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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Não caio porque povo me dá pernas, diz Lula
Em comício em Minas, petista volta a se comparar a Tiradentes e reafirma que vencerá a eleição já no primeiro turno
"Por mais que eles falem, eu ganharei as eleições no domingo que vem, para a felicidade do povo brasileiro e desencanto de alguns", diz
PAULO PEIXOTO
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez na noite de ontem
em Belo Horizonte o mais contundente discurso dos sete comícios que realizou em Minas
Gerais nesta campanha.
Com a fala ofegante, Lula atacou seus adversários por 25 minutos. Acusou PSDB e PFL de
terem criado os sanguessugas e
disse que, apesar de tucanos e
pefelistas quererem "sangrá-lo" e baterem nele com "calúnias e injúrias", ele não cai porque "é parte do povo que adquiriu consciência política".
O clima anti-PSDB do comício ganhou até um "jingle da reta final da campanha", que reuniu, segundo a Polícia Militar,
cerca de 3.500 pessoas.
Diz uma parte da música, intitulada "Não Troque o Certo
pelo Duvidoso" e lançada ontem também no horário eleitoral: "Não vou deixar a velha turma me enganar / por mais que
eles tentem, não vão voltar /
quanto mais eles mentem, não
vão ganhar / não sou bobo, não
sou louco / é Lula de novo".
Lula voltou a dizer que vencerá a eleição no primeiro turno, após afirmar que tem deixado seus adversários "perplexos
e atônitos" pelo fato de estarem
batendo nele há um ano e meio.
"Por mais que eles falem, eu
ganharei as eleições no domingo que vem, para a felicidade do
povo brasileiro e desencanto de
alguns", disse, ao acrescentar
que a "única certeza" dos seus
opositores é que ele vencerá.
Lula voltou a se comparar a
Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira. Começou
com indagações "perplexas"
que atribuiu à oposição. "Por
que nós batemos tanto no Lula,
por que nós judiamos tanto dele, por que tanta calúnia, por
que tanta infâmia e ele não
cai?", disse Lula.
"Ele não cai porque o Lula
não é o Lula, o Lula é uma parte
do povo desse país que adquiriu
consciência política. É por isso
que eu não caio. Porque eu não
sou sozinho. A hora que eles tirarem as minhas pernas, eu vou
andar pelas pernas de vocês; a
hora que eles tirarem os meus
braços, eu vou gesticular pelos
braços de vocês; a hora que eles
tirarem o meu coração, eu vou
amar pelo coração de vocês. E a
hora que eles tirarem a minha
cabeça, eu vou pensar pela cabeça de vocês", afirmou.
"Eles deveriam ter aprendido com Tiradentes. Não basta
matar, não basta esquartejar,
não basta salgar a carne e pendurar no poste. Porque a carne
você mata e ela apodrece, mas
as idéias estão perambulando
pelas brisas deste país, querendo liberdade, querendo direito,
e isso nós temos de sobra para
dar", completou.
Lula, que disse que tucanos e
pefelistas não têm "moral para
falar em ética" e os acusou de
criarem os sanguessugas.
"Chegaram a dizer que comigo era importante apenas me
fazer sangrar, sangrar, sangrar,
para chegar no final da campanha eu não ter força para disputar as eleições. Só que eles esqueceram que, enquanto eles
fizeram a operação sanguessuga com a ambulância, eu fiz a
operação transfusão de sangue
e o povo brasileiro me deu uma
gota do seu sangue para que eu
pudesse resistir e enfrentá-los
até o dia 1º de outubro."
O presidente não citou o escândalo da compra do dossiê. O
único que fez referência direta
foi o ministro Patrus Ananias
(Desenvolvimento Social). Segundo ele, a oposição e parte da
imprensa querem "transformar o caso do dossiê no grande
acontecimento nacional", mas
os historiadores colocarão esses fatos "como pé de página".
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