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Relatório vê ameaça a programas sociais
ANDRÉA MICHAEL
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Relatório da equipe de transição
sobre a máquina administrativa
federal mostra que até o final do
primeiro semestre acabam-se todos os contratos de consultores e
assessores que tocam programas
sociais do governo e têm seus salários pagos por organismos internacionais, como a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o
Bird (Banco Mundial).
Só no Ministério da Saúde há
1.100 técnicos nessa situação, o
que deve afetar programas de renome internacional, como o destinado ao combate da Aids, e de cunhos assistenciais, como o Bolsa-Alimentação. São esperadas
repercussões em projetos do Ministério da Educação e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, entre outros órgãos.
A equipe de transição está negociando com o Ministério Público
Federal a possibilidade de renovar contratos desse conjunto. Isso
porque essa forma de contratação
-com recursos de organismos
internacionais- está sob investigação. Suspeita-se que a modalidade vinha sendo utilizada para
complementar salários de profissionais que não estavam vinculados aos programas pelos quais recebiam para trabalhar.
Em 1998, foram abertos dois
procedimentos administrativos
para investigar a situação de 2.932
consultores que estariam recebendo indevidamente com base
em "forma disfarçada de contratação". Iniciada a investigação,
fez-se uma negociação em que o
governo federal assumiu o compromisso de suspender a renovação dos contratos firmados.
Ainda não há o número total
dos profissionais contratados
com recursos de organismos internacionais. Esse número deve
ser conhecido hoje.
Outra preocupação da equipe é
com a perspectiva de agravamento da seca no Nordeste em 2003.
Meteorologistas avaliam que a seca do próximo ano pode ser a
mais intensa desde 1998, o que
traz um problema extra para o
grupo petista encarregado de avaliar os programas sociais.
Segundo a Folha apurou, a tendência na equipe é combinar as
medidas voltadas às vítimas da seca com o projeto Fome Zero, a
ação social que terá prioridade no
primeiro ano de mandato. Dessa
forma, o Nordeste seria o alvo
principal no início do projeto.
Os grupos de trabalho que vasculharam os ministérios acreditam também que há risco de recrudescimento da epidemia de
dengue em 2003.
Os técnicos consideram "razoável" o programa desenvolvido pelo governo, mas acham que houve
atraso nos trabalhos de prevenção
contra a doença para o próximo
ano. Os especialistas da equipe dizem que um diagnóstico mais
preciso sobre um possível aumento dos casos de dengue no
país em 2003 ainda depende da
análise dos trabalhos realizados
nos Estados e municípios.
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