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Senadores acabam com sessão secreta em caso de cassação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com Renan Calheiros sentado na cadeira da presidência do
Senado, ouvindo críticas em série às decisões tomadas pela
Casa a portas fechadas, o plenário aprovou ontem, em votação
simbólica, um projeto que acaba com sessões secretas para
casos de cassação de mandato.
Foi a primeira derrota de Renan desde que foi absolvido no
processo de quebra de decoro
no caso Mônica Veloso, há duas
semanas. Na ocasião, a sessão e
a votação foram secretas.
O projeto que aboliu as sessões secretas de cassação é de
autoria do senador Delcídio
Amaral (PT-MS). Na prática, só
excluiu uma linha do artigo 197
do Regimento Interno.
Para que a regra passe a valer
basta que seja promulgada, o
que permitirá que sejam abertas eventuais sessões de cassação envolvendo os demais processos contra Renan em curso.
Constrangido, Renan acompanhou um a um os discursos
contra as sessões às escuras. "É
um regulamento medieval, parece um conselho que escolhe o
papa, todo mundo fechado, e,
de repente, se abre e dá a notícia ao mundo", disse o líder do
PSDB, Arthur Virgílio (AM).
"O fim da sessão secreta foi o
único resultado positivo da crise que o Senado enfrentou nos
últimos meses", comemorou
Renato Casagrande (PSB-ES).
Ao encaminhar a ordem para
a votação à sua bancada, o líder
do PMDB, Valdir Raupp (RO),
ironizou: "O PMDB apóia sessão aberta porque a última que
deveria ser secreta não foi. Saiu
em tempo real tudo o que se falou", disse, citando parlamentares que transmitiram as informações para a imprensa.
"Não quero interpretar que o
que estamos fazendo aqui seja
como quer a imprensa", disse
Wellington Salgado (PMDB-MG), aliado de Renan.
Renan ainda enfrenta três
processos de cassação. Ontem,
o conselho adiou pela segunda
vez a votação do desfecho do
segundo deles, que envolve a
Schincariol. O relator, João Pedro (PT-AM), pedirá que o processo fique congelado.
No plenário, não escondeu o
desconforto. Questionado pelo
senador Jarbas Vasconcelos
(PMDB-PE), que foi relator da
matéria na Comissão de Constituição e Justiça, porque ele
teria mudado o relator no plenário, Renan foi ríspido: "Porque é competência minha".
Renan era contra a abertura
das sessões, mas seu principal
temor envolve o fim do voto secreto. Há duas PECs (Proposta
de Emenda Constitucional) no
Senado que tratam do tema. As
propostas começaram a tramitar ontem, mas o caminho até a
sua aprovação é longo e necessita do aval da Câmara.
"O voto secreto foi uma conquista da democracia. Existe
para proteger as pessoas da
pressão do poder político, do
poder econômico e, também
hoje, de setores da própria mídia", disse, antes da votação.
Sobre sessões secretas, disse:
"Não tem mais, porque a decisão do Supremo [que permitiu
a entrada de deputados] já tinha aberto a última sessão. Mas
foi um avanço que deve servir
de exemplo. Tudo o que fortalece a democracia é muito bom".
(SN e AM)
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