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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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Depoimento compromete petista

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Amiga do governador de Roraima, Flamarion Portela (PT), a engenheira Sônia Pereira Nattrodt disse que, a pedido dele, recebeu temporariamente salário de R$ 2.500 sem trabalhar no início de 2002, conforme depoimento à PF ao qual a Folha teve acesso.
Ela disse que sua remuneração constava de uma tabela de salários do serviço público estadual processada separadamente da folha oficial, em um microcomputador não interligado ao computador central. Dos R$ 5 milhões que eram pagos por meio dela, R$ 3,5 milhões seriam destinados a servidores "fantasmas".
Segundo Sônia, Flamarion era o vice-governador quando ela foi exonerada da administração pública, em dezembro de 2001. Supostamente preocupado com sua condição, ele teria pedido ao então governador, Neudo Campos, que a inserisse na chamada Tabela Especial Assessoria.
Ela não disse quando o pedido foi feito nem por quanto tempo ela recebeu salário sem ter função pública, mas revelou que, em abril de 2002, quando Flamarion assumiu o cargo de governador, ela voltou a trabalhar: foi nomeada diretora da Folha de Pagamentos dos Funcionários Públicos Estaduais, ou seja, a responsável pelo processamento da folha. Sônia disse que, além dos R$ 2.500 pagos por meio da tabela especial, teria passado a receber outros R$ 2.500 pelo cargo comissionado.
Sônia declarou que muitos servidores "fantasmas" nem sabiam que seu nome estava inserido na Tabela Especial Assessoria, porque o pagamento era feito a supostos "procuradores", que eram assessores de deputados que desviariam dinheiro público no "esquema dos gafanhotos".
Segundo ela, os "fantasmas" eram incluídos no cadastro sem informações sobre a atividade que supostamente exerciam -bastava o nome e o CPF. No depoimento, dado em 15 de setembro, ela disse ainda que a tabela teria aumentado muito durante o ano de 2002, particularmente no período pré-eleitoral. A engenheira informou ainda que pediu demissão do cargo em julho último.
Flamarion está para ser julgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em processo no qual é acusado de cometer abusos durante a campanha de 2002, como utilização de programas sociais para promoção pessoal. O Ministério Público já se manifestou a favor da cassação de seu mandato.
Ele se filiou ao PT após a vitória. O autor do processo no TSE é Ottomar de Sousa Pinto (PTB), que perdeu a eleição. Na investigação, a PF ouviu dois ex-funcionários do Departamento de Estradas de Rodagem, órgão extinto por Flamarion porque fora considerado foco de irregularidades.


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