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Salvador
João Henrique se reelege e fortalece Geddel
Prefeito diz que embates políticos com petistas estão superados e que "temperatura volta a se normalizar na política baiana"
Com a vitória, PMDB terá o comando de 115 das 417 prefeituras na Bahia, alcançando um eleitorado de 3,2 milhões de pessoas
LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O prefeito João Henrique
Carneiro (PMDB), 49, foi reeleito ontem em Salvador, consolidando a vitória do partido
na Bahia e o fortalecimento de
seu principal cabo eleitoral, o
ministro Geddel Vieira Lima
(Integração Nacional).
Carneiro obteve 58,46% dos
votos válidos, contra 41,54% de
seu adversário, Walter Pinheiro (PT). O resultado expressa o
rearranjo de forças na política
baiana, até poucos anos dominada pelo carlismo.
Com a vitória em Salvador, o
PMDB terá o comando de 115
das 417 prefeituras na Bahia, alcançando um eleitorado governado de 3,2 milhões de pessoas.
O PT é a segunda principal força no Estado, com 68 prefeitos,
seguido do DEM, com 43.
Passada a disputa, a dúvida
agora é como será a convivência entre PT e PMDB no Estado
depois do racha entre as duas
forças, até então aliadas. Anunciada a vitória, Geddel disse que
não há qualquer razão para
"afastamento e rompimento",
embora tenha ressalvado que
PT e PMDB fizeram em 2006
uma aliança, não uma "fusão".
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), chamou os
ataques do PMDB na campanha de equivocados, mas disse
estar aberto para conversar.
"Não faço política com o fígado,
não faço política com mágoa."
Aliados de Geddel dão como
certo que ele manterá a posição
pragmática e tentará se reaproximar de Wagner para garantir
ao PMDB uma gestão municipal sem grandes sobressaltos.
Salvador tem um alto índice
de desemprego (em média,
20% da população economicamente ativa, o que significa
quase 200 mil pessoas), os moradores reclamam da falta de
segurança e pedem melhorias
na saúde e no transporte - daí
a importância de o prefeito ter
o apoio do governo do Estado.
Mas poucos acreditam que
esta aliança dure até 2010. A
campanha deste ano escancarou o sonho de Geddel de governar o Estado -ontem, ele
admitiu isso publicamente. "Se
você me perguntar se eu não
sonho em governar a Bahia, poderia me chamar de hipócrita
se eu dissesse que não. Se o destino me reservar isso, para mim
vai ser um privilégio, mas não
tenho obsessão neste sentido."
Neste segundo turno, o ministro aproximou o PMDB de
forças consideradas conservadoras da capital baiana, como o
DEM do deputado ACM Neto e
do ex-governador Paulo Souto,
o que gera especulações sobre
uma eventual parceria com estas forças em 2010.
Ontem, Geddel desconversou a respeito da aproximação,
dizendo que "não há sectarismo político na Bahia" desde a
morte do senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007) e,
portanto, "todo mundo pode
conversar com todo mundo".
A derrota de Pinheiro enfraquece e pode deixar o governador Wagner numa posição delicada em 2010, caso tenha de
enfrentar nas urnas o PMDB
para tentar a reeleição.
A sensação que dominou a
campanha, de que as verbas e o
prestígio de Geddel garantiram
a vitória de João Henrique, foi
ontem expressada pelo próprio
prefeito reeleito. Pela manhã,
ele definiu o apoio do ministro
como "fundamental" e "muito
importante", e acrescentou:
"No momento em que eu mudei para o PMDB, a gente pôde
requalificar os quadros da administração e receber de Brasília as verbas necessárias para os
grandes investimentos".
Geddel classificou de "bobagem" e "intriga boba" os comentários de que tem mais poder do que o prefeito e, portanto, a maior vitória neste processo eleitoral seria sua. "Quero
ser empregado do prefeito João
Henrique em Brasília."
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