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PROTESTO
Sem fazer avaliação política, presidente fará lançamento do plano de investimentos na próxima 3ª
FHC prepara "contra-ataque" à marcha
AUGUSTO GAZIR
WILSON SILVEIRA
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique
Cardoso recusou-se ontem a fazer
uma avaliação política da "Marcha dos
100 Mil", por intermédio de seu
porta-voz, Georges Lamazière,
mas espera transformar a próxima terça-feira no dia do contra-ataque à manifestação.
"O presidente considera que o
que ele tinha a dizer (sobre a manifestação) já foi dito", afirmou
Lamazière.
Na terça o governo lança o plano plurianual, já chamado por
FHC de "plano de desenvolvimento", com projetos de investimento para os próximos quatro
anos, que somam US$ 165 bilhões.
Embora dependam, em grande
parte, da disposição da iniciativa
privada para sair do papel, os projetos serão apresentados como
prova de que o governo não está
parado. O plano tem de chegar ao
Congresso até o fim de agosto.
Assessores de FHC menosprezaram a marcha por não alcançar,
segundo eles, o número anunciado de 100 mil manifestantes. Segundo o porta-voz, a única informação que o Planalto recebeu sobre o número de participantes foi
de 40 mil, divulgado pela Secretaria de Segurança Pública.
"O importante não são esses
números. O importante para o
presidente é que a manifestação
transcorreu sem incidentes, que a
população não alterou sua rotina
e que a cidade funcionou normalmente", disse Lamazière.
"A manifestação, que é uma coisa normal na democracia, ocorreu dentro da lei e da ordem."
De acordo com o ministro Sarney Filho (Meio Ambiente), que
esteve com FHC antes do almoço,
o presidente achou que veio menos gente do que era esperado. "O
protesto teve o fator positivo de
unir a base governista. O presidente concordou."
O presidente encheu sua agenda
ontem no Palácio do Planalto,
procurando cercar-se de ministros e parlamentares aliados.
A ida do presidente ao Planalto
pela manhã não teria sido, conforme se especulou, para sinalizar
aos manifestantes que ele estava a
postos. Segundo assessores, deveu-se ao fato de estar recebendo
a bancada de Pernambuco no
Congresso, um número de pessoas grande demais para ser recebido no Alvorada.
FHC foi almoçar no Alvorada e
retornou. Acompanhou a marcha
pelos serviços dos jornais na Internet e pela TV.
Cerca de mil policiais militares
isolaram a praça dos Três Poderes, onde fica o Planalto.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
esteve com FHC à tarde e passou
ao presidente sua avaliação do
ato. Ele disse que considerou a
marcha um fracasso.
Pela manhã, quando conversava com parlamentares pernambucanos, o presidente recebeu telefonema de seu colega uruguaio,
Julio María Sanguinetti. O presidente do Uruguai se disse preocupado, segundo deputados, pois
tudo que acontece no Brasil acaba
se repetindo no país vizinho.
FHC conversou durante o dia
com o general Alberto Cardoso
(Casa Militar) sobre a segurança
na marcha.
TSE
O PSDB, partido de FHC, teve
uma vitória contra o PT ontem no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral.
O tribunal desautorizou a participação do PT em propagandas
pagas em emissoras de rádio e televisão, como a veiculada nos últimos dias em Brasília para divulgar a "Marcha dos 100 Mil".
O presidente do PT, José Dirceu, foi notificado pelo TSE para
que o partido "se abstenha de realizar propaganda paga", porque
considerou que a legislação só
permite a veiculação de publicidade partidária gratuita.
A notificação foi feita a pedido
do PSDB, mas ela não teve efeito
prático porque os anúncios já haviam sido veiculados.
Colaborou Carlos Eduardo Lins da
Silva, da Sucursal de Brasília
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