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ELDORADO DO CARAJÁS
MP do Pará autoriza a retomada do processo
Julgamento dos PMs deve ser reiniciado na próxima semana
LUCAS FIGUEIREDO
enviado especial a Belém
LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém
O Ministério Público do Pará voltou atrás e vai permitir que seja reiniciado o julgamento
dos PMs que atuaram na operação que resultou na
morte de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás, em abril de 96.
O TJ (Tribunal de Justiça) do
Estado, que pressionou pela retomada do julgamento, tentará
reinstalar ainda hoje o tribunal do
júri. Entretanto, os trabalhos só
devem começar na próxima semana devido à impossibilidade
de convocar todos os réus, testemunhas, advogados e funcionários públicos que participam do
julgamento.
Três réus julgados na semana
passada foram absolvidos -o coronel Mário Colares Pantoja, o
major José Maria Oliveira e o capitão Raimundo Almendra Lameira. Restam outros 147 acusados.
Depois de abandonar o tribunal
do júri em protesto contra a conduta do juiz Ronaldo Valle, o promotor Marco Aurélio Nascimento, responsável pela acusação,
voltou atrás.
"Estarei de volta ao tribunal do
júri até por respeito à instituição",
disse o promotor. Sua ausência
impedia os trabalhos, já que o tribunal do júri não pode funcionar
sem a presença do acusador.
Ele reconheceu, no entanto, que
o julgamento dos próximos réus
pode ser "contaminado" pela sistemática do júri anterior.
O promotor ainda faz uma última tentativa de manter o julgamento paralisado. Ontem, às
16h20, ele protocolou no TJ um
pedido de suspensão do tribunal
do júri até que se decida pelo pedido de anulação da primeira sessão do julgamento. Mas é difícil
que o TJ decida a questão ainda
hoje.
Para Nascimento, a primeira
sessão do julgamento deve ser
anulada por uma série de problemas que teriam acontecido. Entre
eles, o fato de um dos jurados ter
emitido opinião durante o julgamento. O promotor também
questiona a legalidade de um dos
quesitos (perguntas feitas aos jurados que definem o veredicto)
do julgamento, que acabou decidindo a absolvição dos réus.
Os jurados foram questionados
se haveria "insuficiência de provas" para condenar os réus. Para
Nascimento, esse quesito é irregular porque trata de juízo de valor e não de fato concreto.
Durante a última semana, o TJ
pressionou o Ministério Público a
obrigar o promotor a voltar ao tribunal do júri, o que permitiria a
retomada do julgamento.
Chegou a pedir que fosse designado um promotor substituto e
ameaçou, caso não fosse atendido, indicar um promotor à revelia
do Ministério Público.
Ainda não está certo quais serão
os próximos PMs a serem julgados. Para o promotor, o próximo
bloco do julgamento deve apreciar os casos dos sargentos Roberto Nazareno Moraes, Everaldo
Lins, Ruy Rodrigues dos Santos,
Antonio Wilson Reis dos Santos,
Antonio Carlos Gomes dos Santos e Carlos Alberto Alves dos
Santos.
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