São Paulo, quinta-feira, 27 de agosto de 2009

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Polícia aponta "interesse pessoal" de ex-ministro

DA REPORTAGEM LOCAL

O inquérito da Polícia Federal que resultou no indiciamento do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho (PT-SP) não conseguiu obter prova cabal de que a ordem para a quebra do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa partiu de Palocci, mas colheu depoimentos, documentos e registros de telefonemas que, segundo a PF, apontam com segurança para a hipótese.
O delegado responsável pelo caso, Rodrigo Carneiro Gomes, concluiu que apenas a Palocci interessava a quebra do sigilo, numa tentativa de desacreditar Francenildo como testemunha da CPI dos Bingos. O delegado escreveu: "O interesse pessoal [de Palocci] predomina".
Para acolher uma denúncia e abrir ação penal, a Justiça verifica se há indícios suficientes para identificar a autoria de um crime.
Uma das peças importantes da investigação foi o próprio extrato da conta. A PF conseguiu comprovar que uma cópia do documento que havia sido entregue nas mãos de Palocci, em sua casa, foi parar um dia depois na redação da revista "Época".
A PF, que tomou 73 depoimentos, concluiu que a impressão do extrato, ocorrida na noite de 16 de março de 2006, foi ordenada pelo então presidente da Caixa, Jorge Mattoso, logo depois de uma reunião no Palácio do Planalto em que Palocci esteve presente.
Mattoso em seguida levou o papel a Palocci. Mattoso disse à PF: "Entendeu relevante mostrar os extratos ao ministro Palocci, por volta das 23h, na península dos ministros. (...) Passou no máximo cinco minutos na companhia do ministro Palocci, com o qual deixou o envelope com os extratos e se retirou para o seu apartamento".
A PF anotou: "O interesse em entregar extratos bancários, em mãos, à noite, quase madrugada, ao ministro de Estado da Fazenda, não é institucional, mas pessoal".
Ao lado de Palocci, em sua casa, estava o seu assessor especial e de imprensa, Marcelo Netto. (RUBENS VALENTE)


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