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Empresário daria à Justiça papéis contra tucano
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A CUIABÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
Escutas telefônicas apontam
que a negociação de Luiz Antonio Vedoin com interlocutores
do PT envolvia também a entrega à Justiça Federal de documentos contra o empresário
Abel Pereira, ligado ao tucano
Barjas Negri, ex-ministro da
Saúde e ex-secretário-executivo da pasta sob José Serra.
Com base nos documentos
entregues por Vedoin, a Polícia
Federal abriu ontem inquérito
para apurar o envolvimento de
Abel com a máfia dos sanguessugas. A abertura do inquérito
havia sido antecipada pela Folha no domingo.
Ao depor na PF na semana
passada, Vedoin -apontado
como chefe da máfia dos sanguessugas- entregou ao delegado Diógenes Curado Filho o
mesmo material contra Abel já
entregue à Justiça Federal no
dia 14 de setembro.
Neste dia, Vedoin negociava
por telefone a venda de um dossiê contra José Serra, candidato do PSDB a governador de
São Paulo.
Os documentos contra Abel
são quatro extratos bancários
envolvendo depósitos (que somam R$ 183,5 mil) para empresas supostamente indicadas
por Abel no fim de 2002 e início
de 2003.
Às 19h19 do dia 14, Vedoin fala com o empresário petista
Valdebran Padilha da Silva,
preso horas depois em São Paulo com a quantia de R$ 1,7 milhão que seria usada para comprar o dossiê. Na conversa, os
dois falam sobre o dossiê contra tucanos e entram no assunto da entrega de documentos à
Justiça.
Diz relatório da PF sobre a
escuta: "HNI [homem não-identificado, possivelmente
Valdebran ou advogado Gedimar Passos, emissário do PT]
questiona se [Vedoin] entregou
à Justiça também. Luiz [Vedoin] diz que entregou tudo".
Vedoin disse à PF que, no
mesmo dia 14, Abel tentou, por
telefone, falar com ele sobre as
acusações. O chefe dos sanguessugas afirmou que não ligou de volta.
Emendas
Em entrevista à revista "IstoÉ", duas semanas atrás, Luiz
Antonio Vedoin disse que Abel
era o responsável por liberar as
emendas que favoreciam a quadrilha na gestão Negri, apesar
de oficialmente não ter vínculo
com a pasta. O ex-ministro nega envolvimento com os sanguessugas e afirma não conhecer os donos da Planam.
Abel é empresário do município de Piracicaba (SP), do
qual Negri hoje é prefeito.
Na quinta-feira da semana
passada, quando prestou novo
depoimento à PF, em Cuiabá,
Vedoin entregou uma planilha
com nomes das prefeituras que
teriam tido emendas individuais ao Orçamento da União
"pagas através de acerto com
Abel Pereira".
Ou seja, verbas para compra
de ambulâncias teriam sido liberadas pelo Ministério da
Saúde em 2002 graças a pagamento de propina a Abel. A planilha, segundo Vedoin, "incrimina Abel, ligado ao ex-ministro [Saúde] Barjas Negri".
(LEONARDO SOUZA, FÁBIO VICTOR E HUDSON CORRÊA)
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