São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Sociedade anônima

O Planalto e a Polícia Federal já sabem que a trama abortada quando foram presos os dois petistas com R$ 1,7 milhão para comprar o dossiê contra José Serra não envolveu apenas os "aloprados" já conhecidos do público. Semanas antes do flagrante em São Paulo, houve reunião com mais de 20 pessoas para tratar do assunto em Brasília, aponta a investigação.
Em busca da origem do dinheiro, a PF segue ainda outras pistas: ao menos parte dele teria vindo de "caixa próprio" do grupo chefiado pelo churrasqueiro Jorge Lorenzetti. "Há um braço financeiro na operação, que tinha caixa angariado junto a sindicatos e outras entidades", diz um envolvido na investigação.

Solta-língua. Para as cúpulas da PF e do governo, só delação premiada ou confissão de um envolvido será capaz de mapear toda a origem do dinheiro do dossiê. Um doleiro abriu negociação para dizer o que sabia, mas recuou.

Na mesma. A Concivi, de Abel Pereira, tem 37% das obras contratadas mediante licitação pela Prefeitura de Piracicaba, hoje administrada por Barjas Negri (PSDB). Na gestão anterior, de José Machado (PT), foram 34%.

Em alta. Em números absolutos, porém, a empresa de Pereira, acusado pelos Vedoin no escândalo sanguessuga, saltou de 35 obras na gestão petista para 62 na tucana.

Conciliador. Lula foi aconselhado a ser "humilde e altivo" e evitar parecer arrogante no debate de hoje na Globo. Segundo assessores, o presidente poderá fazer um aceno ao entendimento com a oposição durante o programa.

Vigilância. Escaldados pelo efeito "salto alto" no primeiro turno, petistas convocaram plenárias para hoje em todo o país a fim de organizar a fiscalização de urnas no domingo. A ordem no partido é não relaxar, apesar da ampla vantagem do presidente.

Primeira vez. Em levantamento realizado pelo Datafolha ao final do primeiro turno, 17% afirmaram que nunca haviam sido entrevistados para uma pesquisa política.

Frevo. Governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda (PT) se espantou com o comício de encerramento da campanha de Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco. "Pense no Galo da Madrugada. Parecia Carnaval", disse. O PT local estava em peso no palanque, Humberto Costa à frente.

Acerto 1. O silêncio de José Roberto Arruda (PFL) na reta final da campanha foi combinado com o PT ainda no primeiro turno, quando o governador eleito do Distrito Federal temia enfrentar Maria de Lourdes Abadia (PSDB) num eventual segundo turno.

Acerto 2. Pela proposta de Arruda, ele não atacaria Lula em troca da neutralidade do PT na disputa com Abadia, que acabou não acontecendo.

Bipolar. Enquanto trava guerra verbal com Osmar Dias (PDT) no Paraná, Roberto Requião (PMDB) mudou o estilo de seu material de campanha. Passou de panfletos com a frase "Requião neles" a jornais com títulos como "Tenho amor por Curitiba".

Ver para crer. A campanha de Roseana Sarney (PFL) tem enviado peruas a vilarejos do interior do Maranhão para exibir, num telão, o vídeo em que Lula pede votos para a candidata ao governo.

Abrigo. O deputado Robson Tuma (PFL-SP) está em campanha para virar ministro do TCU. Outros pefelistas derrotados que pleiteiam vaga no tribunal são Moroni Torgan (CE) e Aroldo Cedraz (BA).

Ninguém tasca. Eleito deputado, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) vai abrir escritório da Força em Brasília para acumular as novas tarefas com a presidência da central.

Tiroteio

"Não há notícia de que Deus meça a si mesmo. Com Lula, temos essa grande e nova revelação".
Do filósofo ROBERTO ROMANO, professor de ética na Unicamp, sobre o presidente Lula, que em discurso anteontem disse não querer mais comparações com FHC, apenas consigo mesmo.

Contraponto

Voto secreto

O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) e o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) participaram, na semana passada, de um debate na Universidade Cândido Mendes sobre o tema "Lula e a nova esquerda".
Tarso fez uma apresentação acadêmica, enquanto Alencar discorreu sobre a história das lutas socialistas no mundo. Nenhum dos dois tratou da disputa presidencial. Ao final, um espectador pró-Lula abordou Alencar:
-E você, afinal, não vai declarar seu voto, Chico?
-Mas nem o Tarso Genro me perguntou isso, amigo! Ele sabe que o Lula já está muito bem servido de votos de Chicos: tem o do Buarque e o do Oliveira.


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