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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Conselho político de Lula reúne siglas do mensalão
PTB e PL, além do PMDB, compõem grupo que define estratégia eleitoral de petista
Flávio Martinez, presidente do PTB, diz que mensalão é caso já superado e não descarta uma junção das legendas em uma federação
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ainda que formalmente só
tenha o apoio do PT, PC do B e
PRB, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva montou um conselho político para definir as estratégias de campanha que inclui o PTB e o PL, legendas desgastadas pelo escândalo do
mensalão -ao lado do PT-, e o
PMDB. Só ficou de fora o PP.
A "mesa redonda" de Lula é
sinal de que o presidente busca
novos interlocutores em algumas das legendas que tiveram a
imagem desgastada pela crise.
Lula aposta em políticos que,
num eventual segundo mandato, terão um papel relevante no
diálogo com o Congresso, como
o ex-ministro Ciro Gomes
-bastante cotado à presidência
da Câmara, caso eleito-, o deputado Jader Barbalho
(PMDB-PA), o senador José
Sarney (PMDB-AP), o ministro
do Turismo, Walfrido Mares
Guia (PTB), e o ex-ministro Alfredo Nascimento (PL).
O atual presidente do PTB,
Flávio Martinez, afirma que
não sente nenhum constrangimento em participar do conselho, a despeito de o mensalão
ter sido descoberto pela denúncia de Roberto Jefferson, que
presidia a legenda no início de
2005. O convite para integrar o
conselho, segundo ele, partiu
do próprio Lula.
Martinez considera o caso do
mensalão superado. "O próprio
Roberto Jefferson, quando tomou sua atitude, com sua coragem e maneira forte de agir,
sempre disse que o presidente
Lula nunca teve envolvimento
nenhum com as coisas que ele
revelava", justificou.
"Eu, como presidente nacional do PTB, estou apoiando Lula. A legenda, em cada Estado,
tem uma posição. Mas em vários Estados estamos com Lula", disse. Em São Paulo, o PTB
apóia o PSDB.
Segundo Martinez, o conselho discute o Brasil e está
"olhando para a frente". "Será
um novo momento político no
Brasil. E o presidente está vendo esse quadro e precisa dessas
forças para governar", disse.
Ele admite a possibilidade de
junção de legendas numa federação e disse que o governo precisará ter "boa comunicação
com o Congresso".
Coordenador-geral da campanha de Lula e presidente do
PT, Ricardo Berzoini afirma
que a formação de um conselho
político é tradição em campanhas e reúne todas as forças
que apóiam o candidato, formal
ou informalmente.
As reuniões são realizadas às
segundas-feiras. Já houve três,
todas com a presença de Lula.
Do PT também integram o conselho os ministros Tarso Genro
(Relações Institucionais) e
Luiz Dulci (Secretaria-Geral da
Presidência). Eles devem permanecer como ministros num
eventual segundo governo.
Berzoini disse que o PP só
não foi convidado a integrar o
conselho porque "é o único partido, dentro da base do governo, que não teve uma indicação
clara de apoio ou não apoio ao
presidente Lula".
Questionado se as figuras do
conselho político terão papel
relevante caso Lula seja reeleito, Berzoini disse: "Esse é um
problema do presidente, não
meu". Ele afirmou, no entanto,
que considera positivo ter um
foro de discussão institucional
com presidentes de partidos.
"Mas é uma decisão que o presidente tem que tomar", enfatizou Berzoini.
O nanico PRB tem duas vagas
no conselho: a do vice-presidente da República, José Alencar, e a do presidente da legenda, Vitor Paulo, ligado à Igreja
Universal. Os integrantes do
conselho argumentam que discutem basicamente estratégias
de campanha, sobretudo regionais. Sugerem como Lula deve
se posicionar nos Estados e
quais temas deve abordar.
Mas o fato é que os conselheiros também analisam o cenário
político-econômico e quais medidas devem ser tomadas num
eventual novo governo Lula. E,
principalmente, qual será a fatia de poder de cada um.
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