|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rio de Janeiro
Paes vence Gabeira no Rio por 55 mil votos
Na disputa mais acirrada do Brasil no segundo turno, a diferença entre os dois candidatos é de menos de 2 pontos percentuais
Com feriado antecipado, cidade teve abstenção mais alta desde 1996, o que apoiadores de Gabeira dizem ter favorecido oponente
DA SUCURSAL DO RIO
Na disputa de segundo turno
mais apertada da história do
Rio, o peemedebista Eduardo
Paes bateu o verde Fernando
Gabeira e foi eleito ontem prefeito do Rio de Janeiro. A diferença foi de 55.225 votos: o peemedebista teve 1.696.195
(50,83% dos válidos) contra
1.640.970 (49,17%) do verde.
Aos 38 anos, Paes é o mais jovem mandatário da história da
cidade. Rejeitado pela zona sul,
direcionou sua campanha para
as zonas norte e oeste, regiões
mais pobres e que reúnem mais
eleitores, carimbou seu oponente como candidato da elite e
anunciou-se como parceiro do
governador Sérgio Cabral
(PMDB) e do presidente Lula.
"Dedico [a vitória] ao político
que mudou a maneira de fazer
política nessa cidade e no Estado, que trabalha pela parceria:
o governador Sérgio Cabral. O
povo do Rio vai ver a partir de
agora um trabalho de parceria.
O Rio vai ficar muito melhor
com Eduardo Paes, Sérgio Cabral e o presidente Lula", disse
Paes às 19h53, diante de sua casa e ao lado de Cabral.
Na crise do mensalão, Paes
chegou a chamar Lula de "psicótico" e "chefe de quadrilha",
mas na campanha fez as pazes
com o presidente e enviou carta
com pedido de desculpas para a
primeira-dama Marisa Letícia.
Ele disse ter falado por telefone
com Lula ontem à noite.
Paes contou também ter conversado com Gabeira após a
confirmação do resultado e
agradecido "a lealdade com que
ele conduziu o segundo turno".
"Tenho certeza de que ele [Gabeira] vai ser parceiro na construção de uma cidade melhor e
mais justa", afirmou o prefeito
eleito, prometendo iniciar hoje
a transição. "Eu e Cesar Maia
[DEM] temos maturidade suficiente para superar nossas divergências."
O candidato do PMDB usou
fortemente na campanha declarações de Gabeira criticando
a vereadora campeã de votos do
Rio, Lucinha (PSDB), chamada
de "analfabeta política" e apontada como tendo uma "visão
suburbana" em conversa telefônica presenciada por repórteres da Folha e de "O Globo".
Gabeira disse ontem não
acreditar que a declaração tenha lhe custado a eleição. "Lucinha se transformou em uma
guerreira, indignada com a
campanha negativa, e colaborou com o nosso crescimento
na zona oeste", declarou ao reconhecer a derrota, às 19h20.
Desde a introdução do segundo turno, em 1992, a eleição
mais apertada até aqui tinha sido a de 2000, quando Cesar
Maia, que estava no PTB, bateu
Luiz Paulo Conde, à época no
PFL, por 67 mil votos.
A abstenção foi de 20,25%, a
mais alta na cidade desde 1996.
O feriado do Dia do Funcionário Público (amanhã) foi antecipado para hoje pelos governos federal e estadual. Apoiadores de Gabeira acreditam
que isso estimulou viagens e favoreceu o oponente.
Paes garantiu a vitória nas
zonas oeste e suburbana, onde
estão os eleitores de menor
renda -obteve 57,06% e
54,97% dos votos válidos dessas áreas, respectivamente. Gabeira teve vantagem nas regiões de classe média: 70,31%
na zona sul e 63,69% na norte.
Neste mês final de campanha, Paes agregou 12 partidos
-entre eles PT, PC do B, PDT e
PSB- contra os dois aliados do
PV de Gabeira, PSDB e PPS.
Paes foi ontem a três igrejas.
Na paróquia do Cristo Operário e Santo Cura D" Ars, em Vila
Kennedy (zona oeste), fez uma
oração por cerca de três minutos com o padre José Carlos Lino de Souza, também "capelão
do Vasco", na definição de
Paes, que torce pelo clube.
O peemedebista afirmou que
foi nessa igreja que ouviu pela
primeira vez, cantada por um
grupo de jovens católicos, uma
música que considerou representativa de sua candidatura:
"Aquilo que parecia impossível/ Aquilo que parecia não ter
saída/ Aquilo que parecia ser a
minha morte/ Mas Jesus mudou minha sorte, sou um milagre e estou aqui".
Gabeira anunciou que pretende agora se engajar numa
campanha para evitar a dengue
no próximo verão. "Não terei
nas mãos o governo, mas poderei articular iniciativas com entidades privadas." Ele usou
uma imagem do candomblé para avaliar sua campanha: "A cidade do Rio usou a minha candidatura para uma mensagem de renovação, mudança. Eu sou
apenas o cavalo. Esse é o meu
sentimento". No candomblé, o
"cavalo" é o médium que recebe um espírito.
Texto Anterior: PSDB é o partido vitorioso no interior e no litoral de São Paulo Próximo Texto: Frases Índice
|