo com um sistema de
rodízio entre os países, opinou o
ex-ministro argentino durante
entrevista concedida no hotel
Glória (zona sul do Rio).
Cavallo veio ao Brasil a convite
do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) do Rio. Antes de cumprir
a agenda de visitas, o ex-ministro
caminhou ao lado de assessores
pelo parque do Flamengo (zona
sul) durante 45 minutos.
Menem
A opinião de Cavallo sobre a
presença brasileira no Conselho
de Segurança da ONU se contrapõe à do presidente argentino,
Carlos Menem, que há dez dias
se manifestou contra essa idéia.
"Foi equivocada a posição de
Menem contra o assento permanente para o Brasil", declarou o
ex-ministro.
Cavallo foi nomeado por Menem chanceler (de 1989 a 1991) e
ministro da Economia (de 1991 a
1996). Nesse último período implantou o plano de estabilização
que ficou conhecido por seu nome. Hoje os dois estão em lados
opostos na política da Argentina.
"O povo argentino apóia o
Brasil na busca do assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Essa é também a
minha posição", afirmou Cavallo, que disputará as eleições para deputado em Buenos Aires no
próximo dia 26 de outubro.
Ex-superministro do governo
Menem, Cavallo disse que a
América Latina estaria mais bem
representada no Conselho de Segurança da ONU caso tivesse direito a dois assentos.
"Seria bom para a América Latina que, além do assento para o
Brasil, houvesse um assento rotativo. Assim, seriam dois assentos", afirmou.
Sucessão
Caso se eleja deputado, Cavallo
anunciou que concorrerá, em
1999, à sucessão de Menem pelo
partido que criou no ano passado, o Ação pela República.
Cavallo tem adotado como plataforma de campanha a necessidade de a Argentina promover
reformas sociais.
Segundo ele, essa proposta
também vale para o Brasil. "O
Plano Real é um grande avanço,
mas o Brasil necessita de mais reformas, nas áreas sociais, de segurança. O Brasil deve observar
as experiências da Argentina e do
Chile para não cometer os mesmos erros", afirmou ele.
Cavallo preferiu não comentar
a suposta intenção dos EUA de
boicotar o Mercosul, tese defendida pelo senador e ex-presidente brasileiro José Sarney.
"A reação do ex-presidente
Sarney me lembra a do ex-presidente Raúl Alfonsín (da Argentina). Creio que é mais de estadista
a posição do presidente Fernando Henrique Cardoso, que se referiu ao assunto de forma jocosa,
irônica", disse.
Cavallo elogiou a aprovação
pelo Congresso brasileiro da
emenda da reeleição. Para ele, é
"excessivamente curto" um período de quatro anos de governo.
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