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Supremo vai investigar desvios nos Esportes
Denúncia diz que dinheiro do ministério para a SMPB de Valério foi parar em contas de assessora do petista Paulo Rocha
Laudo do Ministério Público mostra que R$ 120 mil sacados, em 2003, por Anita Leocádia têm origem em verba pública de R$ 202 mil
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos pontos centrais do
debate sobre o mensalão, o uso
de dinheiro público no esquema, será alvo de investigação
pelo STF (Supremo Tribunal
Federal). Além de aceitar a denúncia envolvendo o já conhecido caso Visanet, na sexta-feira passada o tribunal autorizou
a abertura de ação penal para
apurar desvio de recursos do
Ministério dos Esportes.
Segundo a denúncia aceita,
parte do dinheiro repassado
pelo Ministério dos Esportes
para a empresa SMPB, do publicitário Marcos Valério, foi
parar em contas de Anita Leocádia, assessora do deputado
petista Paulo Rocha (PA).
Até aqui, o principal caso de
dinheiro dos contribuintes parando nas mãos de mensaleiros
era o Visanet. Segundo o Ministério Público, o ex-diretor de
marketing do Banco do Brasil
Henrique Pizzolato repassou
R$ 73,8 milhões por meio da Visanet para a DNA, outra empresa de Valério, a pedido do
ex-ministro palaciano Luiz
Gushiken, do PT. Todos viraram réus.
A nova suspeita recai sobre
verbas do Ministério dos Esportes, repassadas em 2003 para a SMPB, do publicitário mineiro. Na denúncia aceita contra Paulo Rocha, o procurador-geral da República, Antonio
Fernando de Souza, menciona
o caminho percorrido pelo dinheiro público.
"Constatou-se que, no mínimo, parte dos recursos oriundos da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração/Ministério dos Esportes, após transitarem por
quatro contas do grupo Marcos
Valério, foi sacado por Anita
Leocádia Pereira da Costa, assessora de Paulo Rocha (PT-PA)", aponta a denúncia.
Em reportagem publicada
ontem, o jornal "O Globo" detalha essa movimentação com
um laudo produzido pela Divisão de Pesquisa, Análise e Informação do Ministério Público. O laudo compõe um dos anexos da denúncia ao STF.
Banco Rural
De acordo com o laudo citado
pelo jornal, um total de
R$ 202.472,01 foi repassado
pelo Ministério dos Esportes
para a conta da SMPB no Banco
do Brasil no dia 16 de dezembro
de 2003. A conta teria apenas
R$ 979,70 antes dos depósitos
do governo federal.
Dois dias depois, quando o
dinheiro é compensado, o saldo
da conta vai a R$ 203.451,71.
Horas depois, é feita uma
transferência no valor de
R$ 200 mil para outra conta da
SMPB no Banco Rural. Ainda
naquele mesmo dia, R$ 146 mil
deixam essa conta e são transferidos para outra conta, também da mesma agência, que já
tinha R$ 127 mil de saldo.
O destino final do dinheiro
seria ainda uma terceira conta
da SMPB no Banco Rural. Nos
dias 18 e 19 de dezembro são
feitas duas transferências, uma
de R$ 128,5 mil e outra de
R$ 190 mil. É dessa conta que
Anita Leocádia saca R$ 120 mil
no dia 18 de dezembro.
Procurada pela Folha, a Procuradoria Geral da República
confirmou, por intermédio de
sua assessoria de imprensa, a
existência do laudo citado por
"O Globo", mas informou que
apenas o Supremo pode autorizar o acesso a esses dados, o
que não ocorreu ontem.
Na semana passada, o STF
aceitou a denúncia feita pelo
Ministério Público contra Pizzolato, Rocha, Gushiken e outros 16 acusados. Procurado
pela Folha durante a tarde de
ontem, Paulo Rocha não foi localizado. Até a conclusão desta
edição, não houve resposta aos
recados deixados em seus telefones celulares.
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