São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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Salvador

João Henrique se reelege e fortalece Geddel

Prefeito diz que embates políticos com petistas estão superados e que "temperatura volta a se normalizar na política baiana"

Com a vitória, PMDB terá o comando de 115 das 417 prefeituras na Bahia, alcançando um eleitorado de 3,2 milhões de pessoas


LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O prefeito João Henrique Carneiro (PMDB), 49, foi reeleito ontem em Salvador, consolidando a vitória do partido na Bahia e o fortalecimento de seu principal cabo eleitoral, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).
Carneiro obteve 58,46% dos votos válidos, contra 41,54% de seu adversário, Walter Pinheiro (PT). O resultado expressa o rearranjo de forças na política baiana, até poucos anos dominada pelo carlismo.
Com a vitória em Salvador, o PMDB terá o comando de 115 das 417 prefeituras na Bahia, alcançando um eleitorado governado de 3,2 milhões de pessoas. O PT é a segunda principal força no Estado, com 68 prefeitos, seguido do DEM, com 43.
Passada a disputa, a dúvida agora é como será a convivência entre PT e PMDB no Estado depois do racha entre as duas forças, até então aliadas. Anunciada a vitória, Geddel disse que não há qualquer razão para "afastamento e rompimento", embora tenha ressalvado que PT e PMDB fizeram em 2006 uma aliança, não uma "fusão".
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), chamou os ataques do PMDB na campanha de equivocados, mas disse estar aberto para conversar. "Não faço política com o fígado, não faço política com mágoa."
Aliados de Geddel dão como certo que ele manterá a posição pragmática e tentará se reaproximar de Wagner para garantir ao PMDB uma gestão municipal sem grandes sobressaltos.
Salvador tem um alto índice de desemprego (em média, 20% da população economicamente ativa, o que significa quase 200 mil pessoas), os moradores reclamam da falta de segurança e pedem melhorias na saúde e no transporte - daí a importância de o prefeito ter o apoio do governo do Estado.
Mas poucos acreditam que esta aliança dure até 2010. A campanha deste ano escancarou o sonho de Geddel de governar o Estado -ontem, ele admitiu isso publicamente. "Se você me perguntar se eu não sonho em governar a Bahia, poderia me chamar de hipócrita se eu dissesse que não. Se o destino me reservar isso, para mim vai ser um privilégio, mas não tenho obsessão neste sentido."
Neste segundo turno, o ministro aproximou o PMDB de forças consideradas conservadoras da capital baiana, como o DEM do deputado ACM Neto e do ex-governador Paulo Souto, o que gera especulações sobre uma eventual parceria com estas forças em 2010.
Ontem, Geddel desconversou a respeito da aproximação, dizendo que "não há sectarismo político na Bahia" desde a morte do senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) e, portanto, "todo mundo pode conversar com todo mundo".
A derrota de Pinheiro enfraquece e pode deixar o governador Wagner numa posição delicada em 2010, caso tenha de enfrentar nas urnas o PMDB para tentar a reeleição.
A sensação que dominou a campanha, de que as verbas e o prestígio de Geddel garantiram a vitória de João Henrique, foi ontem expressada pelo próprio prefeito reeleito. Pela manhã, ele definiu o apoio do ministro como "fundamental" e "muito importante", e acrescentou: "No momento em que eu mudei para o PMDB, a gente pôde requalificar os quadros da administração e receber de Brasília as verbas necessárias para os grandes investimentos".
Geddel classificou de "bobagem" e "intriga boba" os comentários de que tem mais poder do que o prefeito e, portanto, a maior vitória neste processo eleitoral seria sua. "Quero ser empregado do prefeito João Henrique em Brasília."


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