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Polícia aponta "interesse pessoal" de ex-ministro
DA REPORTAGEM LOCAL
O inquérito da Polícia Federal que resultou no indiciamento do ex-ministro da
Fazenda Antonio Palocci Filho (PT-SP) não conseguiu
obter prova cabal de que a ordem para a quebra do sigilo
do caseiro Francenildo dos
Santos Costa partiu de Palocci, mas colheu depoimentos, documentos e registros
de telefonemas que, segundo
a PF, apontam com segurança para a hipótese.
O delegado responsável
pelo caso, Rodrigo Carneiro
Gomes, concluiu que apenas
a Palocci interessava a quebra do sigilo, numa tentativa
de desacreditar Francenildo
como testemunha da CPI
dos Bingos. O delegado escreveu: "O interesse pessoal
[de Palocci] predomina".
Para acolher uma denúncia e abrir ação penal, a Justiça verifica se há indícios suficientes para identificar a autoria de um crime.
Uma das peças importantes da investigação foi o próprio extrato da conta. A PF
conseguiu comprovar que
uma cópia do documento
que havia sido entregue nas
mãos de Palocci, em sua casa,
foi parar um dia depois na redação da revista "Época".
A PF, que tomou 73 depoimentos, concluiu que a impressão do extrato, ocorrida
na noite de 16 de março de
2006, foi ordenada pelo então presidente da Caixa, Jorge Mattoso, logo depois de
uma reunião no Palácio do
Planalto em que Palocci esteve presente.
Mattoso em seguida levou
o papel a Palocci. Mattoso
disse à PF: "Entendeu relevante mostrar os extratos ao
ministro Palocci, por volta
das 23h, na península dos
ministros. (...) Passou no máximo cinco minutos na companhia do ministro Palocci,
com o qual deixou o envelope
com os extratos e se retirou
para o seu apartamento".
A PF anotou: "O interesse
em entregar extratos bancários, em mãos, à noite, quase
madrugada, ao ministro de
Estado da Fazenda, não é
institucional, mas pessoal".
Ao lado de Palocci, em sua
casa, estava o seu assessor
especial e de imprensa, Marcelo Netto.
(RUBENS VALENTE)
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