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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula discute com tucanos fim da reeleição
Presidente abre diálogo com Serra e Aécio para reforma política que aumente mandato para cinco anos a partir de 2010
Caso os três e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) se elejam, petista quer discussão para fazer uma agenda comum a todos também na área econômica
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fim da reeleição e um mandato de cinco anos para presidente a partir de 2010 são os
principais termos de um acordo pós-eleição que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva já negocia com dois caciques tucanos, José Serra e Aécio Neves
-candidatos favoritos aos governos de São Paulo e Minas
Gerais e potenciais concorrentes à Presidência em 2010.
O ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça) se reuniu em
segredo com Serra no domingo
passado em São Paulo. Trataram de buscar uma "governabilidade madura após as eleições", nas palavras de um auxiliar presidencial. Lula já acertou diretamente com Aécio
uma aliança pelo fim da reeleição. E o presidente do PT, Ricardo Berzoini, fez pontes com
o candidato favorito na eleição
ao governo do Rio, senador Sérgio Cabral Filho (PMDB).
Na quinta-feira, Lula disse
que desejava um "entendimento nacional" para "reduzir a
tensão política". Na avaliação
do presidente, Aécio e Serra serão os vencedores do PSDB. E
Cabral, um importante governador do PMDB. Se os quatro
forem eleitos em primeiro turno, como prevêem hoje as pesquisas, a idéia do presidente é
convidá-los em seguida para
elaborar uma agenda comum.
A Folha apurou que, além do
fim da reeleição e do retorno
do mandato de cinco anos, a fidelidade partidária e o financiamento público de campanha
complementam o que seria
uma reforma política unânime
entre os quatro.
Na área econômica, a agenda
seria tentar aprovar a reforma
tributária, unificando as alíquotas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços), além de prorrogar
pelo menos até 2011 a CPMF, o
imposto do cheque, e a DRU
(Desvinculação de Receitas da
União, que permite ao governo
federal ficar com mais recursos
dos tributos que deveriam ser
divididos com Estados e municípios). A CPMF e a DRU atuais
valem até o final de 2007.
Em conversas reservadas,
Lula diz que, se reeleito, proporá um governo de coalizão com
o PMDB e tentará fazer um
acordo com alas da oposição.
A conversa com o PSDB é
mais complicada. A proposta
de Lula na quinta foi chamada
de conversa "de véspera de
eleição" pelo candidato da sigla
a presidente, Geraldo Alckmin.
No entanto, segundo a Folha
apurou, Lula, Serra, Aécio e Cabral têm interesse em algum
entendimento concreto. Uma
reforma política que comece
pelo fim da reeleição é desejo
dos quatro. Na opinião de Lula,
Serra, Aécio e Cabral, ela é mais
danosa do que benéfica ao país.
A idéia é retomar o modelo
de cinco anos de mandato presidencial, sem direito à reeleição. Lula deixaria claro que não
buscaria manobras para tentar
concorrer em 2010. Governadores e prefeitos perderiam
também o direito de concorrer
novamente, mas manteriam
mandatos de quatro anos.
Disputa tucana
Para Serra e Aécio, o fim da
reeleição poderia reduzir a
guerra interna no partido. Eles
poderiam disputar com menos
ferocidade a candidatura ao Palácio do Planalto em 2010, se
Alckmin não se eleger. Alckmin
se opõe ao fim da reeleição.
Com o vazamento de que já
discutia o formato e nomes para um segundo mandato, Lula
freou as conversas a esse respeito na última semana. Quer
evitar a imagem de salto alto,
apesar de demonstrar confiança na vitória no primeiro turno.
O presidente pretende reduzir o número de ministros (34,
hoje). Avalia a possibilidade de
criar um Ministério da Infra-Estrutura que una Transportes
e Minas e Energia. Essa pasta
pode ser oferecida ao PMDB.
No Planalto, dá-se como certo que o peemedebista Nelson
Jobim, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, integrará a nova equipe de Lula. Se
não convencer Thomaz Bastos
a continuar no governo, o presidente pode convidar Jobim
para a Justiça.
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