São Paulo, Sexta-feira, 27 de Agosto de 1999
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Líderes vêem "alerta'; ACM crê em fracasso

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), considerou a manifestação das oposições "um fracasso", ao contrário de outros líderes aliados que viram um "alerta" para o governo. Ele assistiu a quase tudo de camarote, pela vidraça do Congresso, sentado em uma mesa do salão de café do Senado.
ACM calculou haver menos de 30 mil pessoas e previu que a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso vai "crescer". Quando a manifestação terminou, ACM foi ao Palácio do Planalto cumprimentar FHC.
Disse que o presidente estava tranquilo e feliz, mas procurava "se conter" para não demonstrar tanta felicidade. "Qualquer sujeito fica feliz com o insucesso do adversário", afirmou.
O presidente do Senado disse que o ato foi positivo para a democracia, por ter se realizado sem violência. Mas que foi um "erro" das oposições.
Bem-humorado, ACM fez piadas durante todo o tempo em que assistia à manifestação pela vidraça. Contou episódios de protestos contra o governo em que ele próprio participou quando estudante -em um deles disse que apanhou da polícia- e se divertiu quando manifestantes pularam no espelho d'água do Congresso.
"O lago foi feito para isso mesmo. Para dar ao povo uma piscina", ironizou. Na verdade, ACM mandou construir o espelho d'água (de 40 centímetros de profundidade) em 1998, para evitar invasões no Congresso. "Eles pensam que a água é benta", disse, rindo.
"Em política, abaixo-assinado não é coisa séria, porque é falsificado. Muitos assinam 100 vezes, 500 vezes, 1.000 vezes. Ninguém vai conferir mesmo", disse.
ACM fez várias ironias. Quando ouviu a primeira vaia, disse que era Temer passando entre os manifestantes. Na segunda vaia, zombou dizendo que era o discurso do líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE).

Aliados
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e líderes aliados classificaram a "Marcha dos 100 Mil", promovido pelas oposições, como um "alerta" para o governo. Temer defendeu o redirecionamento da política econômica e melhorias sociais no país. O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), pregou uma "correção de rumos" do governo.
"A manifestação serve como alerta para o governo de que alguma coisa está acontecendo. O Brasil quer e necessita de uma economia redirecionada e melhorias sociais", disse Temer.
Inocêncio sugeriu que FHC analise as críticas e as reivindicações do movimento.
"O governo deve analisar onde é preciso corrigir rumos", disse o pefelista.
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), afirmou que o governo tem de estar preparado para manifestações da oposição.
Aécio foi o primeiro a tachar a marcha de "golpista" e a anunciar que o governo poderia responder à manifestação com "violência".


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