São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999 |
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PAINEL Acusou o golpe Apesar das reações de desdém, o governo não saiu incólume da "Marcha dos 100 Mil". A avaliação, feita dentro do Planalto, é que o movimento cresceu na sombra da baixa popularidade do governo. Uma situação que FHC precisaria reconhecer, caso queira recuperar o prestígio perdido. Correndo atrás A ofensiva de FHC para recuperar a popularidade deveria se desenvolver em três planos: crédito (baixa dos juros), agricultura (que vota com o governo, mas está insatisfeita) e construção civil (que reage mais rapidamente ao desemprego). Erro de cálculo Os vendedores de cachorro-quente fizeram a festa durante a marcha. Venderam tudo. Menos duas barracas, uma do PC do B e outra do PCO, que propunham sanduíches naturais. São comunistas, não entendem nada de mercado. Concorrência política A hipótese seria há alguns meses absurda. Mas cabeças do PT temem o crescimento de Ciro Gomes e a transfusão de adesões que tendem a fortalecer o PPS. Daí dar todo o gás possível para a marcha. Disciplina partidária Zé Dirceu, presidente petista, telefonou para Zeca do PT (MS) reclamando de ele não ter ido a Brasília para integrar a marcha. O governador alegou que era aniversário de Campo Grande. Visão inadequada A polícia de Roriz (DF) entendeu tudo errado. Temendo que ninguém menos que FHC pudesse cair na mão dos manifestantes, despachou para o Palácio do Planalto a turma de elite do Grupo de Repressão a Sequestros. Opção discreta Os dois governadores do PSB, Ronaldo Lessa (AL) e João Capiberibe (AP), estavam ontem em Brasília. Mas preferiram não engrossar o número de autoridades no palanque. Jogo sucessório 1 A proibição de coligações nas eleições proporcionais é um golpe dos grandes partidos (PFL, PMDB e PSDB), com a discreta cumplicidade do PT, na candidatura Ciro Gomes (PPS). Deixa ainda o sonho presidencial de Garotinho (PDT) na dependência de uma grande legenda. Jogo sucessório 2 PFL, PMDB e PSDB alegam que o veto a coligações nas proporcionais não impediria o surgimento de fortes candidaturas nos partidos nanicos. Exemplo: Collor. Mas a eleição de 89 foi solteira, diminuindo o peso dos partidos. Em 94, FHC teve de se aliar ao PFL para se eleger. Termos de comparação De Amir Lando (PMDB-RO), relator da CPI que levou ao impeachment de Collor, sobre os números da marcha de ontem: "Tinha mais gente do que no dia final daquela CPI". Dar o troco nas urnas Geddel (PMDB) e Inocêncio (PFL) encabeçam uma lista negra que ruralistas distribuirão às suas bases. Eles articularam a vitória do governo na Comissão de Constituição e Justiça. Questão de atualidade A CNBB decidiu ontem que a Campanha da Fraternidade de 2001 será sobre o combate ao narcotráfico. Informação alternativa A Igreja Católica inaugura a partir de outubro um serviço noticioso na Internet, que será abastecido por 500 "comunicadores populares". Atrás do prejuízo Covas recebe hoje de manhã a visita de Mussa Demes (PFL-PI), relator da Reforma Tributária no Congresso. O Estado de São Paulo teme perder receitas. Recado para Serra Roseana Sarney recebeu esta semana a visita da ministra portuguesa da Saúde, Maria Belém. Um dos comentários da governadora do Maranhão: "Se estamos passando nossa experiência para Portugal, também podemos ajudar o Brasil". TIROTEIO De Mercadante (PT), sobre Arthur Virgílio (PSDB-AM) ter dito que apenas 30 mil pessoas participaram da marcha: - O governo está tentando fazer com a marcha mais um ajuste fiscal para se adequar às metas do FMI. CONTRAPONTO Direitos fundamentais Os governos federal e de Brasília mobilizaram 7.100 policiais para garantir a segurança durante a "Marcha dos 100 Mil", mas deixaram buracos que beiraram o ridículo. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, chegou ao Palácio do Planalto às 10h15. Menos de cinco minutos depois, duas carroças, dirigidas por meninos, passaram em frente ao Planalto. A sujeira que os cavalos deixaram nas ruas era suficiente para intimidar qualquer manifestante mais afoito. No prédio do Ministério da Justiça, José Carlos Dias acompanhava a manifestação de seu gabinete, em companhia de secretários e assessores. A certa altura, Dias viu um casal rolando no gramado localizado ao lado do ministério. Um assessor perguntou: - Ninguém vai fazer nada? José Gregori (Direitos Humanos), que também acompanhava a cena, saiu em defesa dos manifestantes: - Não, isso seria uma violação aos direitos humanos! Próximo Texto: Protesto: Oposição reúne 75 mil e promete greve nacional Índice |
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