São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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Supremo vai investigar desvios nos Esportes

Denúncia diz que dinheiro do ministério para a SMPB de Valério foi parar em contas de assessora do petista Paulo Rocha

Laudo do Ministério Público mostra que R$ 120 mil sacados, em 2003, por Anita Leocádia têm origem em verba pública de R$ 202 mil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos pontos centrais do debate sobre o mensalão, o uso de dinheiro público no esquema, será alvo de investigação pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Além de aceitar a denúncia envolvendo o já conhecido caso Visanet, na sexta-feira passada o tribunal autorizou a abertura de ação penal para apurar desvio de recursos do Ministério dos Esportes.
Segundo a denúncia aceita, parte do dinheiro repassado pelo Ministério dos Esportes para a empresa SMPB, do publicitário Marcos Valério, foi parar em contas de Anita Leocádia, assessora do deputado petista Paulo Rocha (PA).
Até aqui, o principal caso de dinheiro dos contribuintes parando nas mãos de mensaleiros era o Visanet. Segundo o Ministério Público, o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato repassou R$ 73,8 milhões por meio da Visanet para a DNA, outra empresa de Valério, a pedido do ex-ministro palaciano Luiz Gushiken, do PT. Todos viraram réus.
A nova suspeita recai sobre verbas do Ministério dos Esportes, repassadas em 2003 para a SMPB, do publicitário mineiro. Na denúncia aceita contra Paulo Rocha, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, menciona o caminho percorrido pelo dinheiro público.
"Constatou-se que, no mínimo, parte dos recursos oriundos da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração/Ministério dos Esportes, após transitarem por quatro contas do grupo Marcos Valério, foi sacado por Anita Leocádia Pereira da Costa, assessora de Paulo Rocha (PT-PA)", aponta a denúncia.
Em reportagem publicada ontem, o jornal "O Globo" detalha essa movimentação com um laudo produzido pela Divisão de Pesquisa, Análise e Informação do Ministério Público. O laudo compõe um dos anexos da denúncia ao STF.

Banco Rural
De acordo com o laudo citado pelo jornal, um total de R$ 202.472,01 foi repassado pelo Ministério dos Esportes para a conta da SMPB no Banco do Brasil no dia 16 de dezembro de 2003. A conta teria apenas R$ 979,70 antes dos depósitos do governo federal.
Dois dias depois, quando o dinheiro é compensado, o saldo da conta vai a R$ 203.451,71. Horas depois, é feita uma transferência no valor de R$ 200 mil para outra conta da SMPB no Banco Rural. Ainda naquele mesmo dia, R$ 146 mil deixam essa conta e são transferidos para outra conta, também da mesma agência, que já tinha R$ 127 mil de saldo.
O destino final do dinheiro seria ainda uma terceira conta da SMPB no Banco Rural. Nos dias 18 e 19 de dezembro são feitas duas transferências, uma de R$ 128,5 mil e outra de R$ 190 mil. É dessa conta que Anita Leocádia saca R$ 120 mil no dia 18 de dezembro.
Procurada pela Folha, a Procuradoria Geral da República confirmou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, a existência do laudo citado por "O Globo", mas informou que apenas o Supremo pode autorizar o acesso a esses dados, o que não ocorreu ontem.
Na semana passada, o STF aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público contra Pizzolato, Rocha, Gushiken e outros 16 acusados. Procurado pela Folha durante a tarde de ontem, Paulo Rocha não foi localizado. Até a conclusão desta edição, não houve resposta aos recados deixados em seus telefones celulares.


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