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São Paulo
Marta critica Justiça Eleitoral e campanha do adversário
Para candidata petista, programas de TV de Kassab eram "desqualificadores"
"Notei que nós fomos sempre penalizados e eles, raramente", declarou Marta sobre decisões da Justiça favoráveis ao prefeito
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
O tom inicial era de "virada"
e "força da militância", mas
Marta Suplicy (PT) não conseguiu esconder o descontentamento com o desfecho da sucessão paulistana já na manhã
de ontem, pouco depois do início da votação que confirmaria
sua derrota.
A petista atacou as decisões
da Justiça Eleitoral na disputa,
sugerindo que seu adversário,
Gilberto Kassab (DEM), foi beneficiado. Criticou os programas de TV do prefeito, chamando-os de "desqualificadores". Deixou transparecer ironia ao comentar a ausência do
presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, na campanha.
No final do dia, já com o resultado consolidado, deu uma
declaração breve reconhecendo a derrota.
Marta recebeu bem cedo
apoiadores e jornalistas num
sindicato do centro da cidade.
Cara inchada de sono, partiu
para a ofensiva ao ser questionada sobre o fato de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter
criticado candidatos que recorreram a ataques pessoais -ela
foi punida no segundo turno
por perguntar, na TV, se Kassab era casado e tinha filhos.
"Notei que nós fomos sempre penalizados e eles, raramente. Eu achei que durante a
campanha a minha imagem foi
sempre desqualificada e nada
foi feito [pela Justiça]", disse.
"Ele [Kassab] sempre se passava por um rapaz bonzinho,
porque [os ataques] não saíam
da boca do candidato, mas as
musiquinhas...", completou a
petista, referindo-se aos jingles
da campanha adversária que
continham críticas a ela e à sua
gestão (2001-2004). "Achei que
foi uma campanha bastante
desqualificadora da minha
imagem o tempo inteiro."
Os petistas consideraram
branda a punição do prefeito
por ele ter apresentado em
evento público o "checão" da
prefeitura para o Metrô, uma
de suas bandeiras de campanha. Kassab foi penalizado com
multa. O comitê de Marta queria a cassação da candidatura.
"A Justiça Eleitoral foi parcial", disse seu coordenador da
campanha, o deputado federal
Carlos Zarattini. "Os juízes
mostraram que têm preferências políticas", completou.
Marta evitou falar diretamente de seu comercial sobre a
vida pessoal de Kassab, pelo
qual chegou a pedir desculpas
no debate da TV Record. "Fim
de campanha é normal subir o
tom, mas nós não subimos o
tom primeiro", disse a petista.
"Os últimos 15 dias são muito
acirrados. Às vezes eu fico até
surpresa quando olho o que está acontecendo na campanha
americana, as coisas ditas, às
vezes tão violentas", afirmou.
Pouco antes de ir votar no colégio Madre Alix, nos Jardins,
Marta foi questionada sobre a
ausência de Berzoini nos últimos atos de campanha. O PT
nacional foi crítico à atuação do
grupo da ex-prefeita. "Não tenho a menor idéia. Ele foi convidado como todos os outros,
deve estar ocupado com outras
atividades nacionais."
Declaração
Marta se mostrou emotiva na
hora de admitir a derrota, pouco depois das 19h, na frente de
sua casa, nos Jardins.
Ela não respondeu a perguntas, apenas disse, em exatos 39
segundos: "Acabei de telefonar
ao prefeito Kassab para parabenizá-lo. Quero agradecer aos
milhões de eleitores que tiveram a confiança e votaram na
gente. Ao mesmo tempo, quero
agradecer à militância, que foi
muito aguerrida, aos sindicatos
que nos apoiaram, aos partidos
aliados que compareceram às
ruas e deram muita força. Agora cabe ao povo de São Paulo
fiscalizar e cobrar os compromissos assumidos pelo novo
prefeito. Da minha parte desejo
o melhor para a nossa cidade."
Os aliados da ex-prefeita foram mais duros nas declarações públicas. Zarattini e o vice
de sua chapa, Aldo Rebelo (PC
do B) afirmaram que a petista
foi "vítima de preconceito".
O deputado Jilmar Tatto
(PT) foi além: "Houve uma
frente das elites contra Marta".
A petista recebeu vários aliados em sua casa, entre eles o ex-ministro da Fazenda, Antonio
Palocci (PT-SP). Ela ligou para
parabenizar petistas eleitos,
como Luiz Marinho, e conversou por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
a quem agradeceu o apoio.
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