São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Ao pé do ouvido

Renan Calheiros (PMDB-AL) terá de negociar senador a senador para salvar seu mandato quando decidir anunciar a já esperada renúncia à presidência do Senado. Parlamentares de vários partidos acreditam que Renan consiga reunir apoio suficiente para não ser cassado, mas ninguém aposta numa saída partidária ou institucional que lhe dê essa garantia.
A situação de Aloizio Mercadante (PT-SP) e de outros que recentemente puseram a cara para fora pela cassação é usada para mostrar que não há como fazer um acordão amplo e irrestrito. "Nem o Lula pode pedir ao Mercadante que se suicide politicamente e volte atrás", analisa um líder governista.

Trombada. Ao sugerir que resolve os problemas relativos à tramitação da CPMF diretamente com Aécio Neves, Walfrido dos Mares Guia se encrencou com os tucanos do Senado. "Esse ministro pode ser mineiro, mas a habilidade dele é nenhuma", esbraveja um integrante da bancada.

Geografia. Alguns dos tucanos mais refratários à negociação para prorrogar a CPMF são oposição em seus Estados e não querem facilitar a vida dos governadores com os recursos gerados pela contribuição. Estão nessa lista, entre outros, Álvaro Dias (PR) e Flexa Ribeiro (PA).

Parlatório 1. A semana que vem será dedicada a todas as audiências públicas sobre a CPMF. Os "demos" temem que Pedro Malan, ex-ministro de FHC, ajude o governo, defendendo a cobrança.

Parlatório 2. Os ministros irão ao Senado na quinta-feira. Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e José Temporão (Saúde) insistirão na tecla de que, sem CPMF, os programas sociais sofrerão.

Saia-justa. Os membros da Mesa do Senado foram pegos de surpresa pela decisão de tornar abertas as prestações de contas da verba indenizatória. Ao apresentar a proposta, o presidente interino, Tião Viana (PT-AC), disse que a medida visava evitar boatos sobre a confecção de dossiês com base em dados sigilosos.

Nem vem 1. Cesar Borges (PR-BA) faz pouco da ameaça do presidente do DEM, Rodrigo Maia, de pedir os mandatos dos senadores que trocaram de sigla com base no estatuto do partido: "Fui eleito pelo PFL. Nunca tive nenhum mandato conseguido sob o estatuto do Democratas".

Nem vem 2. Do deputado estadual Campos Machado (SP), que levou o senador Romeu Tuma para o PTB, sobre o DEM: "Com o devido respeito, são hipócritas os partidos que vão bater na porta da Justiça Eleitoral para resgatar mandatos. Não se pode buscar no vizinho os defeitos existentes em casa".

Suprapartidário. O lobby para que o relatório final da CPI do Apagão Aéreo do Senado não inclua recomendação de que o Ministério Público investigue o ex-deputado Airton Soares, do Conselho Administrativo da Infraero, tem representantes do PT ao DEM, passando pelo PSDB.

Número dois. Caso se confirme o favoritismo de Ricardo Berzoini na eleição para a presidência do PT, Paulo Frateschi, hoje no comando do diretório paulista e um dos envolvidos, em 2006, no episódio dos dossiê contra os tucanos, deverá ser o novo secretário-geral do partido.

Parceria. Liderado por Arselino Tatto, um grupo de petistas paulistanos está decidido a não criar problemas para o prefeito Gilberto Kassab daqui até o início da campanha eleitoral. No passado, Tatto e Kassab foram vereadores na mesma legislatura. No futuro imediato, ambos pretendem tornar o ambiente eleitoral inóspito para a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB).

Tiroteio

"No PT, a questão ética não pode mais ser tratada com meias palavras. É preciso dar os nomes".
Do deputado JOSÉ EDUARDO CARDOZO, que disputa a presidência do PT, sobre o adversário Ricardo Berzoini, segundo quem "um ministério" estaria dando "cargos em troca de apoio" na eleição; trata-se de referência a Tarso Genro, patrocinador da candidatura de Cardozo.

Contraponto

Monocultura

Em sessão da CPI do Apagão Aéreo do Senado, o relator Demóstenes Torres (DEM-GO) conversava com Sérgio Guerra (PSDB-PE) sobre o deputado petista Carlos Wilson, conterrâneo do tucano e ex-presidente da Infraero.
-Eu conheci um diretor do Carlos Wilson que era produtor agrícola em Petrolina-, contou Guerra.
-O Carlos também é produtor?-, indagou Demóstenes.
-Ele não chegou a produzir muita coisa, não. Na verdade, foi político a vida inteira-, respondeu o tucano.
-Nesse caso, ele é, sim, um grande produtor: produtor de palavras, muitas palavras...


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