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Prefeitura investe mais onde PT tem boa votação
Kassab diz que aplica onde há demanda e que não tem preocupação eleitoral
Extremos da zonas Sul, Leste e Norte recebem a maior parte do dinheiro; 85,2%
das ruas asfaltadas estão localizadas nessas regiões
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com gordo orçamento para
investimentos este ano -de
R$ 1,7 bilhão-, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) pavimenta seu acesso às bordas de São
Paulo. Literalmente. Dos
141.196,20 metros de ruas asfaltadas de 2005 para cá, 85,2%
estão nas chamadas franjas da
cidade, tradicional reduto do
PT. Só na Capela do Socorro,
foram pavimentadas 102 vias:
21.677,90 metros.
Mais de 70% da extensão asfaltada está no extremo sul e
leste de São Paulo -regiões
classificadas pelo Datafolha como Sul 2 e Leste 2 . É lá que a
petista Marta Suplicy lidera a
disputa pela prefeitura. Somada à região definida pelo instituto como Norte 2, e onde Marta empata com o ex-governador
Geraldo Alckmin (PSDB), o
"avanço" em área petista chega
a 120.301,80 metros.
A dedicação às regiões carentes da cidade também pode ser
expressa no cardápio de obras
em educação: 35 -ou 76% das
46- escolas em construção se
concentram nas zonas Leste 2,
Sul 2 e Norte 2 da cidade. São,
por exemplo, 11 dos 15 CEUs
(Centros Educacionais Unificados). São também 16 das 22
concluídas neste mandato, fora
as 54 em substituição às escolas
de lata. Na Saúde, 35 das 50
unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMAs) ficam
nos extremos da cidade.
"Estamos fazendo o que deve
ser feito. [Investindo] onde tem
demanda. É decisão técnica
mesmo. Não temos nenhuma
preocupação eleitoral", afirma
o prefeito Kassab.
Responsável por projetos como a de pavimentação de mais
de 570 ruas e, agora, a iluminação de 400 vielas, o secretário
de coordenação das subprefeituras, Andrea Matarazzo, diz
que a obrigação da prefeitura é
executar obras de interesse público, naturalmente conversíveis em intenção de voto. "Se
tem dividendo eleitoral, ótimo.
Mas essa não é a meta."
Ele explica que as obras de
pavimentação se concentram
nas bordas porque é lá que as
ruas não são asfaltadas. "É um
inferno", disse ele, para quem a
causa da aprovação do governo
está no investimento em "muitas pequenas obras, em vez de
poucas grandes obras".
E são tantas obras que o secretário de Esportes, Walter
Feldman, enfrenta um problema: a falta de postes para os
campos de futebol para o programa Clube-escola. "Não tem
na praça. A gente está fazendo
uma quantidade tão grande de
obras que o mercado não estava
preparado", diz Feldman.
Para este ano, Feldman conta
com orçamento de R$ 20 milhões para a reforma em 150
clubes. Outros R$ 26 milhões
estão autorizados para novas
obras, desde que concluídas as
em andamento. A meta do prefeito é entregar 300 até o fim do
mandato, com um custo global
de R$ 100 milhões.
"O prefeito não tem dificultado nada. Depende da capacidade interna da prefeitura de responder [executar as obras]", disse Feldman.
Com o crescimento da arrecadação -que deve superar
R$ 20 bilhões este ano- a prefeitura tem previsão de investimento de mais de R$ 1,7 bilhão.
Ano passado, foi R$ 1,56 bilhão.
Em 2005, R$ 612 milhões. "Em
2005, trabalhamos em meio
período", brinca o secretário de
Planejamento, Manuelito Pereira Magalhães. Ele disse que a
investida nas bordas da cidade
é "uma decorrência da opção
da administração por saúde e
educação".
Marta afirmou, por intermédio da assessoria, que, graças ao
esforço fiscal de sua administração, a crise da prefeitura foi
superada. "Com ações de modernização administrativa e de
combate à corrupção, além de
justiça fiscal, durante a gestão
Marta Suplicy, a receita do município cresceu 15,30%, o que
possibilitou maiores investimentos", afirmou a assessoria.
Hoje, não é só o volume de
recursos que pesa. Mas o ritmo.
Com dotação de R$ 454,1 milhões para obras -dos quais
R$ 281 milhões reservados para os CEUs-, o secretário de
Educação, Alexandre Schneider, comemora: "Não só estamos investindo bem mais do
que nos anos anteriores. A execução do nosso orçamento
também está mais rápida".
Segundo ele, foi a decisão de
dar fim às escolas de lata e, depois, as com terceiro turno que
orientou os investimentos em
áreas mais pobres. Da mesma
forma, a secretária de Saúde,
Maria Aparecida Orsini, afirma
que o critério para implantação
das AMAs "é epidemiológico".
Colaborou VITOR SORANO , do Agora
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