São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

PT queria prorrogação da cobrança por "período indeterminado"

Alíquota de 27,5% do IR será prorrogada por um ano

Alan Marques/Folha imagem
Benito Gama, relator da minirreforma tributária a ser votada hoje


LUCIO VAZ
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes partidários atenderam a um pedido expresso do PT e decidiram incluir na medida provisória 66 a prorrogação da alíquota de 27,5% do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física). O PT propôs a prorrogação por tempo indeterminado, mas o relator da MP, deputado Benito Gama (PMDB-BA), vai estabelecer a prorrogação por um ano.
A MP 66, chamada de minirreforma tributária, foi completamente descaracterizada pelos líderes dos partidos e será votada às 11h de hoje na Câmara dos Deputados. Foi suprimido um dos principais pontos da medida: o que acabava com a cobrança cumulativa de alguns impostos.
A aprovação da MP, que é dada como certa, vai evitar uma perda de receita de cerca de R$ 3 bilhões, sendo R$ 2 bilhões especificamente para a União.
Em carta enviada ao relator da MP 66, o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), pede a prorrogação da alíquota de 27,5% por "um período indeterminado", até que o governo consiga alcançar "as condições favoráveis para restabelecê-la ao seu patamar original", que seria de 25%.
A cúpula do PT anunciou que pretende aprovar uma reforma tributária ainda no primeiro ano do governo de Lula.
O líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), duvida que o PT faça a reforma no tempo anunciado. "Dou risada quando dizem que vão fazer reforma tributária em seis meses, a não ser que queiram afundar o país de vez", disse.
João Paulo Cunha argumenta que a derrubada da alíquota de 27,5% resultaria na perda de R$ 1,8 bilhão, distribuídos entre União, Estados e municípios.
Segundo Cunha, como um volume significativo de receitas deste ano não se repetirá no ano que vem, "torna-se imperativo buscar alternativas que assegurem ingressos compatíveis com as necessidades de funcionamento da máquina estatal".

Cobrança cumulativa
O PT conseguiu manter na MP 66 a prorrogação da alíquota de 9% para a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), o que vai assegurar uma receita de aproximadamente R$ 1,1 bilhão. Os líderes derrubaram o dispositivo que previa o fim da cobrança cumulativa do PIS-Pasep. No lugar da alíquota de 0,65% em cada fase da cadeia produtiva, seria fixada uma alíquota total de 1,65%.
Os líderes dos partidos na Câmara argumentaram que essa medida prejudicaria os setores da economia que têm uma cadeia produtiva mais curta, como o setor de serviços.
Os líderes também eliminaram o dispositivo que conferia superpoderes aos fiscais da Receita Federal, que passariam a ter atribuições do Poder Judiciário.
Para obter o apoio dos líderes dos partidos, Benito Gama incluiu ainda na MP a reabertura do Refis, que refinancia dívidas com a Receita Federal e o INSS, e o Simples 3, uma fórmula simplificada de pagamento de impostos para micro e pequenas empresas.
O relator atendeu também grupos de pressão formados por deputados, concedendo benefícios fiscais para os mais diversos setores da economia, como revendedores de carros usados, indústrias de papel e celulose e produtores rurais.


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