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Líderes vêem "alerta';
ACM crê em fracasso
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
considerou a manifestação das
oposições "um fracasso", ao contrário de outros líderes aliados
que viram um "alerta" para o governo. Ele assistiu a quase tudo de
camarote, pela vidraça do Congresso, sentado em uma mesa do
salão de café do Senado.
ACM calculou haver menos de
30 mil pessoas e previu que a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso vai "crescer". Quando a manifestação terminou, ACM foi ao Palácio do
Planalto cumprimentar FHC.
Disse que o presidente estava
tranquilo e feliz, mas procurava
"se conter" para não demonstrar
tanta felicidade. "Qualquer sujeito fica feliz com o insucesso do
adversário", afirmou.
O presidente do Senado disse
que o ato foi positivo para a democracia, por ter se realizado sem
violência. Mas que foi um "erro"
das oposições.
Bem-humorado, ACM fez piadas durante todo o tempo em que
assistia à manifestação pela vidraça. Contou episódios de protestos
contra o governo em que ele próprio participou quando estudante
-em um deles disse que apanhou da polícia- e se divertiu
quando manifestantes pularam
no espelho d'água do Congresso.
"O lago foi feito para isso mesmo. Para dar ao povo uma piscina", ironizou. Na verdade, ACM
mandou construir o espelho d'água (de 40 centímetros de profundidade) em 1998, para evitar invasões no Congresso. "Eles pensam
que a água é benta", disse, rindo.
"Em política, abaixo-assinado
não é coisa séria, porque é falsificado. Muitos assinam 100 vezes,
500 vezes, 1.000 vezes. Ninguém
vai conferir mesmo", disse.
ACM fez várias ironias. Quando
ouviu a primeira vaia, disse que
era Temer passando entre os manifestantes. Na segunda vaia,
zombou dizendo que era o discurso do líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE).
Aliados
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), e líderes aliados classificaram a "Marcha dos
100 Mil", promovido pelas oposições, como um "alerta" para o governo. Temer defendeu o redirecionamento da política econômica e melhorias sociais no país. O
líder do PFL, Inocêncio Oliveira
(PE), pregou uma "correção de
rumos" do governo.
"A manifestação serve como
alerta para o governo de que alguma coisa está acontecendo. O Brasil quer e necessita de uma economia redirecionada e melhorias sociais", disse Temer.
Inocêncio sugeriu que FHC
analise as críticas e as reivindicações do movimento.
"O governo deve analisar onde é
preciso corrigir rumos", disse o
pefelista.
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), afirmou que o
governo tem de estar preparado
para manifestações da oposição.
Aécio foi o primeiro a tachar a
marcha de "golpista" e a anunciar
que o governo poderia responder
à manifestação com "violência".
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