São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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CEARÁ

Ex-governador vê a disputa ir ao 2º turno pela primeira vez em 16 anos; "onda Lula" foi determinante

Disputa se torna plebiscito sobre 'era Tasso'

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O que parecia uma disputa fácil ao governo do Ceará, levada ao segundo turno apenas por "uma vírgula", tornou-se uma espécie de plebiscito acirrado em que está em jogo a permanência ou a queda da chamada "era Tasso".
A "onda Lula" foi determinante para tornar a eleição competitiva no Ceará. Depois de 16 anos no poder, o ex-governador e senador eleito Tasso Jereissati (PSDB) viu a disputa estadual ir para o segundo turno pela primeira vez.
No primeiro turno, seu candidato, Lúcio Alcântara (PSDB), 59, chegou muito perto da vitória: ficou com 49,79% e precisaria de pouco mais de 6.000 votos para ter mais de 50%. "Foi por uma vírgula", definiu Lúcio à época. O segundo colocado, o até então pouco conhecido José Airton Cirilo (PT), 45, ficou com 28,33%.
Com o início do segundo turno, a estratégia petista de vincular José Airton a Lula surtiu ainda mais efeito do que no primeiro, principalmente depois de Tasso e Lúcio declararem abertamente o voto em José Serra (PSDB) -no primeiro turno, eles apoiaram Ciro Gomes (PPS). Ciro entrou em jogo e lançou o movimento "Lu-Lu" -uma defesa explícita das candidaturas de Lúcio e Lula.
Tasso chegou a pedir votos a Serra no palanque, mas sempre era vaiado. "Foram várias vezes. Eu até começava avisando: olha, não é para vaiar, não, mas meu candidato é o Serra", conta. Na reta final, ele deixou de citar seu candidato nos comícios.
A força da "onda Lula" levou José Airton a encostar em Lúcio nas pesquisas: ele aparece com 46%, contra 54% do tucano, segundo o Ibope, uma diferença que, para os petistas, dá para tirar com a militância na boca-de-urna, hoje.
Para barrar essa "onda", os tucanos começaram a atacar. Primeiro, ao dizer que José Airton não tem idéias próprias. Depois, com denúncias contra o petista no horário eleitoral.
A principal denúncia é sobre a compra de uma casa em Fortaleza por José Airton, alvo de uma investigação no Ministério Público Estadual. A suspeita é sobre a ligação do petista com o ex-dono da casa, João Gonçalves Júnior, dono de uma empresa, a KVA Engenharia, que prestou serviços para a Prefeitura de Icapuí quando José Airton era prefeito. O petista, chegou até a trabalhar para a empresa quando deixou a prefeitura.
O candidato do PT nega as acusações e diz que tudo não passa de perseguição política.


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