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Sarney quer deixar cassações com STF
Proposta tira competência de cassar mandatos do Congresso e impede que partidos entrem com ações
Presidente da Casa, que já havia sugerido fechamento de conselho, diz que projeto foi encaminhado ao seu grupo só para discussão
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de defender o fechamento do Conselho de Ética do
Senado, o presidente da Casa,
José Sarney (PMDB-AP), elaborou uma emenda constitucional para transferir do Congresso para o STF (Supremo
Tribunal Federal) a competência de cassar o mandato de congressistas. A proposta retira
dos partidos políticos a possibilidade de ingressar com representação por quebra de decoro.
O texto, a que a Folha teve
acesso, altera a Constituição de
forma que apenas as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado,
compostas por um grupo pequeno de congressistas, possam provocar o Supremo a
abrir os processos.
Hoje, a Câmara e o Senado é
que podem decidir pela cassação do mandato com relação a
questões éticas, segundo o artigo 55 da Constituição.
A minuta da proposta foi enviada a gabinetes de aliados.
"Recebi uma proposta do Sarney, então não vou apresentar
a minha. Concordo com ele",
disse o presidente do conselho,
Paulo Duque (PMDB-RJ).
Ontem, a assessoria de Sarney afirmou que ele não irá
apresentar a proposta oficialmente, que o texto foi encaminhado para o seu grupo político
para discussão e foi baseado
em estudo feito a pedido de
Sarney, que escreveria um artigo para a Folha sobre o tema.
A Folha apurou, porém, que
o vazamento da informação é
que fez Sarney mudar de posição. Ele quer evitar polêmicas
no momento em que tenta retomar a normalidade na Casa.
Outro senador do PMDB deve
assumir sua proposta.
A justificativa da emenda diz
que a maioria das representações são fundamentadas em
notícias, muitas vezes escritas
com esse propósito. É o mesmo
argumento utilizado por Duque para respaldar o arquivamento dos 11 pedidos de investigação contra Sarney. "Se nada
fizermos para extirpar a intriga
política miúda de nosso parlamento, a disputa fratricida nos
destruirá a todos", diz o texto.
Parlamentares da oposição e
do governo concordam com
mudanças no Conselho. Na
terça-feira, o DEM e o PSDB
renunciaram às vagas no colegiado em protesto contra o arquivamento das representações contra Sarney. O PT também tem projeto que defende a
extinção do Conselho. Outras
ideias em discussão transferem
para a Comissão de Constituição e Justiça ou para um grupo
de senadores sem problemas
na Justiça a decisão sobre perda de mandato.
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