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Decisão do Supremo sobre Palocci define rumos do PT
Rejeição de denúncia hoje pode levar deputado à eleição ou de volta ao governo
Ex-ministro da Fazenda é acusado de ter participado da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, que havia deposto contra ele
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT torce hoje pela absolvição do ex-ministro e deputado
federal Antonio Palocci no Supremo para transformá-lo em
uma espécie de curinga com
vista às eleições de 2010 e ao final da era Lula no Planalto.
O Supremo agendou para a
sessão de hoje a decisão sobre
aceitar ou não a denúncia que
acusa Palocci de ter participado
da quebra do sigilo bancário do
caseiro Francenildo dos Santos
Costa e da divulgação indevida
desses dados.
Em 2006, o caseiro revelou
que Palocci frequentava uma
casa em Brasília onde havia festas, negócios obscuros e partilha de dinheiro. À CPI dos Bingos, Palocci dissera nunca ter
estado no local. O caseiro teve o
sigilo violado pela Caixa Econômica Federal, subordinada à
Fazenda, dois dias após ter desmentido o então ministro.
Palocci nega ter sido o responsável pela quebra do sigilo e
pelo vazamento dos dados.
Os planos do partido para o
ex-ministro, caso ele seja absolvido, se resumem a três caminhos: a volta ao governo, do
qual foi o titular da Fazenda e
só caiu por causa do escândalo;
o posto de coordenador da
campanha a presidente da ministra Dilma Rousseff; e a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.
A Folha conversou nos últimos dias com vários interlocutores de Palocci. A única unanimidade entre eles é acreditar
que o ex-ministro acatará o que
o determinar o presidente Lula
e se manterá em silêncio quanto ao futuro, apesar de a maioria afirmar que a preferência
dele seria voltar ao governo.
"Essa é uma questão que ele
vai avaliar posteriormente.
Agora o foco é no julgamento",
afirmou o presidente nacional
do PT, Ricardo Berzoini.
A despeito dos planos futuros de Lula e do próprio Palocci, a ala majoritária do PT paulista planeja usar a eventual absolvição do petista na tentativa
de enfraquecer o fator Ciro Gomes, deputado federal do PSB-CE que tem a predileção de Lula para liderar uma chapa antitucanos em São Paulo.
À frente da empreitada estão
o grupo próximo à ex-prefeita
Marta Suplicy, que controla o
partido na capital, e o presidente do PT no Estado, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e
afilhado político de Palocci.
"O Palocci é um líder que
tem uma boa imagem na sociedade. Há o desgaste [por conta
o processo], mas quem vai decidir é o STF. Dizer que ele está
alijado é um grande equívoco.
Palocci nunca me disse que não
quer concorrer ao Bandeirantes", afirmou Edinho Silva.
A possibilidade de Ciro aceitar concorrer em São Paulo
também serviu internamente
para aproximar de Palocci grupos mais à esquerda do comando petista, que o viam com reticências por considerá-lo "um
neoliberal disfarçado".
No momento, a aversão a Ciro pesa mais nas escolhas dessa
parcela do petismo do que as
divergências com Palocci.
Os ministros do Supremo
também devem decidir hoje se
recebem a denúncia contra o
ex-presidente da Caixa Econômica Federal à época da quebra, Jorge Mattoso, e contra o
jornalista Marcelo Netto, então
assessor de imprensa do Ministério da Fazenda.
NA TV - Julgamento de Palocci
TV Justiça (canal 53-UHF, canal 117 da SKY, canal 6 da NET, canal
69 da TVA), a partir das 14h
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