São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

FHC x Lula

FHC, que venceu Lula duas vezes, entrou na campanha. Sábado, estavam lá as inserções tucanas, dizendo:
- A propaganda de Marta ofendeu Fernando Henrique. Ele nunca deixou de mandar recursos para Marta. Dizer o contrário é mentira.
Estava lá também a imagem de José Serra com o ex-presidente, "que declarou apoio", noticiou o SPTV.
Ontem, mais uma vez, lá estava FHC, mas agora nos comerciais petistas, que voltaram a bater na velha tecla:
- Nos primeiros dois anos de Marta, Fernando Henrique era o presidente. Marta teve muito pouca ajuda e não pôde fazer tudo o que gostaria.
A novidade era a contraposição a Lula, com imagens de ambos, mais a mensagem de que com o petista "Marta teve muita ajuda e pôde fazer muita coisa", seguida da pergunta:
- Essa parceria deve acabar ou deve continuar?
A chantagem com o corte de recursos agora é aberta -como vem sendo com os governadores, a começar do Rio.
Lá, o marido da governadora ameaçou não repassar verbas para as cidades que elegerem petistas. O ministro Tarso Genro surgiu anteontem no RJTV para declarar:
- O presidente me autorizou a dizer que o governo federal vai cobrir qualquer ausência de convênio que eventuais governos de Estado se neguem a fazer por discriminação política.
O dinheiro é o ingrediente mais recente de uma campanha cada vez extremada, a ponto de Kennedy Alencar falar em "guerra fria", ontem em coluna na Folha On Line:
- Nos bastidores, as campanhas de Serra e Marta trocavam ameaças sobre usar "bombas atômicas" na TV. Se um lado usar "artefato nuclear", o troco vem na mesma moeda.
Mas calma, leitor, faltam só quatro dias de horário eleitoral, até o primeiro turno.
E para o segundo, só com os dois com propaganda na TV, o risco de perder pontos com os ataques diretos é alto demais.

CHE E OS EUA

Lara Tomlin - newyorker.com
Che segundo a revista "The New Yorker"...

Reprodução
... e segundo o "WSJ"

"Diários de Motocicleta" foi recebido nos EUA, nos últimos dias, por um sem-número de críticos, na maioria simpáticos tanto ao filme de Walter Salles quanto ao personagem. No "New York Times", A.O. Scott derramou-se sobre o "road movie" dos "dois jovens" que redescobrem a América do Sul:
- Uma exploração lírica das sensações e percepções de onde emerge um entendimento político do mundo... Revive a noção romântica e venerável de que viajar pode ampliar a alma e até mudar o mundo.
O "Wall Street Journal" foi contido, mas louvou "o quadro convincente do revolucionário quando jovem". A "New Yorker" de Anthony Lane fez elogios às imagens e ironias quanto à porção da vida de Che escolhida por Salles -e expôs uma paixão mal disfarçada pela "beleza" da "estrela" Gael García Bernal.
Nas críticas mais carregadas, o "Village Voice" atacou pela esquerda, falando em "guia ilustrado para a auto-afirmação de brancos liberais". Pela direita, a revista on line Slate convocou não um crítico, mas um jornalista político, Paul Berman. Passagens do texto da Slate:
- A Grande Mentira de "Diários de Motocicleta"... Não aplauda "Diários de Motocicleta". Che era um totalitário. Ele não alcançou nada além de desastre. Che era um inimigo da liberdade.
E daí para baixo. Afinal, são os EUA.

EUA e os latinos
Andres Oppenheimer, do "Miami Herald" e da CNN em espanhol, surgiu ontem com os dados da pesquisa Latinobarómetro, de um instituto chileno, sobre a imagem dos EUA em 18 países da América Latina.
"Notícias preocupantes para o governo Bush", anunciou, dizendo que em alguns, como a Colômbia, a imagem até melhorou, "mas nos três maiores, os três países-chaves, México, Brasil e Argentina, continuou a cair dramaticamente":
- Há cada vez menos simpatia pelos Estados Unidos, especialmente entre os seus cidadãos mais educados.

Os papas
Dois apoios inusitados para o governo Lula no exterior.
Primeiro, o próprio papa. Segundo despacho de ontem da agência AP, em sites diversos, João Paulo 2º defendeu em Roma os "esforços" da conferência da semana passada, em Nova York, que "objetivam uma ação mais unificada e eficiente contra a fome e a pobreza".
Ele rezou publicamente para Deus "apoiar os esforços".
O outro apoio, não tão santificado, veio do diretor do FMI, Rodrigo Rato, em entrevista ao "El País". Elogiou o "assentamento positivo de boas políticas econômicas" no Brasil.


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