São Paulo, domingo, 27 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Conselho político de Lula reúne siglas do mensalão

PTB e PL, além do PMDB, compõem grupo que define estratégia eleitoral de petista

Flávio Martinez, presidente do PTB, diz que mensalão é caso já superado e não descarta uma junção das legendas em uma federação

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda que formalmente só tenha o apoio do PT, PC do B e PRB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva montou um conselho político para definir as estratégias de campanha que inclui o PTB e o PL, legendas desgastadas pelo escândalo do mensalão -ao lado do PT-, e o PMDB. Só ficou de fora o PP.
A "mesa redonda" de Lula é sinal de que o presidente busca novos interlocutores em algumas das legendas que tiveram a imagem desgastada pela crise. Lula aposta em políticos que, num eventual segundo mandato, terão um papel relevante no diálogo com o Congresso, como o ex-ministro Ciro Gomes -bastante cotado à presidência da Câmara, caso eleito-, o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), o senador José Sarney (PMDB-AP), o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB), e o ex-ministro Alfredo Nascimento (PL).
O atual presidente do PTB, Flávio Martinez, afirma que não sente nenhum constrangimento em participar do conselho, a despeito de o mensalão ter sido descoberto pela denúncia de Roberto Jefferson, que presidia a legenda no início de 2005. O convite para integrar o conselho, segundo ele, partiu do próprio Lula.
Martinez considera o caso do mensalão superado. "O próprio Roberto Jefferson, quando tomou sua atitude, com sua coragem e maneira forte de agir, sempre disse que o presidente Lula nunca teve envolvimento nenhum com as coisas que ele revelava", justificou.
"Eu, como presidente nacional do PTB, estou apoiando Lula. A legenda, em cada Estado, tem uma posição. Mas em vários Estados estamos com Lula", disse. Em São Paulo, o PTB apóia o PSDB.
Segundo Martinez, o conselho discute o Brasil e está "olhando para a frente". "Será um novo momento político no Brasil. E o presidente está vendo esse quadro e precisa dessas forças para governar", disse.
Ele admite a possibilidade de junção de legendas numa federação e disse que o governo precisará ter "boa comunicação com o Congresso".
Coordenador-geral da campanha de Lula e presidente do PT, Ricardo Berzoini afirma que a formação de um conselho político é tradição em campanhas e reúne todas as forças que apóiam o candidato, formal ou informalmente.
As reuniões são realizadas às segundas-feiras. Já houve três, todas com a presença de Lula. Do PT também integram o conselho os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência). Eles devem permanecer como ministros num eventual segundo governo.
Berzoini disse que o PP só não foi convidado a integrar o conselho porque "é o único partido, dentro da base do governo, que não teve uma indicação clara de apoio ou não apoio ao presidente Lula".
Questionado se as figuras do conselho político terão papel relevante caso Lula seja reeleito, Berzoini disse: "Esse é um problema do presidente, não meu". Ele afirmou, no entanto, que considera positivo ter um foro de discussão institucional com presidentes de partidos. "Mas é uma decisão que o presidente tem que tomar", enfatizou Berzoini.
O nanico PRB tem duas vagas no conselho: a do vice-presidente da República, José Alencar, e a do presidente da legenda, Vitor Paulo, ligado à Igreja Universal. Os integrantes do conselho argumentam que discutem basicamente estratégias de campanha, sobretudo regionais. Sugerem como Lula deve se posicionar nos Estados e quais temas deve abordar.
Mas o fato é que os conselheiros também analisam o cenário político-econômico e quais medidas devem ser tomadas num eventual novo governo Lula. E, principalmente, qual será a fatia de poder de cada um.


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