São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2007

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Prefeitura investe mais onde PT tem boa votação

Kassab diz que aplica onde há demanda e que não tem preocupação eleitoral

Extremos da zonas Sul, Leste e Norte recebem a maior parte do dinheiro; 85,2% das ruas asfaltadas estão localizadas nessas regiões

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com gordo orçamento para investimentos este ano -de R$ 1,7 bilhão-, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) pavimenta seu acesso às bordas de São Paulo. Literalmente. Dos 141.196,20 metros de ruas asfaltadas de 2005 para cá, 85,2% estão nas chamadas franjas da cidade, tradicional reduto do PT. Só na Capela do Socorro, foram pavimentadas 102 vias: 21.677,90 metros.
Mais de 70% da extensão asfaltada está no extremo sul e leste de São Paulo -regiões classificadas pelo Datafolha como Sul 2 e Leste 2 . É lá que a petista Marta Suplicy lidera a disputa pela prefeitura. Somada à região definida pelo instituto como Norte 2, e onde Marta empata com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), o "avanço" em área petista chega a 120.301,80 metros.
A dedicação às regiões carentes da cidade também pode ser expressa no cardápio de obras em educação: 35 -ou 76% das 46- escolas em construção se concentram nas zonas Leste 2, Sul 2 e Norte 2 da cidade. São, por exemplo, 11 dos 15 CEUs (Centros Educacionais Unificados). São também 16 das 22 concluídas neste mandato, fora as 54 em substituição às escolas de lata. Na Saúde, 35 das 50 unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMAs) ficam nos extremos da cidade.
"Estamos fazendo o que deve ser feito. [Investindo] onde tem demanda. É decisão técnica mesmo. Não temos nenhuma preocupação eleitoral", afirma o prefeito Kassab.
Responsável por projetos como a de pavimentação de mais de 570 ruas e, agora, a iluminação de 400 vielas, o secretário de coordenação das subprefeituras, Andrea Matarazzo, diz que a obrigação da prefeitura é executar obras de interesse público, naturalmente conversíveis em intenção de voto. "Se tem dividendo eleitoral, ótimo. Mas essa não é a meta."
Ele explica que as obras de pavimentação se concentram nas bordas porque é lá que as ruas não são asfaltadas. "É um inferno", disse ele, para quem a causa da aprovação do governo está no investimento em "muitas pequenas obras, em vez de poucas grandes obras".
E são tantas obras que o secretário de Esportes, Walter Feldman, enfrenta um problema: a falta de postes para os campos de futebol para o programa Clube-escola. "Não tem na praça. A gente está fazendo uma quantidade tão grande de obras que o mercado não estava preparado", diz Feldman.
Para este ano, Feldman conta com orçamento de R$ 20 milhões para a reforma em 150 clubes. Outros R$ 26 milhões estão autorizados para novas obras, desde que concluídas as em andamento. A meta do prefeito é entregar 300 até o fim do mandato, com um custo global de R$ 100 milhões.
"O prefeito não tem dificultado nada. Depende da capacidade interna da prefeitura de responder [executar as obras]", disse Feldman.
Com o crescimento da arrecadação -que deve superar R$ 20 bilhões este ano- a prefeitura tem previsão de investimento de mais de R$ 1,7 bilhão. Ano passado, foi R$ 1,56 bilhão.
Em 2005, R$ 612 milhões. "Em 2005, trabalhamos em meio período", brinca o secretário de Planejamento, Manuelito Pereira Magalhães. Ele disse que a investida nas bordas da cidade é "uma decorrência da opção da administração por saúde e educação".
Marta afirmou, por intermédio da assessoria, que, graças ao esforço fiscal de sua administração, a crise da prefeitura foi superada. "Com ações de modernização administrativa e de combate à corrupção, além de justiça fiscal, durante a gestão Marta Suplicy, a receita do município cresceu 15,30%, o que possibilitou maiores investimentos", afirmou a assessoria. Hoje, não é só o volume de recursos que pesa. Mas o ritmo.
Com dotação de R$ 454,1 milhões para obras -dos quais R$ 281 milhões reservados para os CEUs-, o secretário de Educação, Alexandre Schneider, comemora: "Não só estamos investindo bem mais do que nos anos anteriores. A execução do nosso orçamento também está mais rápida".
Segundo ele, foi a decisão de dar fim às escolas de lata e, depois, as com terceiro turno que orientou os investimentos em áreas mais pobres. Da mesma forma, a secretária de Saúde, Maria Aparecida Orsini, afirma que o critério para implantação das AMAs "é epidemiológico".


Colaborou VITOR SORANO , do Agora


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