São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

6 petistas envolvidos no caso dossiê têm prisão decretada

PF não executará mandados até dia 4, seguindo determinação da Justiça Eleitoral

Pedido foi feito a juiz de plantão no final de semana pelo procurador Mário Lúcio Avelar, que agora nega ter requerido as detenções


LEONARDO SOUZA
FÁBIO VICTOR
ENVIADOS ESPECIAIS A CUIABÁ

A Justiça Federal decretou a prisão, a pedido do Ministério Público Federal, dos seis petistas envolvidos com a compra do dossiê que seria usado contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra.
Gedimar Passos, Valdebran Padilha, Expedito Veloso, Oswaldo Bargas, Jorge Lorenzetti e Freud Godoy, no entanto, não foram presos ontem.
A PF entendeu que não poderia efetuar os mandados devido a restrições impostas pela Justiça Eleitoral, que impede prisões a menos de cinco dias das eleições, a não ser em flagrante. Os mandados chegaram à Polícia Federal na madrugada de segunda para terça-feira.
É a primeira vez que é solicitada e autorizada pela Justiça a prisão de petistas diretamente ligados à campanha do presidente. Na semana passada, a Justiça havia negado pedido de prisão preventiva de Freud, ex-assessor especial da Presidência da República.
O episódio representou também mais um atrito entre o procurador que acompanha o caso, Mário Lúcio Avelar, e a Superintendência da PF em Mato Grosso, que instaurou o inquérito para apurar a origem do dinheiro que seria usado pelo PT para comprar o dossiê.
O procurador fez os pedidos de prisão no final de semana. A Corregedoria da PF avaliou que os mandados só poderão ser cumpridos agora na semana que vem, na próxima quarta-feira, 48 horas após o primeiro turno das eleições, que será neste domingo.
Mesmo depois de a reportagem ter confirmado a expedição do mandado com a PF e com o advogado de Godoy, Augusto Adalto Botelho, o procurador negou que tivesse feito os pedidos de prisão.
De acordo com Botelho, no pedido de prisão, o Ministério Público Federal argumentou que houve várias contradições nos depoimentos prestados pelos seis petistas. Assim, seria necessário prendê-los e ouvi-los novamente para que as dúvidas fossem esclarecidas.
Segundo a Folha apurou, os integrantes da PF responsáveis pelo caso avaliaram que não seria necessário prendê-los para colher seus depoimentos, bastava uma intimação a depor.
Entenderam também que Avelar, para obter os mandados, recorreu à Justiça no final de semana para que o despacho fosse dado por juiz de plantão.
Gedimar e Valdebran foram detidos em São Paulo no último dia 15. Eles portavam R$ 1,75 milhão que seria usado para pagar o empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, pelo dossiê contra os tucanos.
Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil, Oswaldo Bargas, Jorge Lorenzetti e Freud Godoy são apontados como envolvidos na negociação dos documentos, apreendidos pela PF em Cuiabá no dia 14 com Paulo Roberto Trevisan, tio de Vedoin. Eles integravam o comitê de campanha à reeleição do presidente Lula.
Até o fechamento desta edição, Folha não havia conseguido localizar os advogados de Gedimar, Valdebran, Lorenzetti, Veloso e Bargas. O advogado de Godoy disse que deve entrar hoje com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
"Achei no mínimo a estranha essa decisão por se tratar de um plantão judiciário. Meu cliente nunca deixaria de comparecer à Justiça", afirmou.


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