São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PF indicia donos de casa de câmbio por uso de "laranja"

Proprietários teriam pago R$ 3.000 a intermediários na venda de US$ 44,3 mil

Polícia tomou depoimentos de quatro pessoas em Minas Gerais e suspeita que parte do dinheiro pode ter vindo de um esquema no Estado


ADRIANO CEOLIN
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal indiciou ontem os donos da casa de câmbio Vicatur, Sirley da Silva Chaves e Fernando Manoel Ribas, porque eles confessaram, segundo a PF, ter pago R$ 3.000 a "laranjas" para uma operação de venda de US$ 44,3 mil.
A Vicatur fica em Nova Iguaçu (RJ). A PF suspeita que parte dos US$ 249 mil usados por petistas para adquirir o dossiê contra tucanos tenha vindo da Baixada Fluminense. A polícia quer saber se esses dólares retirados por "laranjas" da Vicatur foram usados pelos petistas.
Sirley e Ribas foram interrogados pelo delegado Diógenes Curado, que preside o inquérito sobre o dossiê. Os dois contaram, segundo a PF, que pagaram R$ 3.000 a Levy Luís da Silva para que ele cedesse o próprio nome e de outros oito familiares para servirem como "laranjas" na operação da compara dos US$ 44,3 mil.
Levy também foi ouvido, mas a PF não revelou o conteúdo do depoimento dele. A polícia trabalha com a hipótese de que ele usou o nome dos familiares sem o consentimento deles. Levy não foi indiciado.
Sirley e Ribas foram indiciados por crime contra o sistema financeiro (artigo 21 da Lei de Crimes Financeiros) e por falsificação de documentos (artigo 304 do Código Penal). As penas variam de 1 a 6 anos de prisão. Eles não foram localizados.

Apreensão
A PF informou ter apreendido documentos que comprovariam a operação da venda dos dólares de forma irregular. Segundo a legislação, a casa de câmbio é responsável pela identificação do comprador de dólar. A assessoria de imprensa do Banco Central informou que a empresa que comete alguma irregularidade está sujeita à instalação de um processo administrativo que pode gerar multa até a cassação da autorização para operar com câmbio.
Além das diligências no Rio, a PF tomou depoimentos de quatro pessoas em Minas Gerais e suspeita que parte do esquema pode ter uma ponta no Estado. Anteontem, a polícia havia identificado duas pessoas que podem ter sido "laranjas" e que estariam em Ouro Preto.
O uso de "laranjas" para a venda dos dólares deu novo impulso às investigações sobre o R$ 1,7 milhão apreendido num hotel em São Paulo com o ex-policial federal Gedimar Passos e o ex-petista Valdebran Padilha. Os dois disseram que haviam sido contratados pela campanha nacional do PT para entregar o dinheiro a Luiz Antonio Vedoin-líder da máfia das sanguessugas, que entregaria um dossiê contra tucanos.
Imagens do circuito interno do hotel Íbis -onde estavam Gedimar e Valdebran-mostraram que Hamilton Lacerda, coordenador da campanha de Aloizio Mercadante, esteve local portando uma mala. As informações sobre o uso de laranja obtidas pela PF vão permitir que a investigação chegue ao nome das pessoas que providenciaram o R$ 1,7 milhão.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Casa de câmbio de SC entrega à PF operações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.