São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Porto Alegre

Fogaça vence o PT pela segunda vez

Com 59% dos votos válidos, peemedebista vê pior votação de um petista na capital gaúcha desde 88

Aos 61 anos, prefeito ratifica favoritismo diante de Maria do Rosário e é o primeiro político a conquistar a reeleição em Porto Alegre


GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

SIMONE IGLESIAS
ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE

O prefeito José Fogaça (PMDB) superou a deputada Maria do Rosário (PT) e foi reeleito em Porto Alegre. Com a apuração encerrada, o peemedebista obteve 470,6 mil votos (58,95% dos votos válidos) e a petista 327,7 mil (41,05%).
Aos 61 anos, Fogaça é o primeiro político a se reeleger na capital gaúcha. Sua vitória confirma o favoritismo que se delineou nas pesquisas eleitorais durante toda a campanha e que se cristalizou com 44% dos votos válidos no primeiro turno.
A festa dos apoiadores de Fogaça começou logo após o fim da votação. Militantes com bandeiras foram para a frente do comitê para comemorar.
Recebido com uma chuva de papel picado, Fogaça afirmou que "as urnas consagraram um projeto de mudanças, de plantar sementes para o futuro".
"Depois desta vitória retumbante, Porto Alegre nunca mais será uma cidade dividida, de um partido só", disse o prefeito reeleito, em referência ao PT.
Ao lado do senador Pedro Simon (PMDB-RS), ele disse que era do correligionário a responsabilidade por ter chegado à Prefeitura de Porto Alegre.
"Há 30 anos este homem [Simon] disse que era para me candidatar e em quatro anos estaria de volta à sala de aula. Estou até hoje na vida pública", afirmou Fogaça, que era professor, além de compositor.
O prefeito agradeceu aos eleitores e atribuiu também a vitória ao apoio de PDT e PTB e à adesão, no segundo turno, de DEM, PP e PPS.
Localizado na mesma rua, a duzentos metros do QG eleitoral de Fogaça, o clima no comitê de Rosário era de resignação. A derrota parecia ser esperada pelos dirigentes e militantes do partido.
"Ela foi uma heroína e surpreendeu por conseguir fazer uma grande votação sem que tivéssemos uma aliança forte. A derrota é resultado do isolamento que o PT se impôs em Porto Alegre nos últimos anos, desprezando partidos aliados", disse o coordenador da campanha, Adão Villaverde (PT).
Rosário chegou ao comitê pouco antes das 19h, com 85% dos votos apurados. Agradeceu aos eleitores e pediu que Fogaça faça um bom governo.
"Obrigada de todo coração a Porto Alegre. Desejo a Fogaça um bom mandato e que cumpra os compromissos que assumiu com a cidade", disse.
Rosário manteve o ânimo durante todo dia. Reuniu os ministros Tarso Genro (Justiça), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) para um café da manhã na sede do PT e depois foi às ruas pedir votos e tentar reverter o resultado.
Esta é a segunda derrota consecutiva do PT em Porto Alegre, cidade que administrou durante 16 anos.
Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ostentar altos índices de popularidade, o petismo gaúcho vive um ocaso na capital que foi a vitrine do chamado "modo petista de governar" durante toda a década de 90. A votação de Rosário ontem foi a menor obtida pelo PT desde 1988 e também menos expressiva do que em 2004, quando o partido perdeu o comando de Porto Alegre.
Naquele ano, o candidato foi o ex-prefeito Raul Pont (1997-2000), que teve 378 mil votos (47%). Pont perdeu a eleição há quatro anos para Fogaça.
Além de Porto Alegre, outras duas cidades gaúchas tiveram segundo turno. Em Canoas, região metropolitana, Jairo Jorge (PT) venceu com 52,63% dos votos válidos contra 47,37% de Jurandir Maciel (PTB).
Em Pelotas (250 km de Porto Alegre), o atual prefeito Fetter Júnior (PP) venceu com 56,72% Fernando Marroni (PT), que obteve 43,28%.


Texto Anterior: Para juntar forças, PMDB dá mão a vencedor
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.