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MISTÉRIO EM AL
Augusto Farias afirma estar sendo perseguido
Irmão de PC acusa delegados de comandar uma quadrilha
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
MÁRIO MAGALHÃES
enviado especial a Maceió
O deputado Augusto Farias (PPB-AL) disse ontem
que os delegados
Antônio Carlos
Lessa e Alcides Andrade, os responsáveis pela nova
investigação sobre as mortes de
Paulo César Farias e Suzana Marcolino, comandam uma quadrilha de extorsão, assassinato e pistolagem em Alagoas.
"Eles são sócios, um bando de
canalhas", afirmou o deputado.
Não foram apresentadas acusações específicas nem provas, o
que a família Farias promete para
a edição de domingo do jornal de
sua propriedade, a "Tribuna de
Alagoas."
Irmão de PC, Augusto Farias fez
a afirmação um dia depois de o
delegado Andrade ter dito que é
"quase inevitável" o indiciamento
do deputado sob a acusação de
ser o mandante das duas mortes
ocorridas em 1996.
A polícia vai abrir um inquérito
específico para apurar suposta
tentativa de suborno feita por
funcionário do grupo empresarial
dos Farias para o delegado Lessa,
presidente do inquérito, não indiciar o deputado irmão de PC.
A possível proposta foi gravada
sigilosamente por Lessa em duas
conversas com o jornalista Roberto Baía.
As conclusões do inquérito sobre o suposto suborno também
servirão para a investigação do
caso do assassinato de PC.
Versão de Augusto
O irmão de Paulo César Farias
reconheceu que se encontrou
com Baía numa festa no sábado,
dois dias antes da segunda gravação, mas negou que o jornalista
pudesse falar em seu nome.
"Os delegados armaram um
plano contra mim. Isso é típico de
pessoas sem escrúpulo."
A entrevista coletiva de ontem
foi a primeira de Augusto Farias
desde a publicação, em março, da
reportagem da Folha que provocou a reabertura do caso PC.
Em 1996, a Polícia Civil alagoana concluiu que Suzana matou o
ex-tesoureiro de Fernando Collor
de Mello e depois se suicidou.
Agora, após a reabertura do caso,
os delegados já indiciaram quatro
ex-seguranças de PC Farias como
autores das mortes.
"A Secretaria da Segurança vem
cometendo aberrações", afirmou
o irmão de PC. "O secretário da
Segurança, Edmilson Miranda, é
um moleque. Usa métodos de
crápula, é um araponga de quarta
categoria, que não era nem delegado da Polícia Federal, mas
agente."
"Nossa família continua tendo a
tese de crime passional", disse o
deputado. Na sua opinião, o delegado Alcides Andrade o "persegue" para favorecer o tio Moacir
Andrade, ex-governador de Alagoas. Andrade deixou o PPB do
Estado neste ano depois de Augusto Farias assumir o controle
do partido.
"Estou sendo vítima de um conluio político para inserir o meu
nome no assassinato da pessoa
mais querida que tive na vida."
Augusto Farias disse que o governador Ronaldo Lessa (PSB) "é
omisso, falta-lhe pulso".
O deputado afirmou que os delegados "armaram" a versão do
padrasto de Suzana, Eraldo Rodrigues, segundo o qual o segurança Reinaldo Lima lhe contou
ter encontrado Suzana viva, próxima ao cadáver de PC. Lima é
um dos indiciados por duplo homicídio.
"Os delegados foram a João Pessoa e criaram a versão", disse o
deputado alagoano.
Na verdade, antes do depoimento do padrasto de Suzana, o
relato já havia sido publicado na
Folha, em entrevista da jornalista
Ana Luiza Marcolino Noaro, irmã
da namorada de PC.
Outro lado
O delegado Lessa disse que Augusto Farias está "desesperado".
"Nós temos provas do que estamos dizendo", afirmou.
O secretário da Segurança, Edmilson Miranda, disse que faz
"polícia, e não política". "Se atinjo
os poderosos, não tenho culpa."
Já o governador Ronaldo Lessa
afirmou não ser "omisso" e tratar
"o caso PC como assunto de polícia".
O delegado Alcides Andrade
disse que não está ajudando seu
tio, Moacir Andrade, suplente de
deputado federal. "Meu tio não
ganha nada, ele não é suplente do
deputado Augusto".
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