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PROTESTO
Abaixo-assinado entregue ontem a Temer é só pressão política
CPI, se aprovada, levaria dois anos para começar
DENISE MADUEÑO
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
A solenidade de
entrega do abaixo-assinado, símbolo
da "Marcha dos 100
Mil", foi rápida e
sem a presença do
presidente do PDT, Leonel Brizola. A ausência surpreendeu o comando político do movimento,
evidenciando as diferenças com o
PT de Luiz Inácio Lula da Silva,
que fez questão de participar da
solenidade.
O documento foi entregue ao
presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), no Salão Negro
do Congresso Nacional. Ele elogiou o movimento.
O abaixo-assinado pede a abertura de uma CPI para apurar a
privatização do Sistema Telebrás
e a abertura de processo contra
FHC por crime de responsabilidade, primeiro passo para o impeachment.
O PDT acabou representado
por deputados e senadores. A solenidade, que começou por volta
das 12h, durou 30 minutos. Temer
ficou dez minutos no local.
O comando do movimento preferiu fazer uma entrega simbólica,
com parte das assinaturas, para
não atrasar o início do ato público
na Esplanada dos Ministérios.
O presidente do PT, José Dirceu,
disse que as assinaturas recolhidas totalizaram 1,3 milhão. "O
Brasil precisa da CPI. O Brasil pede uma mudança", afirmou.
Apesar do número de assinaturas, o documento servirá como
pressão política. Não há dispositivo legal que estabeleça instalação
de CPI por iniciativa popular. Para a criação de uma CPI na Câmara são necessárias 172 assinaturas.
Além disso, há dez pedidos de
CPI na fila esperando instalação.
Caso a oposição reunisse as assinaturas necessárias, a CPI só seria
instalada daqui a dois anos.
No caso de processo de impeachment, a Constituição garante o direito a qualquer pessoa de
denunciar o presidente por crime
de responsabilidade. O documento não deverá ser acatado porque
não apresenta indícios de crime.
"O movimento é para pressionar, para sensibilizar os deputados e senadores a assinar o pedido
de CPI", afirmou o líder do PT, José Genoino (SP).
A oposição ainda espera a votação do recurso contra a decisão de
Temer, anunciada em junho passado, que arquivou o pedido de
abertura de processo contra FHC.
Na época, Temer argumentou
que "só no momento de grande
comoção nacional é que se pode
usar esse instrumento". Ontem,
ele disse que irá analisar o pedido
dentro dos critérios regimentais.
A base para o pedido de processo é a conversa telefônica gravada
entre FHC e o então presidente do
BNDES, André Lara Resende, publicada pela Folha em maio passado.
No diálogo, FHC autoriza Lara
Resende a usar o seu nome para
pressionar o fundo de pensão dos
funcionários do Banco do Brasil a
entrar em um dos consórcios participantes do leilão de privatização do Sistema Telebrás.
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