São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Problema seu

O esforço de Renan Calheiros em prol de uma CPI sobre a parceria TVA-Telefônica está criando arestas entre o senador e setores de seu partido que até agora o apoiaram ou, no mínimo, não lhe criaram problemas. Aliado de todas as horas, José Sarney não quer ouvir falar na CPI, resposta de Renan ao grupo Abril pela cobertura da crise que ameaça seu mandato.
O presidente do PMDB, Michel Temer, que apesar de antigas diferenças com Renan vinha se mantendo "neutro", agora comanda a ala da sigla que bombardeia a idéia de CPI na Câmara, onde as assinaturas foram coletadas pelo peemedebista Wladimir Costa, soldado de Jader Barbalho. Neste momento, Renan se fia mais no PT que no PMDB para fazer vingar a CPI.

Especialista. Peritos do Instituto de Criminalística da PF disseram aos relatores do caso Renan no Conselho de Ética que José Appel, contador do presidente do Senado que acompanhou a perícia, fez o mesmo trabalho para o publicitário Marcos Valério no inquérito do mensalão.

Agronegócio. Às vésperas da conclusão de seu trabalho, os relatores ainda buscam algumas respostas. Além das filigranas contábeis, Marisa Serrano (PSDB-MS) consultou especialistas para tirar dúvidas de ordem bovina. "Preciso saber até a idade a partir da qual as vacas podem reproduzir", diz a senadora.

Circulando 1. O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) é apontado como um dos cabos eleitorais do ministro Carlos Alberto Direito, do STJ, para a vaga de Sepúlveda Pertence no Supremo. Coincidentemente, Amir Lando, ex-senador peemedebista pelo mesmo Estado, esteve no gabinete de Direito no STJ na quinta.

Circulando 2. A assessoria do STJ informou que Lando procurou o ministro como "advogado de um banco".

Onde pega. Amigos que respiraram aliviados quando José Dirceu se livrou, na sexta, da acusação de peculato, têm agora uma única preocupação: formação de quadrilha. Avaliam que, se o ex-ministro escapar também dessa no julgamento em curso no STF, tudo o mais estará no preço.

O PIB... Colegas atribuem a José Carlos Dias (Banco Rural) e a Tales Castelo Branco (Duda Mendonça) os maiores honorários do julgamento do mensalão. Nos corredores do Supremo, fala-se num pacote de R$ 1 milhão para a defesa do ex-marqueteiro de Lula.

...e os pobres. No outro extremo, há o bloco dos que dizem atuar "quase de graça", alegando dificuldades financeiras de seus clientes. É o caso de Luiz Fernando Pacheco, que defende José Genoino.

Essas máquinas... As longas sessões do julgamento são enfrentadas com muito café e cigarros -os fumantes são maioria entre os advogados dos mensaleiros. As conversas nos intervalos versam sobre as particularidades do processo e a comparação de celulares e palm-tops.

...maravilhosas. O Blackberry é a grande estrela do plenário. Até o gaúcho Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que defende Roberto Jefferson e se apresenta como "da velha guarda", deixou-se seduzir por um modelo do celular-com-internet: "Vou comprar uma engenhoca dessas!".

Dois de paus. No governo, defensores da sobrevida do presidente da Anac, Milton Zuanazzi, alegam que agora tudo vai melhorar, "porque quem mandava era a Denise Abreu". O que não chega a depor a favor de Zuanazzi.

Notório saber. O governo de José Serra (PSDB) contratou sem licitação o ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo José Goldemberg para prestar consultoria durante quatro meses, a um preço de R$ 48 mil, ao Memorial da América Latina.

Tiroteio

A demissão de Denise Abreu foi sensata. No cargo, ela passaria mais tempo se defendendo do que trabalhando para resolver a crise aérea.


Do deputado MARCO MAIA (PT-RS), relator da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, sobre o pedido de demissão da diretora da Anac.

Contraponto

Flor do pântano

Na quinta-feira, o ex-prefeito de Curitiba Rafael Grecca, hoje presidente da Companhia de Habitação do Paraná, inspecionava o local onde, no dia seguinte, Lula anunciaria recursos para saneamento. A área, na periferia de Piraquara, tem solo pouco firme, quase pantanoso. Um instante de desatenção bastou para que Grecca "afundasse" até os tornozelos. Ao resgatá-lo, assessores verificaram que ele havia perdido os sapatos. Mas não o bom humor:
-Graças à minha querida Margarita, não tenho o que temer nessas situações!-, exclamou Grecca, apontando para as próprias meias, sem nenhum furo à vista.
O elogio era para sua mulher, e a ironia, para FHC, certa vez flagrado no Planalto com uma meia furada.


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