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Depoimento compromete petista
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Amiga do governador de Roraima, Flamarion Portela (PT), a engenheira Sônia Pereira Nattrodt
disse que, a pedido dele, recebeu
temporariamente salário de R$
2.500 sem trabalhar no início de
2002, conforme depoimento à PF
ao qual a Folha teve acesso.
Ela disse que sua remuneração
constava de uma tabela de salários do serviço público estadual
processada separadamente da folha oficial, em um microcomputador não interligado ao computador central. Dos R$ 5 milhões
que eram pagos por meio dela, R$
3,5 milhões seriam destinados a
servidores "fantasmas".
Segundo Sônia, Flamarion era o
vice-governador quando ela foi
exonerada da administração pública, em dezembro de 2001. Supostamente preocupado com sua
condição, ele teria pedido ao então governador, Neudo Campos,
que a inserisse na chamada Tabela Especial Assessoria.
Ela não disse quando o pedido
foi feito nem por quanto tempo
ela recebeu salário sem ter função
pública, mas revelou que, em abril
de 2002, quando Flamarion assumiu o cargo de governador, ela
voltou a trabalhar: foi nomeada
diretora da Folha de Pagamentos
dos Funcionários Públicos Estaduais, ou seja, a responsável pelo
processamento da folha. Sônia
disse que, além dos R$ 2.500 pagos por meio da tabela especial,
teria passado a receber outros R$
2.500 pelo cargo comissionado.
Sônia declarou que muitos servidores "fantasmas" nem sabiam
que seu nome estava inserido na
Tabela Especial Assessoria, porque o pagamento era feito a supostos "procuradores", que eram
assessores de deputados que desviariam dinheiro público no "esquema dos gafanhotos".
Segundo ela, os "fantasmas"
eram incluídos no cadastro sem
informações sobre a atividade
que supostamente exerciam
-bastava o nome e o CPF. No depoimento, dado em 15 de setembro, ela disse ainda que a tabela teria aumentado muito durante o
ano de 2002, particularmente no
período pré-eleitoral. A engenheira informou ainda que pediu demissão do cargo em julho último.
Flamarion está para ser julgado
pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em processo no qual é acusado de cometer abusos durante a
campanha de 2002, como utilização de programas sociais para
promoção pessoal. O Ministério
Público já se manifestou a favor
da cassação de seu mandato.
Ele se filiou ao PT após a vitória.
O autor do processo no TSE é Ottomar de Sousa Pinto (PTB), que
perdeu a eleição. Na investigação,
a PF ouviu dois ex-funcionários
do Departamento de Estradas de
Rodagem, órgão extinto por Flamarion porque fora considerado
foco de irregularidades.
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